Luanda - Depois de nos terem atacado no dia 6 de Fevereiro de 2002 por volta das 5 h da manhã na margem direita de um dos riachos afluente do rio Luconha, Luconha que por sua vez é afluente do rio Lungue-bungo, numa base com muitos dissabores porque, nela permanecêramos por 6 duros e difíceis dias tendo perdido mais de 30 companheiros neste local, alguns deles muito chegados a mim como o Mano Jorge Chimbili, Denis Kawinduma, Hamandi, Da Gama, foi com este último que dividia a minha tenda que nos servia de abrigo diário.

Fonte: Club-k.net

Este ataque foi-nos fatal porque nele foram capturados os telefones, parte da equipa de comunicação da coluna Presidencial e alguns oficiais superiores dada a surpresa do mesmo. Depois de termos feito o recuo estratégico e termos nos retirado da zona de fogo montou-se um ponto de reagrupamento onde começamos a fazer o balanço do trágico ataque quando duas horas depois certificamos que o Dr. Kapapelo tivera ficado na base porque a tropa escalada a tipóia neste dia não foi a tempo de o trazer e Dr. Savimbi tinha tomado um azimute fora do nosso controle porque, o ataque começou na linha do posto defensivo da base aquando da Sua habitual visita diária as tropas pelo General Savimbi que, graças a pronta intervenção armada do jovem Loth Cassesse, não aconteceu o pior. Dr. Savimbi tivera manobrado apenas com dois homens, o Major Tide e o jovem Rafael Chipeta.


Na base temporária (BT) depois do ataque formaram-se equipas reforçadas de patrulhas de longo alcance chefiadas por três generais (Kamalata Numa, Abreu Kamorteiro e Samy) que imbricavam para os pontos cardeais Norte, Sul e Oeste no intuito de localizarem Dr. Savimbi. "O ponto cardeal Leste ficava fora de hipótese por ter sido o local da origem do ataque".


A equipa de patrulha que regressa para do ataque não só encontra o Dr. Kapapelo dois dias depois ter-se arrastado alguns metros dela mas, já nos últimos sinais vitais. Foi bastante doloroso.


No dia 11 foi possível o primeiro contacto com um dos jovens que estava com Dr. Savimbi e dia 12 cruzamos na BT do Brigadeiro Mbule.


Dada a forte investida das forças inimigas naquela área , o Alto Comandante decide subirmos para as zonas do Luacano, Muconda e continuar para a zona Norte do País, tínhamos que atravessar o rio Lungue-bungo, coisa que foi possível por causa enchente do mesmo fruto das fortes chuvas que caiam sem cessar quase que diariamente pois, vimo-nos forçados a manobrar passando pelos rios Lucava, Tchologi e Luzi, subindo com a margem direita deste último para atravessar o Lungue-bungo mais em cima onde tivesse o caudal mais baixo. No dia 16 fomos alvo de um ataque aéreo envolvendo 2 helicópteros e um Tucano na travessia da chana do rio Luzi, isto foi, das 16 às 18 h. Dr. Savimbi tinha aquela força anímica e contagiante de sempre e encorajava todo e qualquer um que o ladeasse.


Já no dia 18 de Fevereiro quando nos aproximávamos da estrada asfaltada que liga Luena à Lumbala Nguimbo concretamente entre as sete retas e a Comuna do Luvuei, por volta das 8 h, deparei-me com uma imagem que nunca imaginei pese embora estarmos naquelas circunstâncias de guerra de guerrilha; estava Eu com a minha mochila e a mochila do meu Pai as costas, a minha arma ombreada e a cadeira do Pai amarrada nas duas mochilas. Deparo-me com o Dr. Savimbi trajado a farda 24 de Janeiro farda característica da FALA (de cor verde), a orientar a travessia do pessoal ao asfalto dizendo que tínhamos que fazê-lo bad-bad (dois a dois). Esta imagem mexeu com o meu astral, rapidamente notou e disse-me:
"Djeff, estás um homem grande tenham força e muita coragem, não te deixes abalar com esta situação, isso vai passar", batendo no meu ombro direto com Sua mão esquerda.

Dr. Savimbi, Paz a Sua alma!