Luanda - Em Março de 2018, o presidente da Namíbia, Hage Geingob, disse que a China não está colonizando a África, e que a crescente cooperação entre a segunda maior economia do mundo e a África beneficia ambos os lados.

Fonte: Club-k.net

Neste artigo motivado pelas recentes informações de que o Executivo de JLO está a negociar mas uma nova linha de credito para infra-estruturas, tentaremos provar se a narrativa acima tem algum mérito.

Decorre desde Maio em Windhoek - O caso em que o Ministro da Fazenda, Calle Schlettwein, está a responder sobre a mega fraude envolvendo scanners comprados na China. Ele não tinha ideia de como a Teko Trading, que supostamente cobrou mais de US $ 12 milhões em 'comissão', se envolveu no acordo altamente controverso.

A ex-presidente da Comissão de Serviços Públicos, Teckla Lameck, sua parceira de negócios na Teko Trading, Jerobeam Kongo Mokaxwa e a chinesa Yang Fan estão em julgamento no Supremo Tribunal de Windhoek perante a juíza Christi Liebenberg em conexão com a inflação do preço deste acordo.

Tudo começou quando a China concedeu à Namíbia um grande empréstimo com juros baixos, que a Namíbia aproveitou para comprar US $ 55,3 milhões em scanners de carga para contentores em terminais aeroportuários, feitos na China para dissuadir os contrabandistas. Foi uma boa ilustração, disseram autoridades chinesas, sobre como fazer negócios na Namíbia também pode ser bom para a China.

A Namibia foi barrada pela China para procurar outros fornecedores. E tudo piorou quando a Namíbia denunciou que a empresa estatal selecionada pela China para fornecer os scanners - era uma empresa até recentemente administrada pelo filho do presidente Hu - e que havia facilitado o acordo com milhões de dólares em propinas ilegais. Não tardou para logo a China erguer barreiras quando investigadores da Namíbia pediram ajuda para investigar o assunto.

Quando tentei analisar um pouco mais, sobre este caso da compra dos scanners comparando com o que aconteceu com a construção da centralidade do kilamba que até o cimento veio da China e o caso dos caminhos de ferro de Angola que todos os equipamentos vieram da China dentro das linhas de crédito que até hoje ninguém sabe o método e os juros aplicados, pareceu ilustrar outra coisa: um grande sigilo e acordos nebulosos que obscurecem o uso de bilhões de dólares em ajuda externa para iludir o mundo em desenvolvimento.

Em termos de contexto situational, as últimas três décadas assistiram uma mudança marcante nas relações internacionais da África. Embora a geografia tenha favorecido historicamente um foco europeu - especialmente no norte da África - o continente mudou seu olhar para o leste.

Vejamos por exemplo o caso recente do Zimbabwe que antes mesmos de serem declarados os resultados finais das eleições de Julho o Ocidente já renovou as sanções que causaram já tanta miséria ao país. Assim mesmo quando Dragão Chines dominar o Zimbabue, quem vai criticar o Governo?

Angola, recorde-se foi colocada na mesma encruzilhada, depois da cimeira de Bruxelas com os doadores. Portando, olhar para o leste tem sido a única saída, e se bem gerida, poderá muito bem dar uma grande lição ao Ocidente.

A China catapultou-se de ser um investidor relativamente pequeno no continente para se tornar o maior parceiro econômico da África. O comércio entre a África e a China devera crescer mais de 20% ao ano, fazendo parecer que o Dragão Chinês é o novo rei da selva africana.

A verdade que JLO prefer ignorar, é que todo o investimento Chinês em África, esta estruturado em torno da propriedade chinesa, com cerca de 90% das empresas controladas pelo governo, ou controladas diretamente por chineses.


Calcula-se que existam mais de 10 mil empresas chinesas em África que criaram trabalho para vários milhões de Chineses e alguns poucos africanos. Esse estímulo económico, continua a não ter o impacto econômico significativo em comunidades repletas assimetrias de disparidades econômicas e históricas como é o caso de Angola.

Hoje de Angola, as Filipinas, ao Paquistão, a Nigéria, etc, a China está usando seu enorme estoque de poupança em moeda estrangeira, para consolidar alianças diplomáticas, garantir acesso a recursos naturais e gerar negócios para suas principais empresas. A ajuda externa - tipicamente empréstimos com taxas reduzidas, às vezes combinados com linhas de crédito mais comerciais - é fundamental o rebuçado usado para endossar as bocas dos líderes corruptos dos países como o nosso, em abraçar estas linhas de créditos concedidas com métodos nunca transparentes.

Assim, líderes de nações em desenvolvimento como Angola, abraçaram a narrativa e o discurso de vendas e empréstimos fáceis da China, sem demandas, aquelas comuns no estilo ocidental que requer por reformas políticas ou econômicas, para uma série de necessidades não atendidas.

No nosso caso e outros, os resultados podem ser vistos claramente em novas estradas, usinas de energia como Lauca, ainda temos assim mais de 200 projetos no continente desde 2001, muitos financiados com empréstimos preferenciais do Exim Bank do governo chinês.

