Luanda - Advogados angolanos denunciam casos em que se dizem vítimas de maus-tratos e abusos por parte de forças policiais e magistrados sob o olhar impávido da Ordem dos Advogados de Angola.

*Manuel José
Fonte: VOA

A associação Mãos Livres revela que só neste ano dois dos seus advogados foram vítimas, no exercício da profissão, de espancamento e prisão por parte das forças de ordem pública, sem que a Ordem se tenha pronunciado.

Mónica Domingos foi a vítima mais recente.

A advogada foi detida, vítima de maus-tratos e atirada “como uma mercadoria” para dentro de uma viatura, por agentes policiais.

O advogado e deputado David Mendes diz que é chegado o momento de se colocar fim a casos como estes, envolvendo advogados em pleno exercício da sua profissão.

"Não podemos continuar a aceitar a forma arrogante como a polícia e os magistrados tratam os advogados e, em especial, os que pertencem à Mãos Livres”, afirma Mendes, quem relata o caso de um colega que foi preso e espancado, mas “fizemos um informe à policia e não passou nada”.

Afonso Mbinda acrescenta que esses casos não são uma exclusividade dos colaboradores da Mãos Livres, mas diz que o que mais o assusta é o silêncio da Ordem dos Advogados de Angola.

“Eu presenciei na esquadra da polícia colegas nossos, advogados, a serem humilhados, como o advogado Caparacata e tantos outros”, exemplifica Mbinda que anuncia a apresentação de “uma denúncia à Ordem do Advogados que tem que vir em defesa dos seus associados”.

O risco, ainda segundo Afonso Mbinda, estende-se aos jornalistas que se batem pelas causas nobres dos cidadãos, que exercem “profissões de alto risco”.

O advogado Pedro Caparacata conta ter sido vítima de várias humilhações por parte de magistrados, juízes e polícias, mesmo em causas que defendia.

"Este ano mesmo fui intimidado por um pocurador do SIC de Luanda, também já fui intimidado por um juiz que inclusive mandou-me calar a boca, às vezes os advogados passam dessa condição para a de arguidos e julgados", denuncia aquele jurista e acusando a Ordem de ir “contra os advogados, seus associados”.