Luanda - O presidente do MPLA, José Eduardo dos Santos, convocou hoje uma reunião extraordinária do Comité Central, para sexta-feira, em que deverá ser anunciada a data do congresso extraordinário, para definir a sucessão na liderança do partido.

Fonte: Lusa

A informação com a convocação da segunda sessão extraordinária daquele órgão do partido no poder em Angola, para 25 de maio, às 10:00, em Luanda, foi enviada à Lusa pelo MPLA, sem no entanto adiantar a agenda da reunião.

 

Contudo, numa outra nota enviada à Lusa, mas pelo secretariado do bureau político, organismo executivo que assegura o regular funcionamento das estruturas partidárias, refere que foi realizada hoje uma reunião ordinária daquele órgão para apreciar uma informação sobre o processo de preparação do 6.º congresso extraordinário do partido, "que deverá ocorrer em setembro próximo".

 

O MPLA aprovou a 27 de abril a realização de um congresso extraordinário na primeira quinzena de setembro deste ano e a candidatura de João Lourenço ao cargo de presidente do partido, ocupado desde 1979 por José Eduardo dos Santos.

 

A informação constou, na altura, de uma nota enviada à agência Lusa pelo Movimento Popular de Libertação de Angola (MPLA), a propósito da reunião do bureau político, orientada por José Eduardo dos Santos.

 

"O bureau político aprovou a proposta de resolução e o cronograma de preparação e realização do 6.º congresso extraordinário do partido, a ter lugar na primeira quinzena de setembro próximo e, consequentemente, aprovou a candidatura do camarada João Lourenço, atual vice-presidente, ao cargo de presidente do MPLA", lê-se.

 

O bureau político do MPLA é o organismo permanente de direção do partido, que delibera no intervalo das reuniões do Comité Central, e realizou a 27 de abril, em Luanda, a sua 3.ª reunião ordinária, que segundo o partido foi orientada por José Eduardo dos Santos, na presença de João Lourenço, vice-presidente - chefe de Estado - e Paulo Kassoma, secretário-geral.

 

A 16 de março último, no discurso de abertura da 5.ª sessão ordinária do Comité Central do MPLA, realizado em Luanda, José Eduardo dos Santos, de 75 anos, propôs a realização de um congresso extraordinário para dezembro deste ano ou abril de 2019.

 

Durante a intervenção, José Eduardo dos Santos, que foi chefe de Estado em Angola durante 38 anos e não concorreu às eleições gerais de agosto passado, recordou que se comprometeu a envolver-se pessoalmente no grupo de trabalho que ao longo de 2018 vai "preparar a estratégia" do MPLA para as primeiras eleições autárquicas em Angola.

 

"Assim, recomendo, por ser mais prudente, que a realização do congresso extraordinário do partido, que vai resolver a liderança do MPLA, seja em dezembro de 2018 ou abril de 2019", disse, sem adiantar mais pormenores sobre este processo.

 

Contudo, a proposta não terá merecido o consenso dos militantes, tendo o comunicado final da mesma reunião informado a realização, este ano, de duas reuniões de reflexão sobre a proposta apresentada, a primeira, em abril - realizada 27 de abril -, pelo bureau político e a segunda, em maio, pelo Comité Central (a ter lugar na sexta-feira).

 

No dia seguinte, o porta-voz do MPLA, Norberto Garcia, chegou a negar que a proposta apresentada pelo líder do partido no poder em Angola, para a realização de um congresso extraordinário sobre a transição da liderança do partido, tivesse sido recusada.

 

Segundo o secretário para a Informação do bureau político do MPLA, não houve rejeição da proposta do líder, mas sim "um melhoramento" da mesma: "Estamos a evoluir positivamente, estamos a trabalhar com bastante harmonia e coesão, é evidente que há situações que, em sede das quais, poderá haver uma abordagem mais crítica, menos crítica, o que é normal, estamos em democracia e é isso que nós queremos, um partido cada vez mais democrático, cada vez mais aberto".

 

Nos últimos tempos têm crescido os comentários na sociedade angolana sobre a existência de uma suposta bicefalia entre o chefe de Estado angolano e vice-presidente do MPLA, João Lourenço, e o líder do partido, José Eduardo dos Santos, em que se incluem críticas internas sobre a situação.

 

José Eduardo dos Santos, líder do MPLA desde 1979, anunciou em 2016 que este ano deveria deixar a vida política ativa.