Luanda - A medida visa combater a inflação e impulsionar a cotação da moeda angolana. Subida de dois pontos percentuais coloca a taxa de juro de referência no nível mais elevado de sempre.

Fonte: Negocios

O Comité de Política Monetária (CPM) do Banco Nacional de Angola (CPM) decidiu esta quinta-feira elevar a taxa de juro de referência do país de 16% para 18%, um nível que de acordo com a Bloomberg é o mais elevado de sempre.

O CPM decidiu ainda manter a Taxa da Facilidade Permanente de Cedência de Liquidez (Overnight) em 20% ao ano e reduzir a Taxa da Facilidade Permanente de Absorção de Liquidez para 0% ao ano, passando a intervir com operações de mercado aberto para efeitos de regulação da liquidez.

Esta foi a primeira decisão do novo presidente do banco central angolano, José de Lima Massano, que substituiu Valter Filipe em Outubro, depois deste ter sido exonerado pelo presidente João Lourenço. Massano já tinha liderado o banco central entre 2010 e 2015.

Em comunicado, o Banco Nacional de Angola justifica a decisão com a necessidade de controlar a inflação. "Foi prestada particular atenção à evolução dos preços na economia nacional, tendo-se observado uma aceleração da inflação", refere a nota, dando conta que a inflação dos últimos doze meses em Angola situou-se em 28,96% em Outubro, contra 27,46% no mês anterior e 40,04% no período homólogo de 2016.

Apesar de a inflação estar com tendência de abrandamento face ao verificado em 2016, persiste em valores elevados, pois o registo de Outubro é mais de três vezes superior à média dos quatro anos anteriores a 2015.

A Bloomberg salienta que esta subida da taxa de juro de referência também visa suportar o valor do kwanza, que de acordo com a agência de notícias desvalorizou 20% face ao dólar desde 2015.

João Lourenço criticou BNA

O novo residente angolano, João Lourenço, deu particular atenção ao banco central no seu discurso de abertura de sessão legislativa em Outubro, avisado o BNA que tinha de cumprir "de forma competente" o seu papel enquanto entidade reguladora do sistema bancário, criticando a distribuição das "escassas divisas" por um pequeno grupo de empresas.

"Não descansaremos enquanto o país não tiver um banco central que cumpra estritamente e de forma competente com o papel que lhe compete, sendo governado por profissionais da área", alertou o chefe do Governo angolano, que tem em curso um plano de mais de mil milhões de euros para compra de activos de risco à banca pública e privada, iniciado anteriormente, face ao volume de malparado acumulado.

Segundo a Lusa, numa altura em que as Reservas Internacionais Líquidas (RIL) angolanas - reservas em moeda estrangeira necessárias para garantir importações - estão em forte queda, devido à crise financeira, económica e cambial que o país atravessa, João Lourenço apontou a necessidade de serem "protegidas", mas sem que isso "prejudique" a recuperação económica.

"Vamos encontrar os melhores mecanismos para que as escassas divisas disponíveis deixem de beneficiar apenas a um grupo reduzido de empresas e passem a beneficiar os grandes importadores de bens de consumo e de matérias-primas e de equipamentos que garantam o fomento da produção nacional", enfatizou.

"Importa impedir que a venda directa de divisas seja uma forma encapotada de exportação de capitais, sem o correspondente benefício para o país", acrescentou.