Como Angola chegou até aqui comandando a maior fatia dos empréstimos chineses estimada em mais de Usd 30 biliões?

Conforme contou-me em 2007, o filho do embaixador José Manuel Bernardo, que dou acreditado na China no início deste século, tudo começou com a visita de uma delegação de homens fortes de negócios da China ligados o partido comunistas. Isso logo após a a morte do líder rebelde da UNITA o Dr. Jonas Savimbi em 2002. Uma vez analisado o contexto da proposta da China para seus investimentos para Angola, o Embaixador despachou seu filho, Tony, para Luanda e o resto é história.

História essa, que resultou na Casa Militar tomar das negociações e um consequente control da linha de credito da China e tendo permitido que o Embaixador que trouxe o negócio dos chineses fosse contemplando com grandes somas em comissões de acordo com o pronunciamento do próprio filho.

As relações da China com os países africanos, representam uma tendência crescente nas relações internacionais e na cooperação Sul-Sul. Um aspecto importante desses contatos é a assistência financeira da China e a implantação de empréstimos para infraestrutura apoiados por recursos naturais do país receptor.

Angola, sabe-se que é o maior fornecedor de petróleo a China, enquanto a China é o maior doador a Angola, tendo fornecido a Angola mais 30 mil milhões de dólares em linhas de crédito garantidas por petróleo. Esses fundos, deviam ser canalizados para a reconstrução e desenvolvimento de Angola, mas até que se prove contrário, o país e os angolanos pouco ou nada beneficiariam destes investimentos.

A assistência financeira chinesa a Angola, e suas implicações subsequentes para o desenvolvimento do nosso país, deviam ser tema de grandes debates no seio da nossa juventude.

Já o MakaAngola na sua publicação de 17 de Abril, 2017, num artigo sobre o investimento chinês que a meu ver foi altamente brilhante, e eu cito: “quando as linhas de crédito chinesas começaram a surgir em Angola, foram consideradas uma benesse para o país e para o continente africano.


Politicamente, os chineses não se imiscuíam nos assuntos internos, e economicamente a sua aproximação era muito competitiva. Uma lufada de ar fresco depois das múltiplas explorações das potências coloniais e ocidentais. A intervenção chinesa obedecia àquilo a que se chamou o “Modelo Angolano”. Este modelo começava com um empréstimo de vários biliões de dólares a taxas de juro muito baixas, concedido ao governo de Angola pela China. De seguida, o governo de Angola usava esses empréstimos na construção de infra-estruturas que eram adjudicadas a empresas chinesas. Finalmente, os empréstimos eram pagos por Angola à China em petróleo”.

E Cuba que sacrificou os seus melhores filhos tombados nas terras de Angola? O que ganhou? Hoje Cuba é notícia de ontem em Angola e a China é considerada a onda do futuro. Mas o que estás a visão miopica do actual executivo vem sonhando e que: Os engenheiros chineses vão remediar a falta de infra-estruturas básicas do país tais como, aeroportos, caminho de ferro e estradas, não provaram esse sonho, nada veio barato e funcional. A semelhanças dos scanners da Namíbia, foi tudo encarecido e sem concorrência. Como resultado, o aeroporto internacional que a CIF deveria ter entregue em 2016 não aconteceu, os Caminho de Ferro de Angola não têm respondido e acompanhado o progresso do país.

A China, com base na sua própria experiência em casa, fez no início fazer crer aos líderes políticos angolanos que estes demonstrariam como o desenvolvimento pode ser dado a Angola como substituto das liberdades civis e dos direitos humanos. O prêmio para o MPLA e sua camarilha seria um “boom económico” que lhes daria legitimidade para continuarem a governar Angola depois de 42 anos no poder. O prêmio para os chineses, isto é tangível, o constante acesso aos abundantes recursos naturais e minerais de Angola, especialmente o petróleo. Em 2010, Angola ultrapassou a Arábia Saudita para se tornar o maior fornecedor de petróleo bruto a China.

Portanto, o Dragão Chinês, devido à sua crescente visibilidade e poder crescente, juntamente com o apoio de um MPLA/Governo cada vez mais corrupto, para usar uma frase americana dos anos 60, tornaram-se parte do problema e não parte da solução.

Infelizmente, mesmo assim ainda falamos em negociar mais uma linha de crédito de 11.700 milhões de dólares (10.180 milhões de euros) para projetos de infra-estruturas, incluído o acabamento do aeroporto de Luanda. isso é azar.

Sou apologista de uma paz duradoura para Angola, que a guerra nunca mas volte aqui. Mas sendo que não há paz social, sendo que a pobreza é miséria são o dia a dia da grande maioria do povo angolano, isto porque o investimento chinês não garantiu nenhum crescimento económico e progresso, por quanto tempo, falaremos dos benefícios recíprocos entre a Palanca Negra Gigante e o Dragão Chinês?