Luanda - O lema da TPA, “Somos Todos Nós”, faria todo o sentido, por ser aquela que é paga com os recursos de todos angolanos, não fosse o seu carácter parcial. Aliás, a prática tem revelado que a TPA ainda está muito longe de ser a televisão de todos os angolanos, onde todas as sensibilidades teriam o seu espaço.

Fonte: Club-k.net

Pensávamos que com a nova era inaugurada em Angola a 23 de Agosto de 2017, já se tivesse afastado o fantasma das “ordens superiores” na TPA! Engano nosso, pois, fomos vítimas da acção desse “oculto e todo-poderoso senhor”.

Os factos;

No sábado, dia 12 do corrente, sob o lema: “5 prédios não, centralidade sim”, um grupo de jovens da Província do Bengo organizou uma manifestação pacífica de protesto contra a construção de 212 apartamentos em 5 edifícios, em substituição da Centralidade anteriormente prevista, cuja primeira pedra foi lançada em Fevereiro de 2014, na vila de Caxito.

 

A TPA, convidada com antecedência para cobrir o acto, compareceu no local de concentração para a cobertura que lhe fora solicitada. No final da marcha, a TPA teve dificuldades de gravar a declaração dos manifestantes por problemas registados na sua câmara. Foi-nos então solicitado, pelos seus repórteres, que gravássemos a declaração com os outros órgãos de imprensa para depois gravar só com a TPA, enquanto se aguardava por outra câmara que vinha do Centro de Produção do Bengo que dista a sensivelmente 10 kms do local onde culminou a manifestação.

 

Para o nosso espanto, e já depois de desmembrado o pessoal, a câmara de recurso apresentou os mesmos problemas da anterior. Como era do interesse dos repórteres em noticiar o evento, solicitaram-nos que fôssemos ao Centro de Produção da TPA com cerca de dez manifestantes que ainda se encontravam no local no sentido de gravarmos lá a declaração. Pedido aceite, lá fomos nós. Já no Centro de Produção, juntou-se a nós a equipa da tv Zimbo que não foi a tempo de cobrir a manifestação.

 

A Tv Zimbo fez algumas entrevistas com os manifestantes, mas queriam também, como é óbvio, as imagens da marcha. Entretanto, solicitaram a gentileza da TPA, mas sem sucesso! Como também era do nosso interesse que as duas televisões dessem destaque a nossa manifestação, já que a mesma visava chamar a atenção das estruturas centrais do Executivo para o abandono a que está voltada a Província do Bengo, tentamos negociar com a TPA a cedência das imagens à Zimbo. Foi aí que nos informaram que por ordens do Director Paulo Julião, em Luanda, nem as imagens seriam cedidas à tv Zimbo, nem a reportagem passaria na TPA, como se confirmou no final. A tv Zimbo teve de se contentar

com imagens captadas pelos nossos telemóveis que, ainda assim, as passou no telejornal daquele mesmo dia.

Conclusão;

Não custa muito adivinhar que por pressão do Executivo da Governadora Mara Quiosa, que no dia anterior tinha feito sair uma nota sem fundamento legal, alegando falta de condições para a realização da manifestação, o Director Paulo Julião proibiu que a reportagem fosse enviada a Luanda para efeitos de notícia no telejornal.

Esse comportamento pouco abonatório em que a TPA continua, infelizmente, a enveredar, contrasta com os constantes pronunciamentos do Ministro da comunicação social, João Melo, sobre a necessidade de haver maior pluralismo nos órgãos de comunicação social públicos.

Da nossa parte, condenamos nos termos mais enérgicos o comportamento do Director Paulo Julião, pois contrasta com os princípios basilares do jornalismo e do verdadeiro Estado Democrático e de Direito que tarda em se construir em Angola.