Luanda - Com uma produção de trinta milhões de ovos/mês, numa média diária de um milhão deste produto, atingida em Janeiro do ano em curso, a fazenda "Pérola do Kikuxi", em Luanda, garante manter este nível de produção para satisfazer parte do mercado nacional.

Fonte: Angop


Além de atingir o pico da sua capacidade de produção de ovos, a fazenda avícola, por sinal a maior com esta capacidade no país, também está a produzir 100 toneladas de frangos/mês, com um abate de 2.500 aves/dia, bem como dedica-se à produção de ração animal, que ronda as 120 toneladas/dia, numa acção do grupo empresarial Diside.

 

Em 2016, a média de produção desta fazenda era de 700 mil ovos/dia e 100 toneladas frangos/dia.

 

Com estes níveis de produção, a fazenda, localizada nas imediações do canal do Kikuxi, distrito urbano do Zango, município de Viana, tem contribuído na diminuição do défice de produção de ovos em Angola, tendo em conta a necessidade que o país precisa para atingir a auto-suficiência deste produto, pois 20 porcento das necessidades ainda são satisfeitas pela importação.

 

Além da "Pérola do Kikuxi", constam também das grandes produtoras de ovos no país, os pólos industriais "Filomena", "Aldeia Nova" e a "Uniovos", que em conjunto têm a capacidade de produzir cerca de 60 milhões de ovos/mês, uma quantidade considerável que minimiza a carência de ovos no mercado nacional, principalmente, no período da quadra festiva, época onde se regista o maior consumo deste produto.

 

Em função das responsabilidades que as empresas avícolas têm com os consumidores, não se deve baixar os actuais níveis de produção nesta época da quadra festiva, por ser um dos períodos em que se regista maior consumo, segundo a administradora executiva do grupo empresarial Diside, Elizabete Dias dos Santos.

 

Em entrevista à Angop, a empresária referiu ainda que neste ano a "Pérola do Kikuxi" tinha a intenção de dobrar ou triplicar a actual produção de frangos, com abate de sete mil aves/dia, mas devido à escassez de divisas para a importação de matérias-primas teve que parar e apostar na manutenção dos actuais níveis de produção de ovos, que neste ano abrangeu os mercados das 18 províncias do país.

Apontou a importação de milho, soja, vacinas, entre outras matérias-primas, como a principal dificuldade que tem elevado os custos de produção do sector avícola em Angola, facto que contribui no encarecimento do preço de ovos e frangos nacionais.

Afirmou que além da dificuldade de importação de matérias-primas, o sector avícola enfrenta ainda o problema da falta de mão-de-obra especializada nacional, assim como o défice no fornecimento de energia eléctrica e água potável às unidades industriais, situação que tem dificultado muito a produção em grande escala.

De acordo com Elizabete dos Santos, a manutenção dos níveis de produção do sector avícola tem dependido fundamentalmente da interajuda existente entre as unidades industriais, que têm unido sinergias mutuamente vantagiosas para garantir a produtividade sustentável.

Diante deste quadro, a responsável defendeu a necessidade de se apostar urgentemente na produção local de matérias-primas, para que os produtores consigam honrar com os seus objectivos, visando atingir a auto-suficiência e promover a exportação dos produtos nacionais.

"Actualmente em Angola já não se justifica a importação de ovos. É necessário incentivar e aumentar a produção nacional de matérias-primas para reduzir os custos de produção do sector avícola", acrescentou.

Reconheceu que apesar do apoio institucional do Executivo para a manutenção das empresas do sector avícola, 2017 foi um ano muito difícil, por causa da conjuntura económica que o país atravessa desde 2014, mas o facto de manter e garantir a produção de ovos consoante o propósito do grupo empresarial já constitui uma vitória consolidada.

A fazenda "Pérola do Kikuxi", integrada no pólo industrial do grupo empresarial Diside, existe há quase 20 anos e foi reestruturada em 2012, com objectivo de contribuir no aumento da produção interna e reduzir a importação de ovos no país.

O projecto de iniciativa privada, que orçou cerca de 60 milhões de dólares norte-americanos, financiado pelo Banco BAI, emprega 950 trabalhadores nacionais e 28 estrangeiros, dos 80 que possuía anteriormente. A dificuldade no repatriamento dos salários dos estrangeiros foi uma das principais razões da redução destes funcionários.

Instalada numa área total de 950 hectares, a fazenda possui mais de 10 pavilhões, cerca de quatro recrias, laboratórios, Estação de Tratamento de Água (ETA), estação de energia eléctrica, centro de classificação de recolha de ovos, entre outras infra-estruturas.

A Fazenda "Pérola do Kikuxi" é membro da Associação Nacional dos Avicultores de Angola (ANAVI), que controla 118 associados.

Apesar de não satisfazer em tempo integral as necessidades do mercado nacional, grande parte de ovos consumidos em Angola é produzido nos aviários instalados em várias províncias do país.

O aumento da produção de ovos, frango, carne caprina e suína, para reforçar a dieta alimentar das famílias, visando o alcance da auto-suficiência de bens de primeira necessidade e a redução da importação destes produtos, constitui um dos principais desafios do sector do Ministério da Agricultura e Florestas.

O alcance deste desiderato, no curto, médio e longo prazos, passa pela elevação dos níveis de produção do milho e da soja para alimentar os animais.