Luanda - Um funcionário da administração municipal do Quirima, província angolana de Malanje, é suspeito de ter desviado 122 mil euros que se destinavam ao pagamento de subsídios a mais de 200 autoridades tradicionais, confirmou hoje a administração municipal.

Fonte: Lusa

De acordo com o administrador municipal do Quirima, Alberto Bayeta Campos, que avançou hoje a informação à Lusa, os familiares do funcionário, que se encontra no Brasil, devolveram já 50% do montante extraviado, numa altura em que ainda decorrem as investigações.

"A situação segue os seus trâmites normais, o Serviço de Investigação Criminal continua a trabalhar no caso, mas as causas estão todas apuradas. Até hoje, o homem está foragido no Brasil e aquilo que está a nosso nível, estamos a tentar dar resposta", disse Alberto Bayeta Campos.

Do valor alegadamente desviado, que se destinava ao pagamento de subsídios aos sobas locais (autoridades tradicionais), adiantou o administrador municipal do Quirima, no centro norte de Angola, a "família [do funcionário] está a assumir a responsabilidade".

"Já fez a devolução de boa parte do valor, já em 50%, e pretendem até abril concluir a devolução dos 32 milhões de kwanzas [122 mil euros]", explicou.

A Lusa noticiou em dezembro que um grupo de 210 sobas estava há dez meses sem receber subsídios, uma situação que terá sido causada pelo desvio de verbas por um funcionário da administração municipal de Quirima.

A denúncia foi feita na altura, em declarações à agência Lusa, por Fernando Muningui, um dos sobas visados, que acusava o funcionário da administração local pelo extravio das verbas.

"Desapareceu com o nosso dinheiro, é uma pena que não temos viaturas, porque queremos apresentar a preocupação ao Governo da província", disse na ocasião aquele soba.

O administrador municipal do Quirima adiantou hoje que parte do montante devolvido foi já distribuído aos sobas locais e que para se acautelar casos do género, as autoridades tradicionais começarão a receber os respetivos subsídios a partir de um correspondente bancário no município.

"Agora estamos a fazer tudo no sentido de podermos começar a fazer já os pagamentos por via de um correspondente bancário comercial, sendo que o salário do mês de janeiro poderá começar já a ser pago por esta via", explicou.

Ainda segundo Alberto Bayeta Campos, a falta de uma agência bancária naquele município da província de Malanje facilitou o desvio do referido montante, onde para o efeito o acusado terá igualmente falsificado alguns documentos.