Luanda - O Grupo da Reflexão da sociedade civil de Cabinda (GR) seguiu e continua a seguir com atenção, apreensão e preocupação os acontecimentos do passado dia 11 de Agosto, sábado, que levaram a detenção de 9 (nove) jovens do denominado MIC− Movimento Independentista de Cabinda.

Fonte: Club-k.net

1− Condena a postura enérgica, excessiva e repressiva do governo em face duma situação que devia antes ser encarada (tratada) com medidas pedagógicas e de apaziguamento, em vez do recurso a uma força desproporcionada e a tomada de medidas violentas e ofensivas da liberdade e dignidade dos cidadãos. A situação é tanto mais grave e inaceitável quanto mais os jovens teriam dado a conhecer a sua intenção de realização do acto cívico, o que teria dado às entidades competentes a ocasião de os convocar para abordar com eles as questões por eles suscitadas, encaminhando-os para «fora» (forums), mecanismos e estruturas mais adequados e consentâneos à discussão e ao tratamento de tais problemas. Deixá-los preparar a sua actividade e atraí-los para uma espécie de cilada e preparar as condições para intervenção musculada e uma violenta repreensão foi a pior estratégia, a todos os títulos condenável e inaceitável.


2− Apela os jovens a se manterem calmos e a adoptarem uma atitude mais dialogante e a defenderem, divulgarem e promoverem as suas ideias de maneira pacífica, sem se deixarem dominar pelas emoções e paixões.


3− Interpela o governo da República de Angola a cumprir o seu compromisso de resolver o problema de Cabinda pela via do dialogo, mais com sinceridade, responsabilidade e transparência, no respeito de direito e da justiça e encarando a verdade e o reconhecimento da especificidade histórica, geográfica e cultural de Cabinda e tirando todas as elações politicas e jurídicas que decorrem desse reconhecimento.


4−Lembra que uma politica de permanente repressão e intimidação, de escamoteamento da verdade e de esvaziamento da realidade (assente na já reconhecida especificidade histórica, cultural e geográfica de Cabinda) só conduz a um endurecimento das vítimas dessa politica injusta e degradante e a uma espécie de radicalização que facilmente poderá ser sustentada no tempo e será cada vez mais contestada e combatida pelo povo em geral e pelos jovens em particular, que não aceitarão nem tolerarão a manutenção do actual status quo (relativamente ao estatuto e aos grandes problemas que Cabinda vive).


5− O povo de Cabinda e o GR em particular reclamam e exigem que o governo da República de Angola passe das meras palavras aos actos concretos e de pleno significado, que inicie um debate livre, publico e aberto sobre o problema de Cabinda, e que a especificidade histórica, geográfica e cultural de Cabinda, já formalmente reconhecida pelo mesmo se traduza na aceitação do estatuto politico e jurídico adequado a tal especificidade, corrigindo-se assim, de maneira radical, apropriada (correcta) e definitiva, uma situação que, manifestamente, esta muito mal.

Cabinda, 13 de Agosto de 2018.

Pelo GR− Grupo de Reflexão,

Félix Sumbo