Luanda - No Moxico, província do leste angolano e que é maior do que alguns países, tudo é em grande escala, desde as distâncias aos pontos turísticos, embora esta atração esbarre numa única estrada para lá chegar por terra.

Fonte: Lusa

A 1.200 quilómetros de Luanda, a chegada à maior e mais a leste província de Angola é feita quase obrigatoriamente por avião, a partir da capital, ou não demorasse a mesma viagem, por estrada, um dia a fazer, cruzando cinco províncias.

Uma viagem que na época das chuvas pode até ser interrompida à passagem pela Lunda Sul, devido ao mau estado de conservação da Estrada Nacional 180, que constantemente chega a estar cortada à circulação. Numa província com menos de 800.000 habitantes, mas em que alguns municípios chegam a distar mais de 500 quilómetros da capital, a cidade do Luena, apenas 5% da rede viária é de estradas asfaltadas.

"Neste momento, infelizmente, em termos de estradas, primárias e terciárias na província não têm o melhor cenário. Mas nós acreditamos que com os esforços que estão sendo feitos nós vamos poder reverter esta situação", admite, em entrevista à Lusa, o vice-governador do Moxico, Carlos Alberto Masseca, em funções desde outubro.

Restam picadas e aldeias ou pontos turísticos únicos em Angola, com leões, hipopótamos ou leopardos, mas praticamente inacessíveis, sobretudo na época das chuvas, ou seja quase oito meses por ano.

Associado à falta de estradas, as equipas de desminagem continuam a encontrar, no Moxico, engenhos explosivos do período da guerra civil, que até 2002 fustigou fortemente aquela província. Foi no Luena, de resto, que se assinou o acordo de paz entre as forças do Governo e da UNITA, a 04 de abril de 2002, na mesma província onde, a cerca de 150 quilómetros, morreu o líder do ?Galo Negro`, Jonas Savimbi.

Sem estradas e com um aeroporto, no Luau, inoperacional, outra solução, sobretudo para mercadorias, é o Caminho de Ferro de Benguela, que liga o mar ao leste, mas que passa apenas duas vezes por semana no Luena, em cada sentido.

Um cenário que dificulta desde logo o acesso ao lago Dilolo, o maior de Angola, a mais de 1.000 metros de altitude, mas que na época das chuvas é inacessível por estrada. O mesmo acontece com o parque da Cameia, o segundo maior do país, constituído em 1957 e que ocupa 14.450 quilómetros de vastas planícies até à bacia do Zambeze.

"Por essa dificuldade não se consegue chegar lá com facilidade, devido ao acesso", conta, à agência Lusa, o diretor provincial do Comércio, Hotelaria e Turismo, que continua sem conseguir levar o turismo aos "grandes potenciais turísticos" do Moxico.

Em toda a província do Moxico, que equivale ao dobro do território de Portugal, aquela direção provincial, dirigida por Bento Paulino, já cadastrou 68 pontos turísticos. Destes, 15% ficam no município do Alto Zambeze, ou seja a 519 quilómetros do Luena, sem estradas de acesso.

"Logo, pode-se imaginar as grandes dificuldades", desabafa o diretor provincial.

"O Moxico é a maior província de Angola e por infelicidade é a também que maiores dificuldades têm em termos de vias de acesos. Como pode perceber, os pontos turísticos que a província tem estão distanciados da sede, da cidade do Luena [onde funciona o aeroporto da província] e para se atingir esses pontos precisa-se de estradas. Por infelicidade, não há estradas", lamenta Bento Paulino.

Para um território de mais de 220 mil quilómetros quadrados, o Moxico conta atualmente com cinco hotéis e um total de 772 camas.

Destes, apenas um hotel funciona fora do Luena.

"Também se pode ver que é um número irrisório para aquela necessidade que se prevê para cidade, para a província", admite o diretor provincial do Comércio, Hotelaria e Turismo do Moxico.

Bento Paulino confessa que com mais estradas há condições para atrair investimentos e turistas para o Moxico, face às "grandes potencialidades" da maior província de Angola



"Bastava haver vias de comunicação e estaríamos em condições de fazer o Moxico acontecer", atira.