Luanda - Operadora angolana Unitel diz que dividendos que são devidos à PT Ventures já estão disponíveis e só não foram ainda liquidados porque não há disponibilidade cambial no mercado de divisas.

Fonte: Club-k.net

A Unitel diz que os dividendos devidos à PT Ventures (detida atualmente pela brasileira Oi) já estão disponíveis e que apenas não foram pagos porque a crise cambial em Angola tem impedido a conversão de kwanzas em dólares ou euros, bloqueando o pagamento dos dividendos no exterior. E retira culpas aos acionistas angolanos.


A operadora angolana regia assim à notícia do Público sobre o levantamento de 238 milhões de euros por parte de Isabel dos Santos de uma conta no BPI para contas pessoais, poucas horas antes de um tribunal decretar o congelamento de todos os bens da Vidatel (acionista da Unitel detida por Isabel dos Santos).


Na base deste congelamento de bens está uma ação judicial da PT Ventures contra a Vidatel num tribunal das Ilhas Britânicas, com os primeiros a reclamarem uma indemnização de cerca de 2.800 milhões de euros, entre dividendos não pagos desde 2011 e o valor da sua posição financeira na empresa, conta o Público.


Mas a Unitel diz que nada tem a ver com o assunto, culpa a crise em Angola e ressalva que os acionistas angolanos também não podem ser responsabilizados por isso.


“O pagamento dos dividendos ao exterior, por razões macroeconómicas de Angola, nomeadamente falta de divisas, não foi possível até à data, pois é necessária a sua conversão em dólares ou euros, para devida exportação”, argumenta a operadora angolana. “Os dividendos da PT Ventures estão já licenciados pelo BNA e têm os BAPIC (boletim de autorização de pagamentos de capitais) emitidos, não havendo apenas disponibilidade cambial no mercado de divisas”.


A Unitel adianta ainda que o valor dos dividendos da PT Ventures corresponde a mais de 600 milhões de dólares, “montante que facilmente se entende não ser comportável no sistema bancário angolano no atual momento cambial que a vive a economia angolana”.


É com base no contexto económico adverso que “é entendimento dos acionistas angolanos da Unitel que estes não podem ser responsabilizados pela expatriação de dividendos de um acionista estrangeiro”, adianta ainda a operadora angolana.


Em relação ao levantamento de 238 milhões de euros por parte de Isabel dos Santos de uma conta da Vidatel no BPI para uma conta pessoal, a Unitel sublinha que “nenhuma transação financeira ilegítima ou ilegal foi realizada“.


Esse foi também o entendimento do juiz do Supremo Tribunal das Caraíbas Orientais (STCO), que ficou convencido que as transferências foram ordenadas por Isabel dos Santos cerca de uma semana antes desta ter tomado conhecimento da ordem de congelamento. Ainda assim, o magistrado do STCO não deixou de dar um puxão de orelhas à empresária angolana pela forma como foi respondendo aos pedidos de esclarecimentos do tribunal, diz o Público.