Luanda - O ministro de Estado para o Desenvolvimento Económico e Social de Angola disse hoje que o país "não deve entrar numa trajetória de crescimento empobrecedor", cenário que pode ser evitado através da melhoria da competitividade estrutural.

Fonte: Lusa

Manuel Nunes Júnior discursava em Luanda, na abertura de um seminário nacional de auscultação de empresários sobre o Programa de Apoio à Produção, Diversificação das Exportações e Substituição de Importações (PRODESI).

Este processo de auscultação iniciou-se a 25 de janeiro, tendo sido realizados vários encontros setoriais na agricultura, comércio, pescas, indústria, turismo e recursos minerais e petróleos, com um total de 1.021 empresários participantes.

"Angola não deve entrar para uma trajetória de crescimento empobrecedor. Isto é, como um agente passivo, sujeito a relações de subcontratação, dependente e com acesso apenas a segmentos de menor valor acrescentado na cadeia internacional de valor", disse Manuel Nunes Júnior.

Segundo o governante, este tipo de crescimento só pode ser evitado "se Angola despontar para o mundo com uma competitividade estrutural em determinados setores de atividade, o que pressupõe apostar na diferenciação e qualidade dos seus produtos, o que implica a existência de níveis adequados de conhecimentos e de qualificação dos seus recursos humanos".

O governante angolano referiu que o PRODESI, promovido pelo executivo, tem como base o estabelecer na prática "uma verdadeira aliança entre o Estado e o setor privado", no aumento da produção nacional, no rendimento dos cidadãos e no combate à pobreza.

O dirigente angolano apontou a necessidade de os empresários nacionais estabelecerem relações de parceria estratégica com empresários estrangeiros, possuidores de 'know-how' e de tecnologia avançada, para que Angola possa "rapidamente" ter acesso ao que de melhor o mundo pode proporcionar ao país, nos domínios empresarial e de tecnologia.

Manuel Nunes Júnior sublinhou a importância do investimento estrangeiro, para que o país tenha acesso, não só ao capital financeiro, mas sobretudo a conhecimento e tecnologia.

"Para atrair o investimento direto estrangeiro precisamos melhorar o ambiente de negócios em Angola e precisamos tornar o processo de investimento no nosso país mais célere, mas também mais eficiente, precisamos também de introduzir ajustamentos à atual Lei de Investimento Privado, processo que está em curso", admitiu.

Acrescentou que o executivo angolano não pretende que o PRODESI "seja mais um programa, como outros que já houve no passado".

"Queremos que o PRODESI marque realmente um ponto de inflexão no que respeita ao assunto do aumento da produção nacional. Nós queremos que esse PRODESI nos leve à autossuficiência no domínio alimentar. Temos de deixar de importar produtos alimentar de amplo consumo e teremos de produzi-los domesticamente, se fizermos isso a pressão sobre as divisas vai diminuir significativamente", disse.

Para o efeito, Manuel Nunes Júnior pediu ao empresariado nacional rigor, disciplina e foco nos propósitos.

Durante o processo de auscultação foram colhidas diversas contribuições, entre as quais o Governo angolano destacou a retirada do leite em pó da lista de produtos considerados prioritários para colocar uma formulação mais abrangente, designadamente o leite fresco e seus derivados.

Foram igualmente realçadas entre as contribuições a ampliação do sabão, na lista de produtos prioritários, passando a colocar toda a gama de produtos ligados à higiene e limpeza e cosméticos, bem como a necessidade de promover atividades que possam modernizar a agricultura familiar, através do apoio à produção de adubos, pesticidas, instrumentos para agricultura e outros para o setor agrário.