Luanda - O primeiro secretário-executivo da Comunidade dos Países de Língua Portuguesa (CPLP), Marcolino Moco, considerou hoje que a "pequena crise relacional" entre Angola e Portugal no caso que envolve o ex-vice-Presidente angolano "beliscou" a ação de Angola junto da organização.

Fonte: Lusa

Em declarações à Lusa, o político angolano referiu que "aquilo que seria uma ação mais positiva de Angola junto da CPLP foi um pouco prejudicada agora com esta pequena crise relacional que houve com Portugal devido ao caso Manuel Vicente".

"Já me exprimi várias vezes que é das poucas coisas que eu não gostei da parte do Presidente, João Lourenço, esta questão da defesa ou da colocação da soberania de Angola a favor de uma pessoa", afirmou.

O processo de Manuel Vicente no âmbito da Operação Fizz, foi separado do processo principal e enviado para Angola, por decisão do Tribunal da Relação de Lisboa.

 

O julgamento da Operação Fizz teve início em 22 de janeiro e assenta na acusação de que o ex-procurador Orlando Figueira recebeu 760 mil euros para arquivar processos de Manuel Vicente no Departamento Central de Investigação e Ação Penal (DCIAP), um deles, o caso da empresa Portmill, relacionado com a aquisição em 2008 de um imóvel de luxo situado no Estoril.

Este processo condicionou durante os últimos meses as relações entre Angola e Portugal e só depois de concretizada a transferência do processo é que foi fechada a visita oficial a Luanda do primeiro-ministro português, António Costa, agendada para 17 e 18 de setembro próximo.

Cabo Verde acolhe na terça e na quarta-feira, na Ilha do Sal, a 12ª cimeira de chefes de Estado e de Governo da CPLP, ocasião que vai igualmente assinalar os 22 anos de existência da organização.

De acordo com Marcolino Moco, Angola deveria ter um maior protagonismo junto da CPLP reforçando antes o seu papel como eixo ou locomotiva dos Países Africanos de Língua Oficial Portuguesa (PALOP), pois, adiantou, o "país tem muito a ganhar pela sua potencialidade".

"E infelizmente Angola não tem feito isso. Vamos ver agora que entramos numa nova era porque na anterior era não havia grande preocupação de Angola agir dentro das organizações internacionais, hoje o sentido é outro devido ao trabalho que o Presidente angolano tem feito nos últimos tempos junto de outras organizações africanas", realçou.

Por isso, considerou, "há sinais positivos que o Presidente tem dado" de que se "empenhará na aceleração da ação de Angola junto da CPLP que é uma organização de grande importância" para o país.

A última cimeira da CPLP decorreu em Brasília, capital do Brasil, a 31 de outubro e 01 de novembro de 2016, quando a presidência brasileira assumiu como prioridade a implementação dos Objetivos do Desenvolvimento Sustentável (Agenda 2030, definida pelas Nações Unidas).

A CPLP é composta por Angola, Brasil, Cabo Verde, Guiné-Bissau, Guiné Equatorial, Moçambique, Portugal, São Tomé e Príncipe e Timor-Leste.