Luanda – Os funcionários da empresa pública de telecomunicações de Angola, Angola Telecom, estão agastados com a actual gestão da empresa. Há mais de um ano sem oferecer serviços de excelência, com cortes de salários e não promoção de categoria, crescem as ondas de contestação no seio da empresa.

*Paulo Alves
Fonte: Club-k.net

“A gestão da Angola Telecom anda de mal a pior, houve inúmeras mudanças de PCA´s e por último veio esta Comissão que dura há dois anos, que veio abanar a empresa de forma assustadora”, lamentam os funcionários.

“Durante todas estas mudanças de PCA´s , a empresa contou com inúmeras consultorias que visavam reestruturar a empresa. Mas,  bem na hora que se mostrava melhorias, estas consultorias eram demitidas”, lembram.

“Até aqui os PCA´s que apresentam trabalhos extremamente deficitários e com grandes indícios de nepotismo, são Feliciano António e João Martins”, acusam.

O coordenador de gestão interina (Eng. Manuel António), explicam, apresenta um discurso musculado, contratações de quadros em tempo de crise sem uma justificativa que convença os trabalhadores

Diz-se nos corredores da sede da empresa, que o mesmo tem um caso (amoroso) com a actual directora de recursos humanos que, sendo sobrinha do vice-presidente da República, Bornito de Sousa, faz e desfaz.

“É um caso insólito este caso da dona Elsa de Sousa. Entrou há pouco menos de dois anos como técnica de recursos humanos, e poucos meses depois tornou-se chefe dos Recursos Humanos”, admiram.

E o que espanta, continuam, é que depois da sua ascensão, tem acontecido mudanças estranhas e acções vingativas, acrescentaram, apontando como exemplo o facto de influenciar a nomeação e contratação de familiares, como é o exemplo da nomeação de um jovem, Alexandre Domingos Tomás João, recém entrado na empresa como estagiário, e que em menos de sete meses foi nomeado como chefe de departamento de recrutamento.

“Há mais de quatro anos que os trabalhadores da Telecom não recebem subsídios de fim de ano ou cabaz, mas, em fase de festa notamos distribuições de cartões Kero a directores e algumas caras bonitas no seio de quem dirige”, disseram.

“Há três anos criou-se um plano de distribuição de valores para compra de viaturas para directores num valor aproximado de 54 mil dólares norte americano, variando entre directores queridos e não queridos, de lá para cá, por causa da crise que a própria empresa criou ao dar os seus serviços em benefício de outras operadoras, estes valores (dinheiro) é dado de forma aleatória”, acrescentaram.

O sindicato

“A comissão sindical, todas elas, têm sido corrompidas com cargos de destaque ou aumento de salário dos membros sindicais, como espelha a recente nomeação do colaborador Santiago, para director provincial da Angola Telecom na Lunda Sul, quando antes era primeiro secretario da comissão sindical”.

A queda da Operadora

Sabe-se que no passado a Angola Telecom estava entre as três melhores empresas do país, diante da Sonangol e a Endiama.  Nos dias de hoje a Angola Telecom ficou no tempo por problemas de decisão meramente política e de gestão, lembram, apontando como prova os contratos “fantasmas” da TVCABO, Movicel, Infrasat, Angola Cable e a Inacom.

“Angola Telecom emprestava os seus espaços nestas instituições e elas apoderaram-se dos seus terrenos. Temos um vasto terreno no Talatona que foi dividido entre o ministro carvalho da rocha e os administradores da Angola Telecom Pedro Miguel, Manuel António e o antigo PCA João Martins, é preciso que quem de direito investigue isso”, pediram.

“O que dizer do bairro CTT? Do terreno da costeira junto ao colégio Sacriberto? O terreno onde está erguido a centralidade do Sambizanga? Apropriaram-se de tudo quando os funcionários, maioritariamente, vivem em casas de aluguer”.

Movicel e as questões políticos

“A Movicel prosperou a custo da Telecom, era nossa operadora, era um dos investimentos que ajudaria a manter a saúde da empresa, mas os generais sabotaram”, disseram.
“A Unitel ainda depende dos circuitos da nossa empresa, não pagava um custo sequer, a Telecom tem 50 por cento de acções da TV Cabo, e não sabemos nada do dinheiro que daí advém. A  Infrasat até agora era propriedade da AT, desde que se decidiu lançar o satélite privatizou-se a empresa com a nossa a ter 40 por cento e as restantes Sociedades Anónimas com a maioria”.

Exonerações precipitam pagamentos antecipados de empresas de directores da Telecom


Ainda não é formal, dizem os trabalhadores, mas aguarda-se que nas próximas horas possa sair a exoneração da Comissão de Gestão Interina.

“Dada as pressas, a Comissão de Gestão processaram rápido os ordenados de Novembro, sem o 13º dos trabalhadores, para privilegiarem o pagamento de suas empresas que prestam serviços a Angola Telecom, como é o caso das empresas de  limpeza, segurança e alimentação”, só  para citar estas.

Dentro da empresa ora-se, reza-se e clama-se para que seja extinta a Comissão de Gestão interina e que se faça auditoria interna, a começar pelas exoneração das últimas 50-60 pessoas recém admitidas, onde se enquadra a directora de recursos humanos, que os trabalhadores dizem ser sobrinha do Vice-presidente, e madrinha das últimas 30 contratações na empresa onde muitos são de sua conveniência.

“Viaturas desviadas por Pedro Miguel”

Os funcionários da empresa de telecomunicação de Angola, acusam o administrador financeiro, Pedro Miguel, de desviar várias viaturas de marca Suzuky, modelo Jimmy e outras de marca Ford, para prestarem serviços na sua fazenda, algures em Viana.