Luanda  - A globalização de capitais permitiu a sua interligação com os mercados financeiros mais importantes: americano, europeu, asiático e chinês, numa dimensão nunca antes experimentada. Entre os anos 2000 a 2011, Angola atraiu uma grande quantidade de capitais, com a venda de crude acima dos 100usd.

Fonte: Club-k.net

GLOBALIZAÇÃO DOS CAPITAIS

Durante esse período Angola experimentou diversos fenómenos positivos dos quais se destaca o crescimento econômico que atingiu o valor médio anual de anual de 9.8%1. O país recebeu um aporte financeiro de crédito chinês (que ascendeu os 15 mil milhões2) que permitiu (re)construção de infraestruturas, as centralidades do Kilamba em Luanda e do Dundo na Lunda-Norte, e a construção de Clusters3 nas diferentes provinciais Luanda(Viana), Cabinda(Fútila), Benguela(Catumbela). Outra linha de crédito proveniente do Brasil foi para construção da barragem de Laúca em Malanje, que constitui um importante aproveitamento elétrico. Na mesma senda, outras economias como Dubai, França, Itália, Portugal Alemanha etc desejavam também aportar o seu capital em Angola.


Em nível da banca, a globalização de capitais, permitiu a criação, abertura de sucursais e a aquisição de participações em bancos estrangeiros, como o caso dos bancos BFA filial do BPI, Banco Milenniun Angola filial do Millemnium BCP e do Banco BIC Angola filial do Banco Bic Portugal. O crescimento económico Angolano criou condições para que a Namibia e São Tomé e Príncipe passassem a aceitar a moeda nacional, o kwanza, nas suas economias.


A entrada de Angola nos fluxos de capitais internacionais fez com que o Banco Nacional de Angola (BNA) na sua qualidade de órgão promotor e regulador da política monetária passasse a ter um papel mais efectivo no quadro de uma economia mais globalizada. A instituição teve de assumir maior regulação e supervisão no sistema financeiro nacional, para tal actualizou e criou leis, a Lei no5/97, Lei Cambial de 27 de Junho, a Lei no12/15, Lei de Bases das Instituições Financeiras, e a Lei no34/11, Lei do Combate ao Braqueamento de Capitais e do Financiamento ao Terrorismo respectivamente.

 

A globalização é o conjunto de transformações que vêm ocorrendo nas últimas décadas na ordem política e econômica mundial, movidas essencialmente pelas grandes corporações internacionais. O ponto central dessa mudança é a integração dos mercados numa “aldeia-global”. A globalização de capitais é um dos aspectos versados pela globalização, mesmo em pequena escala.


A instituição também assumiu maior controle sobre as transferências internacionais de divísas pelos bancos nacionais afim de manter o acesso aos mercados financeiros internacionais, e as linhas de crédito para ter maior liquidez na economia, fortemente dependente de moeda estrangeira.

O cumprimento das regras internacionais de Compliance4 foi outra mudança na sua forma de actuação. Foi neste contexto que o capital Angolano passou a ser também investido em outros países. Em 2011 foi criado o FSDEA – Fundo Soberano de Angola, que tem feito investimentos em diversas partes do globo, e detém um terço (1/3) da sua carteira de investimento em valores imobiliários como títulos do tesouro, obrigações da cota elevada, as acções em bolsa. No ramo da Saúde o Fundo investirá USD 400 milhões ao longo dos próximos anos e focar-se-á nos países com o maior potencial de retorno e apoio governamental a saúde, como Angola, Camarões, Gana, Quénia, Moçambique, Nigéria e África do Sul. Actualmente o fundo investiu USD 1,1 biliões num Fundo de Capital de Risco para o ramo da Infraestrutura baseados no continente africano.

No entanto, o abrandamento da economia chinesa e o aumento da produção de crude dos Estados Unidos da América fez o país deparar-se com a sua “ inadaptabilidade” “inexperiência” em matérias ligadas a fluxo de capitais, e as regras de compliance exigidas internacionalmente.

Entretanto, não houve só ganhos advindos da globalização de capitais para o contexto angolano. O sector imobiliário foi o mais afectado pela especulação, o valor dos imovéis estava muito acima do seu preço real devido a grande demanda com a chegada de uma nova classe social, a média. A grande evasão de capitais devido ao fraco controle na altura permitiu que a mão de obra expatriada repatriasse capital e/ou lucros das suas actividades comerciais com o mínimo de impostos.

Nesse contexto o Banco Central cedeu parte da sua autonomia e pode torna-se menos eficaz. Enquanto a globalização comercial permite uma abertura maior das economias e suaviza os impactos, dos choques externos, a globalização financeira, em um ambiente movido busca por maiores retornos, como as estratégias de carry trade5, que, em muitos casos, actua na direção contrária aos objetivos da política monetária.

A globalização financeira traz também um risco grande de protecionismo, assim como ocorre com a globalização comercial. Com o aumento de regulação e controle sobre as actividades financeiras nacionais, o aumento dos impostos sobre capitais estrangeiros sobretudo para repatriamento do capital, hoje o grau de deficuldades, quer para compra de divisas quer para exportação de capitais, é maior e requer aprovações do Banco Nacional. A diminuição dos prêmios de risco “ juros” embutidos em grande parte dos ativos financeiros pode ter sido exagerada, aumentando a probabilidade do surgimento de bolhas especulativas".

Em alguns países emergentes, as bolsas de valores e os preços dos imóveis tiveram crescimento aparentemente superior à melhora de seus fundamentos. O forte fluxo de recursos para alguns países também tornou necessário que os bancos centrais interviessem mais ativamente no mercado de câmbio, acumulando um expressivo volume de reservas internacionais. Este processo acabou gerando uma nova fonte de recursos para as economias mais atrativas, na medida que intensificou a política de diversificação de reservas dos bancos centrais.

Assim, não só os investidores privados, mas também as próprias autoridades monetárias, movidas por um maior apetite ao risco, aumentaram a probabilidade dos ativos financeiros terem seus preços desviados de seus fundamentos.6”

Todas essas situações ocorreram em Angola. O banco nacional aumentou as reservas internacionais e tem maior controle sobre a taxa de câmbio sobre a entrada de capitais para garantir a maior liquidez a economia nacional e evitar aumentos da taxa de inflação.

A globalização dos capitais que ao mesmo tempo trouxe vantagens tais como: maior industrialização, liquidez na economia, emprego, melhoria dos níveis de vida, criação de infraestruturas básicas, maior acesso a internet e a informação de modo geral, trouxe também desvantagens como maior dependência as divisas, o Banco Central, BNA – Banco Nacional Angolano – perdeu alguma autonomia na economia real, perda de eficácia da política monetária, risco de bolhas especulativas e desemprego devido redução das actividades de algumas empresas.

A Globalização dos capitais mesmo que tenha provocado também alterações não favoráveis, trouxe ganhos inestimáveis para o país.

Portanto somente o posicionamento do estado Angolano mediante a definição das suas políticas, económicas, comerciais, sociais e financeiras, como metas de inflação, metas de crescimento, resultado fiscal, câmbio flutuante, melhoria significativa na distribuição da renda nacional etc poderá tirar proveito desde fenômeno irreversível, globalização de capitais, e aproveitar essa janela de oportunidades que provocou mudanças permanentes em Angola a todos os níveis.