DISCURSO PRONUNCIADO POR SUA EXCELÊNCIA JOSÉ EDUARDO DOS SANTOS, PRESIDENTE DA REPÚBLICA DE ANGOLA, NA ABERTURA DE CONVERSAÇÕES POR OCASIÃO DA VISITA DE ESTADO DE SUA EXCELÊNCIA JACOB ZUMA, PRESIDENTE DA REPÚBLICA DA ÁFRICA DO SUL

 

Luanda, 20 de Agosto de 2009


ImageSUA EXCELÊNCIA JACOB ZUMA,
PRESIDENTE DA REPÚBLICA DA ÁFRICA DO SUL,
SENHORES MINISTROS E MEMBROS DAS
DELEGAÇÕES DA ÁFRICA DO SUL E DE ANGOLA,
MINHAS SENHORAS E MEUS SENHORES,


Tem para nós um significado muito especial que Vossa Excelência tenha escolhido Angola para a sua primeira Visita de Estado ao exterior.

Sentimo-nos por isso muito honrados e desejamos que esta visita seja um grande êxito.

Os nossos povos estão ligados por um passado de luta comum desde os tempos dos chamados Países da Linha da Frente, que coordenaram os esforços de África no combate contra o "apartheid".


Com a extinção do sistema de "apartheid" e dos movimentos armados que este promovia e alimentava, a África Austral transformou-se numa zona de paz e estabilidade, caracterizada por um ritmo de desenvolvimento assinalável e por um processo de integração económica com perspectivas favoráveis.

As relações históricas que unem os nossos países necessitavam de um novo alento para se desenvolverem ainda mais e se guindarem aos patamares de excelência.

 A presença entre nós de Vossa Excelência oferece-nos a ocasião ideal para explorarmos de forma mais criativa todas as possibilidades para ampliarmos a cooperação entre os nossos dois países em todos os domínios.

O Governo angolano está disponível para intensificar essas relações com a África do Sul.

Considera que devem ser criadas condições políticas, jurídicas e financeiras para que os operadores dos dois países possam desenvolver formas e modalidades de relacionamento profícuo, capaz de corresponder às expectativas dos dois povos.

Para tal há vontade política, há potencialidades e oportunidades e tudo depende da capacidade empreendedora de as materializar.

Uma parceria estratégica entre os nossos dois países pode contar com a solidez e a capacidade técnico-científica da economia sul-africana e com o aproveitamento de várias oportunidades de negócios que Angola pode oferecer nesta fase de reconstrução nacional.

Apesar de se encontrarem ainda em estágios diferentes de desenvolvimento, as economias dos nossos dois países já são hoje as de maior peso na África Austral e Central.

Nós estamos igualmente abertos à criação de uma renovada dinâmica entre Angola e a África do Sul, que conduza à progressiva integração regional e que permita que a SADC se torne um motor de desenvolvimento da nossa sub-região e mesmo do resto de África, em prol do bem-estar e felicidade dos povos africanos.

É importante também a conjugação de esforços entre nós e outros países da sub-região para a redução dos efeitos da crise económica e financeira mundial nos países da SADC, em geral, e nos nossos dois países, em particular.

Das lições retiradas da actual crise mundial, ressalta a necessidade de reforma das instituições do sistema de Bretton Woods e a necessidade de as organizações internacionais de natureza económica e financeira exercerem fiel e escrupulosamente um papel regulador das relações internacionais.

Com efeito, importa que a expansão dos mercados não crie ilusões de desenvolvimento, ao esconder no seu seio graves distorções estruturais, mas que traduza, antes de tudo, uma estabilidade económica e socialmente sustentável.

Compreendemos assim que o êxito de qualquer relação reside na compatibilização de interesses.

Excelência,

Tal como no passado, os nossos dois países poderão continuar a empreender esforços conjuntos em novos processos a favor da paz, da democracia e do progresso social em África.

 Consideramos que podemos trabalhar juntos também na luta contra a pobreza e o desemprego; contra as grandes endemias e pandemias como a malária, a tuberculose e o HIV-SIDA, assim como no combate contra a criminalidade organizada e transfronteiriça.

Podemos igualmente ter uma actuação mais concertada a nível da União Africana e de outras instâncias internacionais, de modo a fazer valer uma voz comum na resolução dos graves desafios que se colocam à Humanidade, como a preservação do ambiente; o combate ao terrorismo, ao tráfico de drogas e à imigração ilegal e a todas as formas de fundamentalismo político e religioso.


Excelência,

Desejo-lhe, a si e à sua ilustre delegação as mais cordiais boas-vindas a Angola e uma boa estadia entre nós, esperando que se sinta em casa própria.

Fonte: Angop