Luanda -  Abel Chivukuvuku aparenta estar determinado a voltar a disputar a liderança da UNITA a Isaías Samakuva – desta feita por meio de um congresso extraordinário para cuja convocação julga contar já com apoios suficientes (a petição respectiva deve ser subscrita por 2/3 dos membros da CP).

"Golpe de Estado" no Galo Negro

ImageNo círculo mais próximo de A Chivukuvuku a intenção que lhe é atribuída de provocar a convocação de um congresso extraordinário é dada como definitiva e irreversível; também corre que denota grande confiança numa vitória – cenário baseado em apoios individuais que lhe têm sido manifestados.

A aspiração principal de A Chivukuvuku é, porém, a de se candidatar às eleições presidenciais, previstas para 2010, como adversário de José Eduardo dos Santos. Uma disposição dos estatutos da UNITA prescreve que o candidato presidencial seja o seu próprio líder; outro membro do partido que se candidate incorre na sanção de expulsão.
Se o propósito da convocação de um congresso extraordinário não se concretizar ou, concretizando-se, se não conseguir ser eleito, A Chivukuvuklo admite apresentar-se como candidato independente às eleições presidenciais – embora esteja a ser aconselhado a não o fazer por que a sua identificação com a UNITA lhe acrescenta valor.

2 . A convicção de A Chivukuvuku de que congrega apoios internos suficientes para levar por diante um processo de convocação de um congresso extraordinário e vir a ser eleito, é proporcional à ideia generalizada de que I Samakuva está agora “muito desgastado” e ele próprio é encarado como alternativa de liderança.

Avaliações neutras definem a actual robustez da liderança de I Samakuva, como líder da UNITA e da oposição em geral, nos seguintes termos:

- Na UNITA: mantém o apoio das bases (massa de militantes e simpatizantes); perdeu o apoio de parte substancial da direcção; os quadros do partido (grupo intermédio da hierarquia partidária) distanciaram-se dele.
- Na sociedade: esbateu-se o prestígio que tinha como líder da oposição ao regime e é menor a confiança nele depositada.

O ofuscamento da aura de I Samakuva, no partido e na sociedade, é o reflexo do desaire eleitoral da UNITA em 2008 (também descrito como humilhação) e do estado considerado letárgico a que o partido se remeteu a seguir; os seus adversários argumentam que lhe falta carisma pessoal e rasgo político para reavivar o partido.
Em princípio I Samakuva deveria retirar-se da direcção em 2011 devido a um impedimento estatutário de se candidatar a um terceiro mandato. Mas a disposição
respectiva foi removida dos estatutos – o que foi visto como manifestação da sua intenção de se manter na liderança.

3 . O estado actual da UNITA em termos de credibilidade e apoio popular é considerado baixo. O fenómeno é atribuído a uma retracção da sua implantação no terreno e a um afrouxamento da sua acção política – duas realidades atribuídas à falta de meios decorrente de uma redução das verbas do orçamento que lhe eram destinadas.

Análises pertinentes sustentam que a UNITA se expõe ao risco de ser “cilindrada” (sic) em próximas eleições legislativas se persistirem factores como a actual inacção e, por via da mesma, falta de notoriedade social e mediática. Esta conjectura apoia-se num dado novo: a UNITA, com o desaparecimento de Jonas Savimbi, perdeu importância como referência certa para os ovimbundu.

A menor confiança que hoje em dia se nota na população em relação à UNITA, incluindo nas áreas dos ovimbundu, também é alimentada pela noção de que está dividida internamente e de que tal realidade se vai prolongar no tempo em razão A Chivukuvuku não se ter assumido como alternativa nem agir em conformidade.

4 . Ultimamente A Chivukuvuku quebrou o mutismo a que se remeteu praticamente desde o congresso de 2007 para prestar declarações públicas – que vão prosseguir. Deduz-se que visou com isso instigar o debate de temas do seu interesse numa reunião próxima da CP e, paralelamente, suscitar/medir apoios internos.

Fonte: AM