Luanda - Escrevo esta carta na qualidade de cidadão nacional e por ser um amante do futebol nacional, preocupado com a qualidade e o desenvolvimento do nosso futebol desde as infraestruturas básicas (campos em condições, relvados padrões CAF e FIFA), organização da competição (o Gira-bola) desde a estruturação financeira das equipas a competir, a problemática dos prêmios da arbitragem, são vários os problemas que afectam a organização séria do nosso campeonato nacional de futebol Girabola Zap.

Fonte: Club-k.net

'Relativo às péssimas condições que os relvados dos estádios nacionais apresentam'

Sou um jovem, tenho 27 anos de idade, o futebol sempre fez parte do meu dia-a-dia como também de qualquer angolano, desde a tenra idade, como tal, o Girabola (o principal campeonato nacional de futebol de Angola, organizado pela Federação Angolana de Futebol), sempre foi a nossa identidade do futebol, lembrando que o termo Girabola é uma criação do nacionalista, radialista e relator desportivo Rui de Carvalho, em 1972, no tempo em que ainda o campeonato angolano era oficialmente denominado " Campeonato do Estado Ultramarino de Angola", o nome Girabola veio diferenciar a competição das outras restantes províncias ultramarinas e era uma forma subtil de protesto anti-colonial (segundo Wikipedia).

 

O Girabola sempre foi o nosso orgulho nacional, não importa a que clube torcemos (apoiamos), ver o meu Petro Atlético de Luanda a jogar é uma emoção total, assistir um dérbi Petro-Dagosto é sem comparação, por mais que exista um Barcelona-Real Madrid... O que é nosso é mesmo nosso, isso nos identifica, mesmo sabendo que a realidade é diferente e às vezes triste diante daquele futebol que nos encanta, vendo por exemplo os jogos da Premier League ou jogos da Champions League, mas bem sabemos que eles tiveram e fizeram muito trabalho árduo para chegar naquele nível ou patamar de excelência. É Caso de se dizer que tudo é possível quando se tem vontade séria de fazer as coisas acontecer . É nisso que eu sugeria que a FAF trabalhasse duro, para transformar o paradigma do nosso futebol.


A preocupação na organização do campeonato sempre foi constante, acredito eu que a FAF sempre procurou as melhores formas para que o Girabola fosse regularmente disputado e realizado, mesmo em períodos de conflito armado (guerra civil), no caso reduzindo os números de equipas para a competição, caso mais notável foi em 1993 e 1994 em que a competição viu-se reduzida à doze (12) equipas, por causa da guerra civil que impediu as equipas de Huambo de participarem da competição. Até aí, esse cenário em que abordei carateriza a preocupação da FAF enquanto entidade gestora do futebol nacional, estabelecer metas para que o futebol acompanhe um desenvolvimento equiparado ao resto do mundo. Tudo bem que não podemos ainda falar do desenvolvimento do nosso futebol pegando os períodos conturbados da guerra, mas a minha inquietação reside mais na avaliação e análise do futebol nos anos da paz (2002 - 2017).


Durante esse período de paz, presenciamos um facto peculiar, o Girabola foi em muitas vezes disputado em campos de terra batida, principalmente nas províncias do interior do nosso país, salvo apenas a capital Luanda em que a Cidadela era a catedral do nosso futebol, sendo um dos poucos estádios com relvado minimamente em condições. Já depois de certo tempo, a FAF passou a exigir jogos oficiais do Girabola em campos com relva, este (FAF) preocupado com os jogadores que muitas vezes lesionavam-se em campo de terra batida e não só outros sérios problemas associados à inalação da poeira que esses recintos ofereciam, viu-se a a necessidade de proteger as equipas diante da problemática dos campos de terra batida. Os campos com relva surgiram de certo modo, não surgindo a qualidade do relvado que esses campos apresentavam, de certo modo diria que a FAF não se preocupou o bastante nesse quesito, deixou muito a desejar em não ser rígido com as equipas participantes do Girabola, em que no mínimo pudessem apresentar um campo com relvado digno de rolar a bola em condições.


