Luanda - As recentes eleições gerais de Angola e os primeiros atos do Presidente da República João Lourenço marcam a seleção das dez palavras finalistas para a "Palavra do Ano", neste país, a escolher entre hoje e 31 de dezembro.

Fonte: Lusa

A lista, divulgada hoje pela Plural Editores, que organiza a iniciativa com o apoio do Camões Instituto, inclui termos como "barragem", "candongueiro" e "maka". A votação decorre no 'site' www.palavradoano.co.ao.

As eleições gerais de 23 de agosto passado registaram mais de sete milhões de votos, resultaram na vitória do Movimento Popular de Libertação de Angola (MPLA) e na eleição do Presidente da República João Lourenço, daí a escolha do termo "eleições" para votação.

"Exoneração" é outro termo finalista, ligado à política aplicada pelo atual Presidente.

Desde a tomada de posse, em setembro, João Lourenço mudou as chefias militares, ordenou a exoneração de titulares de cargos públicos, em organismos do Estado, na polícia e na administração de empresas estatais de diamantes, minerais, petróleos, comunicação social, banca comercial pública e do Banco Nacional de Angola. A exoneração de Isabel dos Santos, filha do ex-chefe de Estado José Eduardo dos Santos, da presidência da Sonangol, foi uma das decisões mais mediáticas do mandato de João Lourenço.

"Mudança" é outro dos termos escolhidos, relacionados com a vida política do país, desde o ato eleitoral. João Lourenço sucede a José Eduardo dos Santos, que ocupou a presidência de Angola durante 40 anos, desde a morte do primeiro chefe de Estado após a independência, Agostinho Neto (1922-1979).

Por ordem alfabética, a primeira palavra à escolha é "barragem", que tem origem na inauguração da barragem hidroelétrica de Laúca, "considerada a maior obra de engenharia civil de sempre em Angola, tida como a segunda maior barragem de África", afirma a Plural Editores (PE), em comunicado enviado à agência Lusa.

A segunda palavra da lista é "candongueiro", nome dado "ao meio de transporte mais utilizado em Angola, o popular veículo de passageiros, geralmente pintado de branco e azul".

"Divisas" é o terceiro vocábulo, escolhido devido à "conjuntura de crise económica, que levou a uma quebra na entrada de divisas no país, o que causou limitações no acesso a moeda estrangeira e dificultou as importações".

"Kaluanda" é outra vocábulo selecionado, um "termo que se tornou comum e é usado para designar algo ou alguém que é originário de Luanda".

"Maka", outra palavra que faz parte da lista a votação, é frequentemente usada em expressões como "não há maka" ou "não tem maka", para "descrever situações de fácil resolução". "Maka", que significa conflito ou discórdia, é uma palavra que tem origem no kimbundu, dialeto falado em várias partes de Angola, nomeadamente no noroeste, que inclui a capital.

Outro vocábulo escolhido é "micha", "termo informal é muito utilizado para 'facilitar' alguns negócios, quando a 'micha' é oferecida a alguém, em troca de um favor ou benefício".

O último termo selecionado para votação é "professor". "O descontentamento dos professores, demonstrado através de várias greves e manifestações ao longo do ano, será alvo de atenção especial pela nova ministra da Educação, Maria Cândida Teixeira, de forma a aumentar a capacitação dos docentes e o nível do sistema de ensino".

A palavra escolhida será conhecida no início de janeiro, em data a anunciar.

No ano passado, quando se realizou a escolha da "Palavra do Ano" se realizou pela primeira vez em Angola, a eleita foi "crise", tendo mobilizado 31% dos votos.