Luanda - Lamentavelmente, o governo angolano confirmou na segunda-feira dia 23 de Abril de 2018 a perda de seu primeiro satélite nacional de telecomunicações, o Angosat-1, lançado em dezembro pelo centro espacial de Baikonur, no Cazaquistão. Esperava-se que o Angosat-1, de fabricação russa, tivesse uma vida útil de 15 anos, mas o contato com o satélite foi logo perdido e nunca se recuperou, apesar de muitas tentativas, segundo Luanda.

Fonte: Club-k.net

Note-se que Angola ao publicar a sua primeira estratégia espacial em Maio de 2017, contendo medidas altamente ambiciosas para utilizar as tecnologias, serviços e produtos espaciais para o desenvolvimento social e económico do país e reforçar o posicionamento regional e internacional mostrou a sua visão é ambição rumo ao progresso.


Nessa estratégia espacial de Angola, também notei que foram estabelecidos os principais pilares e medidas para as actividades estatais no sector espacial, bem como orienta o seu desenvolvimento nacional de uma forma central e convergente, de modo a garantir a sua sustentabilidade e a estabilidade do investimento espacial no país.


Assim, Angola tendo reconhecido a sua necessidade, de alinhar e coordenar os seus esforços relacionados com o espaço, num contexto de investimento crescente em actividades espaciais, tanto a nível nacional tal como preconizou com o lançamento do satélite de comunicações ANGOSAT e do Centro Nacional de Captação e Processamento de Imagens de Satélite - Centro Nacional Captura e Processamento de Imagens de Satélite e a nível internacional.


Em linha, com o crescente investimento dos outros países, no sector espacial e da aprovação da Política e Estratégia Espacial da União Africana, Angola reconheceu os inúmeros benefícios que poderiam ser trazidos pelas tecnologias, serviços e produtos espaciais. Também para alcançar os objetivos estratégicos de longo prazo de 2025, e as metas específicas do setor estabelecidas em seu Plano de Desenvolvimento 2018-2025, podendo assim dizer que Angola está em bom rumo.


Angola, com esta visão, mergulha assim no centro da teoria econômica conhecida por destruição criativa.


Podemos aqui definir que destruição criativa (em alemão: schöpferische Zerstörung), às vezes conhecida como vendaval de Schumpeter, é um conceito em economia que desde os anos 50, se tornou mais prontamente identificado com o economista austro-americano Joseph Schumpeter, que o derivou do trabalho de Karl Marx, e popularizou-a como uma teoria da inovação econômica e do ciclo de negócios.


Segundo Schumpeter, o "vendaval da destruição criativa" descreve o "processo de mutação industrial que revoluciona incessantemente a estrutura econômica a partir de dentro, destruindo incessantemente o antigo, incessantemente criando um novo”. Na teoria econômica marxiana, o conceito refere-se mais amplamente aos processos ligados da acumulação e aniquilação da riqueza sob o capitalismo.


Schumpeter foi um economista formado na Áustria, historiador econômico e ardente capitalista que desenvolveu uma teoria com a amplitude e a grandeza de Karl Marx. Mas onde Marx via o trabalho como a unidade fundamental do valor econômico e o proletariado como agente-chave da mudança, Schumpeter via o empreendedor como a pedra angular do capitalismo.


Embora ele tenha morrido há 50 anos, as teorias de Schumpeter previram uma época em que um empreendedor como Gates poderia obter tanto reconhecimento global quanto o presidente dos Estados Unidos ou o mais recente astro de Hollywood.


Como ilustração, refiro-me aqui ao testemunho do então presidente da Reserva Federal dos Estados Unidos, perante a Comissão Econômica Conjunta do Congresso, Allan Greenspan, que disse que a "evidente aceleração do processo de destruição criativa, que acompanhou as recentes inovações em expansão e que se refletiu na transferência de capital das tecnologias em falha para essas tecnologias de ponta, tem sido notável. "


Em seguida Greenspan descreveu essas inovações que incluíam o microprocessador, o laser, a fibra ótica e as tecnologias de satélite. Mas ele acrescentou: "As inovações na tecnologia da informação - chamada TI - começaram a alterar a maneira pela qual fazemos negócios e criamos valor, muitas vezes de maneiras que não eram previsíveis até mesmo cinco anos atrás. À medida que este século chega ao fim , a característica definidora da atual onda de tecnologia é o papel da informação ".


Antes de falar de Angola, viremos para a África como continente que é dotada de recursos humanos e materiais, no entanto, enfrenta sérios desafios económicos. Só isso, tem dificultado de maneira muito significativa o avalanche do desenvolvimento do continente. O continente, também chamado Shithole ou merda por Donald Trump, é considerado um terceiro mundo devido à sua incapacidade de competir em termos de desenvolvimento com o chamado mundo ocidental.