A realização do CAN 2010 no nosso país, veio de certo modo contribuir com brilhantismo, ganhamos quatro estádios provinciais (Benguela, Cabinda, Luanda e Huila), falando a grosso modo verificou-se uma qualidade agradável vendo a nossa própria seleção jogando por exemplo no 11 de Novembro ou mesmo as equipas que jogavam nesses estádios que foram construídos para acolher o CAN 2010, os jogadores se adaptaram em uma outra realidade jogando num bom relvado, a bola fluindo com mais rapidez e se adequando ao futebol mais moderno (rápido e veloz), onde era notório ver um relvado bonito, dando maior conforto aos jogadores, era fantástico ver aquilo, equipas como Petro de Luanda, D'Agosto e Kabuscorp que adotaram o 11 de Novembro como a casa dos jogos oficiais em casa, ganharam uma certa qualidade no futebol, era bonito de ver essas equipas jogando. Em verdade também tenho a lamentar pela degradação dos três últimos estádios que se encontram nas restantes províncias (nomeadamente Benguela, Cabinda, Huila) pelo simples facto de que esses estádios não receberam atenção adequada e muitos deles não foram concluídos na sua totalidade, diria mesmo que foi um desperdício de verbas públicas ao deixarem que esses estádios degradasse em menos de 10 anos, muitos desses estádios, se estivessem em boas condições poderiam dar uma maior qualidade ao nosso Girabola Zap em termos de boas infraestruturas desportivas, isto é, desde 2010 até ao presente ano, isso não aconteceu pelo facto de que em Angola nos preocupamos mais em querer construir infraestruturas do que pagar pela manutenção das infraestruturas, em Angola queremos colocar as equipas a competir no Girabola sem pelo menos nos preocuparmos em ter um estádio com relva em condições (coisa essa que seria o mínimo para o bem dos próprios jogadores e dos outros também), as condições desportivas são muito necessárias e importante para o alavancar do nosso futebol, dá dignidade aos clubes e aos atletas em si, é o país que sai a ganhar e monstra uma imagem melhor da competição e logo somos bem vistos pelo mundo, acho que estamos em tempo suficiente para que a FAF exija isso, diante de tudo isso parabenizo as equipas como: Inter de Luanda, Recreativo do Libolo, cujo os campos a relva estão em condições minimamente aceitável (acredito mais uns anos terão melhorias bastante significativas). Apesar de que com as exigências posterior da FAF poderiam implementar aos campos do país bons relvados para a melhoria da pratica do nosso campeonato profissional e contribuir para melhoramento da imagem do Girabola.


Na minha ótica, para os próximos campeonatos é necessário que a FAF enquanto entidade reguladora do nosso futebol, olhe com atenção esse quesito dos relvados das equipas que estarão engajados no Girabola, não importa em primeira instância exigir para que as equipas construam estádios ultra modernos ou coisas similares doutro mundo, mas exigir o mínimo que o futebol precisa para ser disputado, isto é, relvado em condições jogável, tirando o 11 de novembro em Luanda, muitos estádios ou campos de futebol no resto do país estão impróprios para a realização do futebol profissional, isso é notório a cada edição do Girabola, essa situação tem prejudicado de certa forma muitas equipas, por não se adaptarem facilmente as condições daqueles relvados em péssimas condições. Precisamos melhorar a imagem do nosso futebol com urgência, se queremos ter jogadores bons precisamos pensar mais alto em fornecermos condições condignas aos nossos atletas, e tudo isso passa pelas políticas mais acertadas que a FAF pode impor aos clubes que querem realmente participar nos futuros Girabola. A recomendação que deixo nesse capítulo dos relvados em condições é que a FAF procure em um tempo breve abordar a essa temática aos clubes no geral, se for possível recuperar também os estádios do CAN 2010 para possam servir de terrenos para os jogos do Girabola Zap. Estamos numa nova Angola, onde doravante é preciso fazermos em conjuntos aquilo que é certo a se fazer para desenvolvimento da modalidade rei (futebol).


Já abordando um outro quesito muito importante, que está relacionado na criação de uma Liga mais forte e bem estruturada, isto é, maior competitividade e que seja financeiramente viável, que possa trazer no futuro bons frutos e uma boa aderência de público mediante aquilo que os clubes vão fazendo nas mais distintas épocas... Tudo isso na verdade só irão acontecer por certas reformas que o estado angolano venha implementar no desporto, principalmente dando certa atenção especial pelo futebol. Tudo quando muda para o positivo, o mundo vê sempre de bons olhos, isso acaba atraindo investidor, o futebol Europeu atrai investidor porque há uma certa preocupação que as federações têm com os clubes, o nosso país também não pode ser a parte, há necessidade de lutarmos em prol na concretização e implementação de uma Liga de futebol mais competitiva para desenvolver o futebol nacional.


Sendo um bom adepto que sou, torcendo pelo melhor clube de Angola (na minha ótica claro) Atlético Petróleos de Luanda (Petro Atlético) são 19 anos como adepto ferrenho ao serviço do Pai Grande, respeito todos os clubes e parabenizo desde já ao Clube Desportivo 1º de Agosto pela conquista do Girabola Zap edição 2017. Quero aqui chamar atenção também desses Papões do nosso Girabola, devemos pôr a rivalidade de lado e juntos propormos ideias para levantarmos a bases impulsionadora para o desenvolvimento do futebol, Isto é, pelo bem do nosso futebol e para tentarmos criar a nossa hegemonia no futebol africano num futuro breve tal como fizemos no basquetebol. Ao meu Petro, ao D'Agosto e aos demais clubes nacionais têm a missão de conquistarem a África com o trabalho bom que vocês podem apresentar futuramente, cabe à vós estabelecer um diálogo profundo com a FAF.

 


José Daniel Lussala ou simplesmente Zeca Daniel

Rio de Janeiro 2 de Novembro de 2017