Luanda - A renovação de mandatos no MPLA está a ser uma das peças mais nebulosas no âmbito das tarefas preparatórias do congresso a decorrer em Dezembro próximo. De tal forma que já correm suspeitas de que ele desembocará nos mesmos problemas de sempre: o preenchimento dos órgãos de topo do partido continuará a não ser função do mérito dos candidatos, mas essencialmente uma questão de favorecimentos e conveniências de grupo.

JES terá a palavra final

Ao que apurou o Semanário Angolense, há um ligeiro atraso no processo. Iniciado em Abril, neste momento ele está, grosso modo, ainda ao nível dos municípios, quando, de acordo com o cronograma elaborado, o mês de Agosto seria todo ele dedicado à conclusão do processo, com as diversas comissões de avaliação a tratarem de deslindar os casos que tenham suscitado reclamações e recursos.

De sorte que, por enquanto, no que diz respeito ao cobiçado Comité Central, as habituais movimentações de bastidores ainda não transpiraram cá para fora. Os nomes mais prováveis para entradas e saídas continuam no segredo dos deuses. Em 2003, por esta altura já eram avançados palpites que vieram a materializar-se. Foram os casos, por exemplo, de Manuel Rabelais e Miguel de Carvalho «Wadijimbi».

Seja como for, o que é mesmo nebuloso neste processo, segundo apurou este jornal, é que na verdade a composição do futuro Comité Central será em última instância determinada pela vontade discricionária do líder do partido, José Eduardo dos Santos.

Na qualidade de coordenadorda comissão de avaliação das candidaturas para os cargos de Presidente do partido, do Bureau Político e do secretariado desse órgão, a ele competirá a tarefa de pré-avaliar e determinar, em definitivo, os candidatos a membro do Comité Central, pela lista nacional, em conformidade com os princípios da renovação e da continuidade. Mesmo sob esse modelo discricionário, a expectativa alimentada por muitos militantes nas bases é que o presidente do MPLA tome em consideração a insatisfação que neste momento há em relação ao desempenho que muitos dirigentes de órgãos de topo tiveram no decurso do mandato que está prestes a terminar.

Este ambiente de mal-estar é sobretudo visível nos CAPs (Comités de Acção) de Luanda, mas resta saber se José Eduardo dos Santos terá mesmo vontade política para levar em consideração os casos das figuras que «as massas» têm pela garganta e desejam, ardentemente, que sejam apeadas das instâncias máximas do partido. Pouco se sabe relativamente ao ambiente no interior do país, mas há que ter em consideração que Benguela e as Lundas são geralmente palco de «rixas sangrentas» entre as lideranças locais.

Fonte: SA