CORRENTE DE OPINIAO DA NOVA METALIDADE DO MPLA/U.T.-MPLA

RETORNO A LINHA POLITICA DO MPLA DEPENDERÁ  DOS DELEGFADOS AO 6 CONGRESSO DO PARTIDO A REALIZAR-SE EM DEZEMBRO DE 2009

Na jornada do dia do Herói Nacional, O então Saudoso Presidente Neto .- Propomos que cada militante e delegado as conferencias Provinciais analisasse e meditasse no que abaixo se segue.

Ao abordar o problema da criação do Partido da classe operária, orientado pelo marxismo-leninismo tenho presente que sem o mais profundo e reflectido estudo e análise das mais importantes obras de Lénine sobre a matéria, é inquestionavelmente impossível avançar com serenidade na questão. Estas obras são: primeiro” QUE FAZER?”e segundo,”UM PASSO EM FRENTE E DOIS PASSOA À RECTAGUARDA”. A fórmula ideológica do problema da criação do Partido leninista está contida na primeira obra, enquanto que a segunda trata a teoria da organização, seus princípios, métodos e normas de disciplina interna.

É evidente que não há duas revoluções rigorosamente iguais, a modalidade histórico-concreta não se repete uniformemente nas diferentes épocas, nos distintos países. Daqui decorre o carácter fluido, dinâmico e por isso diversificado em relação ao problema de como surge um Partido leninista.

As condições concretas e específicas da cada revolução nacional não anulam, entretanto, as leis gerais descobertas por Lénine sobre os princípios e métodos do Partido. Pelo contrário, o que muda e varia constantemente são as formas e não o conteúdo universal. Em termos filosóficos diria que o concreto reflecte de modo específico e peculiar as leis gerais. Isto é assim porque o singular não existe sem o geral, constitui aspectos da realidade objectiva, organicamente interligados. Para uma linguagem mais clara: seja qual for a infinitude da variedade das formas de surgimento do Partido leninista , a verdade é que o Centralismo democrático, a direcção colectiva, a unidade de acção e vontade, são leis invioláveis quer na teoria quer na prática revolucionária. Logicamente, Angola, com tudo o que lhe é singular, concreto e específico, não pode, desculpem-me, fugir artificialmente à regra, não pode constituir excepção.

Da tese exposta é  possível extrair uma primeira conclusão de carácter geral – um Partido leninista surge, em toda a parte, como síntese necessária da luta ideológica que se trava entre opiniões e concepções diferentes e, às vezes, posições opostas no momento anterior à sua criação.

Se repararmos bem, se procedermos cientificamente ao estudarmos e analisar-mos o MPLA actual como organização; se investigarmos criteriosamente as opiniões contraditórias ora em presença, no que toca à própria interpretação de regiões mais complexas dos nossos próprios estatutos; se compreendermos serenamente que as intervenções públicas de dirigentes do nosso MPLA que se pronunciam sobre a questão do Partido entram em contradição com a fórmula genérica e programática que se pode ler nas Resoluções do 3º Plenário do Comité Central; se não nos queremos iludir, concluiremos, pelo menos, no que é a minha opinião, que há, no fundo, duas concepções em oposição velada, em relação não só às formas de criação como em relação ao próprio conteúdo. Uma leitura crítica da entrevista do Secretário Administrativo do Bureau Político que vem na AFRIQUE-ASIE, número especial (11 de Novembro), diz-nos claramente do ecletismo como conteúdo e do objectivo de um partido leninista no sentido rigoroso do tempo.

Com efeito, um dos indicadores infalíveis que fundamentam a dúvida inquietante dos militantes hoje é o visível e real domínio relativo de certas estruturas funcionais do MPLA por individuais que não são esquerdistas do tipo clássico, mas militantes da”nova esquerda”, ultra-revolucionários da nossa época – os maoístas. Expressão factual dessa verdade é o terem militado activamente nos Comités CAC’s e similares, e prosseguirem mais ou menos vela demente a defesa na prática das respectivas posições teóricas. Para estes comités, o maoísmo é o leninismo da época dos”dois imperialismos”, das duas”super potências”. Teses impregnadas dum reaccionarismo atroz. Muitos deles, segundo revelações posteriores, militaram no MRPP (de Portugal) e mesmo em Luanda recebiam jornais desse e de outros grupelhos maoístas em Portugal.