Quando penso na minha África, tipicamente evoco as imagens da pobreza, da fome, da guerra civil, e mais recentemente, de doenças como Ebola. Desde a década de 1960, um grande número de países africanos passou por devastadoras guerras civis; enquanto alguns, incluindo Angola, Moçambique e Nigéria, parecem estar a recuperar, enquanto isso, a República Democrática do Congo e o Sudão permanecem perigosamente instáveis.


Angola neste caso, ao acabar com uma liderança ditadora que realmente afetou o crescimento e desenvolvimento do pais. Hoje o campo de batalha está na luta contra a pobreza, a corrupção, a impunidade, o desemprego, o atraso tecnológico, a falta de infra-estruturas, o baixo PIB, a baixa renda, a baixa expectativa de vida e reverter uma a economia dependente do petróleo.


Em África no geral, temos as várias crises políticas e o problema de liderança que deviam merecem ser assunto da agenda das reuniões da União Africana. Kwame Nkrumah, o primeiro presidente de Gana, afirmou que a África só obteve independência política, mas não independência econômica. Até quando esta situação?


Hoje os cientistas sociais e economistas, todos concordam que a economia da sociedade africana pós-colonial continua dependente da ajuda externa para a sobrevivência. Vimos isso com a recente visita a semana passada do Presidente Nigeriano a Casa Branca em como idolatrava a América por sua caridade. Vergonha continental.


O problema econômico da África poderia ser atribuído à globalização. Por exemplo, muitos acreditam que é uma maldição para a África, enquanto para alguns é uma bênção para a África. A tendência negativa da globalização aprofundou ainda mais a lacuna entre a África e o mundo desenvolvido. Com o seu surgimento, a África tornou-se empobrecida. As atividades das instituições financeiras internacionais do mundo, também agravaram o problema. A política de ajustamento estrutural de que Angola foi vítima, introduzida pelo banco mundial para remediar os problemas económicos de África acabou por extorquir os recursos de África em benefício dos estados ocidentais.


E a economia dos países comunistas? É pertinente aqui que eu afirme que o comunismo para uma economia de mercado como o caso da antiga União Soviética e na Europa Oriental não caiu bem em muitos aspectos que poderiam levar ao crescimento e desenvolvimento na África, mas seu movimento na China e no Vietnã tem se mostrado tangivelmente além das expectativas.


Seria digno de nota que a África testemunhou um alto nível de estagnação no início do século do período pós-colonial e nos últimos tempos, tem havido uma competição entre população e redução da pobreza; a porcentagem na pobreza diminuiu, muito embora o número absoluto de empobrecidos tenha aumentado no caso especifico em Angola. Notamos também que por detrás desta afirmação deve-se avaliar com rigor académico, os esforços dos estados africanos em sua busca para alcançar a economia de mercado livre.


Não seria de mau senso aqui revelar, que a globalização tem sido uma bênção mista nesse aspecto, uma vez que desempenha um papel importante tanto nos sucessos como nos fracassos dos esforços de muitos governos africanos.


Um evento económico e dramáticos como seria o caso da Angosat1, não foi surpreendentemente acompanhado por um alto nível de fermentação intelectual e logística. Recomenda-se que entre outras coisas, que as novas políticas para aliviar a pobreza, a fim de garantir o crescimento e desenvolvimento, tais como Angosat2, sejam acompanhadas de toda logística que esse evento requer para o desenvolvimento do país.


Sabe-se no entanto, que o capitalismo é por natureza uma forma ou método de mudança econômica e não apenas nunca, mas nunca pode ser estacionário. O impulso fundamental que define e mantém o motor capitalista em movimento, vem dos novos bens de consumo, dos novos métodos de produção ou transporte, dos novos mercados, das novas formas de organização industrial que a empresa capitalista cria.


Em suma, a abertura de novos mercados que se pretendia com a Angosat1; sejam no estrangeiro ou domésticos, ilustram para mim, o processo de mutação industrial que iria revolucionar incessantemente a estrutura econômica nacional, destruindo incessantemente o mercado antigo, criando incessantemente um novo. Este processo de destruição criativa é inegavelmente o fato essencial do capitalismo or mercado livre o qual Angola anseia emular. É na essência, no que consiste o capitalismo e no que toda preocupação capitalista reside.


O capitalismo requer o eterno vendaval da destruição criativa. Não podemos ser uma excepção. Com essa destruição criativa o Angosat2 poderá trazer, Angola poderá contribuir com a sua estratégia espacial para o desenvolvimento de actividades espaciais no país, o desenvolvimento social e económico e reforçar o papel de liderança de Angola, particularmente a nível regional.

*Economista