Comunicado: Apuramento de responsabilidades sobre o descaminho de verbas do Fundo Soberano de Angola

Luanda - A Direcção da UNITA tomou conhecimento, com um sentimento de revolta, mas sem surpresa, das notícias vindas a público relativas à forma irresponsável como o Governo do MPLA tem estado a tratar o Fundo Soberano de Angola, marcada por uma vergonhosa promiscuidade entre o filho do antigo Presidente da República José Filomeno dos Santos “Zenú” e um seu amigo e sócio Jean-Claude Bastos de Morais, cidadão suíço-angolano cujo cadastro anda maculado por crimes económicos diversos; pelo pagamento de luvas astronómicas a troco da realização de investimentos pouco transparentes; por uma promiscuidade ignóbil entre negócios públicos e privados; e pelo envolvimento de figuras de má reputação nos negócios do Estado.

Fonte: UNITA

Os angolanos sabem que o Fundo Soberano de Angola, criado em 2012, não existe para enriquecer ninguém, seja ele cidadão nacional ou estrangeiro. Infelizmente, as denúncias trazidas a público por mais um escândalo financeiro designado por “Paradise Papers”, representam mais uma prova da forma como Angola tem sido saqueada, décadas a fio, pelos mesmos delapidadores do erário público, pertença de todos os angolanos.

 

A UNITA sempre disse que a crise que se vive em Angola desde 2014 não resultava apenas da baixa do preço do petróleo e o roubo de três mil milhões de dólares, representando três quintos da verba do Fundo Soberano de Angola, vem traduzir-se em mais uma prova dos malefícios da corrupção e do saque descarado na situação socioeconómica do nosso país.


Em face de tudo isso, e nos termos da Constituição e da Lei, a direcção da UNITA:

 

1. Orienta o Grupo Parlamentar do Partido a exigir que se crie, no mais curto espaço de tempo, uma Comissão Parlamentar de Inquérito, para se averiguarem responsabilidades políticas e administrativas de mais este escândalo que mancha o bom nome de Angola;

 

2. Exige que a Procuradoria Geral da República assuma as suas responsabilidades constitucionais e legais, de modo a investigar e responsabilizar criminalmente todos os envolvidos nesses actos vergonhosos, tornados públicos pelo “Paradise Papers”.

 

O lema “Corrigir o que está mal” apenas fará sentido quando houver coragem para responsabilizar os ladrões de colarinho branco, com a mesma determinação com que se detém e se condena os chamados “ladrões de galinha”.

 

A Direcção da UNITA apela, finalmente, ao Presidente da República a assumir com coragem o seu papel de guardião da Constituição e da Lei, mostrando que ninguém poderá ser efectivamente tão rico e poderoso a ponto de escapar à justiça e ficar impune. É hora de mostrar e demonstrar que “corrigir o que tem estado mal” ao longo destes anos todos não se vai ficar apenas pelas palavras.

 

Luanda, 10 de Novembro de 2017.-

O Secretariado Executivo do Comité Permanente da Comissão Política da UNITA