Lisboa -  A reunião desta segunda-feira  foi antecedida por uma outra de ensaio em que a dirigente do Comitê Central, Maria Ângela Teixeira de Alva Sequeira Bragança questionou os critérios usados pelo líder do MPLA, José Eduardo dos Santos para seleção dos novos integrantes ao  Bureau Político.  

Fonte: Club-k.net

Reunião do Comitê Central marcada por clima de tensão 

Ângela   Bragança deixou claro  que não tinha nada haver contra os nomes escolhidos  mas sugeriu que explicassem os critérios de seleção dos novos dirigentes do BP.  Em resposta, Norberto Garcia que foi agora escolhido para o BP,  respondeu  que as indicações eram uma prorrogativa do líder do partido. 

 

Já a reunião final   que   aprovou  a reestruturação do aparelho auxiliar central do partido,  foi  marcada por um clima áspero tenso  tendo alguns observadores considerados como uma das mais tensas  já existente nos últimos 40 anos.  

 

Anabela Alberto dos Santos Dinis, ex-deputada e antiga secretaria provincial da JMPLA de Luanda,  protagonizou uma afronta ao líder do partido, algo que no passado era inadmissível acontecer. A dirigente mostrou oposição clara contra as listas dos novos membros do Bureau  Político   e propôs que o assunto fosse retirado da agenda do dia. 

 

Por sua vez, Mário Pinto de Andrade, o segundo secretario provincial de Luanda manifestou também o seu desagrado esclarecendo que não era contra os nomes mas que deveria haver uma fundamentação respeitante as razões que levavam o líder do partido a proceder com estas restruturações no  Bureau Político.

 

Já o veterano Santana André Pitra “ Petroff” ao pedir a palavra disse que no seu ponto de vista, antes de qualquer abordagem o Comitê Central deveria apresentar um relatório de prestação de contas sobre o desempenho eleitoral do MPLA em Cabinda que no seu ponto de vista foi desastroso. Sem rodeios,  este general reformado atribuiu culpas ao dirigente partidário Julião Paulo “Dino Matross”, pelos maus resultados no enclave. 

 

Segundo “ Petroff”  o dirigente  “Dino Matross” que fora o quadro que acompanhava aquela província, havia se tornado numa espécie de imperador de Cabinda. Disse também que se criou uma falsa imagem de ausência de apoio a então governadora provincial Aldina Matilda Barros da Lomba Catembo, tendo atribuído a supostas intrigas de Dino Matross. 

 

Quem também pediu a palavra foi o general reformado Bento dos Santos “Kangamba” que pediu  unidade  do partido e lealdade em torno do líder. Este  secretário itinerante do Comitê Provincial do MPLA de Luanda,  sugeriu que o governo central deveria  apresentar um balanço daquilo que fez, assim que completar os 100 dias desde que tomou posse. A sua sugestão  foi anotada e levada em consideração.

 

Ao prosseguir a reunião, decidiu-se levar ao voto os nomes dos novos integrantes do Bureau Político.  A maioria venceu, tendo havido cinco votos contra que foram os de Ângela Braganca, Mario Pinto de Andrade, Adriano Botelho de Vasconcelos, Anabela Dinis e o do  general  Pitra “Petroff”.   Foi registrado uma abstenção que foi por parte da nova ministra da saúde, Silvia Lutucuta. 

 

De acordo com fontes do Club-K, a  reunião deu azo a leituras da inegável  divisão do seio do MPLA sobretudo por as intervenções opostas as escolhas de José Eduardo dos Santos terem partido de dirigentes com afinidades ao Presidente da República João Lourenço. 

 

Anabela Dinis que foi a mais dura na sua posição contra o líder do partid, é afilhada de casamento do Presidente da República, e frequentadora dos aposentos  da família presidencial. Ângela Bragança idem. É amiga do PR desde o tempo do Lobito, onde   ambos nasceram e cresceram. Mário Pinto de Andrade é  também um “lourencista”.   É a JLO que se deve a sua   reabilitação política e ascensão ao cargo de segundo secretario do MPLA de Luanda.