Luanda - A taxa de inflação em Angola acelerou 1,47% em janeiro, face a dezembro, o valor mais alto em três meses, influenciado pelo setor da Educação e pelo início das aulas no ensino geral, a 01 de fevereiro.

Fonte: Lusa

Segundo o relatório mensal do Instituto Nacional de Estatística (INE) angolano sobre o comportamento da inflação, consultado hoje pela Lusa, este registo contrasta com o pico de 2017, entre setembro e outubro, período em que os preços em Angola aumentaram 2,39%, logo após as eleições gerais de agosto.

O pico da inflação mensal em Angola nos últimos anos registou-se em julho de 2016, quando, no espaço de um mês, segundo o INE, os preços registaram um aumento médio de 4%.

Segundo o INE, a subida de preços em janeiro de 2018 foi influenciada sobretudo pelos setores "Educação", com 13,53%, pelos "Bens e Serviços", com 2,64%, pelo "Mobiliário, Equipamento Doméstico e Manutenção" e pelo "Vestuário e Calçado", com 1,72% cada.

Os aumentos de preços no primeiro mês do ano foram liderados pelas províncias da Lunda Norte (3,45%), Moxico (2,44%), Zaire (2,24%) e Namibe (1,88%), enquanto as com menor variação foram Benguela (1,29%), Huíla (1,32%), Cuando Cubango (1,33%) e Luanda (1,39%).

Desde setembro de 2014 que a inflação em Angola não para de aumentar, acompanhando o agravamento da crise económica, financeira e cambial decorrente da quebra na cotação internacional do barril de petróleo bruto, o que fez disparar o custo, nomeadamente dos alimentos.

O Governo angolano prevê chegar ao final de 2018 com uma inflação acumulada próxima dos 30%, mas a previsão é abalada depois de nos dois últimos anos ter visto a meta largamente ultrapassada e sempre a dois dígitos, devido à crise.

A previsão para o total acumulado de 2018, de 28,7% entre janeiro e dezembro, está prevista no Orçamento Geral do Estado (OGE), aprovado hoje na Assembleia Nacional, e a concretizar-se será o segundo valor anual mais alto desde 2004.

A previsão para 2018 é desde logo condicionada pelo novo regime flutuante cambial, em que a taxa de câmbio é definida pelo mercado, nos leilões de divisas realizados pelo Banco Nacional de Angola para os bancos comerciais. No primeiro mês deste regime, o kwanza sofreu uma depreciação de 20% face ao dólar norte-americano e de 28% para o euro, o que deverá agravar os custos de importação do país, com repercussões nos preços ao consumidor.

Entre janeiro e dezembro de 2016 (12 meses) os preços em Angola subiram praticamente 42%, segundo os relatórios anteriores do INE com o Índice de Preços no Consumidor Nacional (IPCN).

Em todo o ano de 2017 a subida acumulada nos preços foi 23,67%, registo muito superior à previsão de 15,8% para o período entre janeiro e dezembro que o Governo inscreveu no Orçamento Geral do Estado.

O chefe da missão do Fundo Monetário Internacional (FMI) para Angola, Ricardo Velloso, alertou em 2017, em Luanda, para a necessidade de medidas que ajudem a diminuir a elevada inflação que o país ainda apresenta.

A preocupação atual do FMI mantém-se à volta da necessidade de relançar o crescimento económico angolano "de uma maneira duradoura para os próximos anos", além de baixar a inflação mensal dos atuais 2% a 2,5% ao mês para "níveis mais aceitáveis", bem como sobre "como continuar a reforçar o sistema bancário e financeiro do país", explicou o economista.