Apesar de todas as denúncia feitas até por camaradas que se haviam infiltrado no meio dos CAC’s para melhor identificar fisicamente os seus elementos mais destacados e activos, conhecer os seus objectivos e prática, apesar de todos estes esforços militantes e revolucionários desses camaradas, a verdade é que tais elementos dominam neste momento o sistema ósseo e muscular da Organização – estavam mesmo no DIP. DOP e DOM (como activistas, neste último caso), tendo-lhes sido mesmo confiada a direcção real e a redacção do Vitória é Certa, onde destilaram o seu ódio à União Soviética (número e exemplares do V.C. sobre o assunto foram por mim exibidos no 3º Plenário do Comité Central), o seu ódio aos”agentes de Moscovo”, ao anti-sovietismo subtilmente escamoteado. O que é muito mais curioso, estes camaradas não são expulsos daquelas estruturas, mas antes pelo contrário, são patriarcalmente ralhados, e voltam à vontade, a funcionar. Como demonstrei atrás, a social-democracia moderna necessita deles, não pode passar sem o concurso teórico dos maoístas. Porque se entendem numa ampla e decisiva plataforma estratégico-táctica – o anti-sovietismo. Compreende-se agora melhor porque razão o actual Secretário Administrativo do Bureau Político tem e demonstra um empenho e zelo especiais em manter os CAC’s e similares ao nível daquelas estruturas. Isto, por seu lado, corresponde também à estratégia dos próprios maoístas, que reconhecem a necessidade da sua”aliança com a social-democracia no seio do MPLA , para isolar os”pró-soviéticos”, a quem chamam de revisionistas. Estas são as palavras textuais dos maoístas e a sua acção prática é neste caso, também critério de verdade. E esta prática da santa-aliança encontra-mo-la sem muitos esforços na vida interna do MPLA como organismo vivo.Para conseguirem os seus objectivos reaccionários, a nível do jornal e da rádio (Angola Combatente com o pobre e enganado Sousa – locutor) desencadearam uma louca e histérica campanha de calúnias legalizadas: o acento do oportunismo, a quem se deve dar”combate de vida ou de morte”, segundo o locutor. É dirigido na verdade ao “agente de Moscovo”, que sou eu.

É claro que o Secretário Administrativo do Bureau Político, para assegurar os seus homens, tem de utilizar artimanhas; ora diz que os”CAC’s foram um perigo”(como se algum dia tivessem desaparecido definitivamente), ora, diz que”os CAC’s são fantasmas”, na”actualidade não existem”. Mais tirando-lhes o véu de CAC’s com que se casaram os mesmos maoístas são apresentados pelo novo noivo e num outro altar como militantes disciplinados, íntegros, respeitadores da linha política do MPLA, etc.

Até  quando durará esta hipocrisia, esta grosseira demagogia no seio do MPLA?Quando é que o Comité Central tomará a sério as suas responsabilidades históricas?Quando é que serão repostos os métodos democráticos de trabalho e de acção?

Em contrapartida, desde que o membro do Comité Central Lúcio Lara (Administrativo ou Geral?) todo o processo de promoção normal para as estruturas do MPLA é dificultada engenhosamente, a todos quantos não são anti-soviéticos. Não recua nem hesita em ameaçar violentamente (violência por métodos aparentemente persuasivos) militantes que, pela sua formação ideológica não adoptaram as posições anti-soviéticas.

Ora, o maoísmo revelou a sua face reaccionária diante do proletariado mundial. O anti-sovietismo há muito ficou classificado de instrumento da contra-revolução, instrumento da reacção ao serviço do imperialismo, sobejamente conhecido já pelo seu papel de divisão do movimento comunista internacional. O maoísmo desferiu um rude golpe ao movimento revolucionário mundial, ao movimento de libertação nacional. Em Angola só uma atitude cínica desonesta, em suma reaccionária, ou então uma miopia política pode dissimular o carácter reaccionário da política de Pequim; aqui, o maoísmo desmascarou-se até à medula. Historicamente falando, as armas de Pequim e outro material bélico enviado aos fantoches angolanos participaram activamente no massacre real do Povo Angolano, à classe operária e a todos os trabalhadores do nosso País. Creio que o Secretário Administrativo do Bureau Político não desconhece esta acontecimento da nossa História.

Inclino-me a pensar também que a maioria esmagadora do Comité Central do MPLA conhece a atitude do Partido Comunista Chinês em relação ao Chile, ao Sudão, ao Bangladesh, à luta do Povo Sul-Africano, etc. O maoísmo, como heresia em relação ao marxismo-leninismo, como concepção filosófica-política pequeno-burguesa e chauvinista do mundo é hoje assunto arrumado para o pensamento marxista-leninista.

Se isto é assim, ouso perguntar por que razão se mantêm os maoístas militantes e inveterados no sistema cérebro-espinal do MPLA? Se isto é assim, como é que se explica a atitude protectora do Secretário Administrativo do Bureau Político aos maoístas? Qual é o objectivo desta santa-aliança a médio e longo prazos? Quem lucrará com esta aliança? A revolução ou a contra-revolução?

“Quando se trava uma luta prolongada – escreve Lénine no prefácio ao seu livro “Um Passo em Frente Dois Passos à Retaguarda” – obstinada e ardente, chega-se normalmente a um momento em que começam a aparecer os pontos litigiosos, centrais e essenciais cuja solução determinará o resultado final da luta e ao lado dos quais os episódios menores e significantes da disputa são cada vez mais relegados para segundo plano.”(28) V.I.LENINE. Obras Escogidas. Tomo I, pág. 281, Editorial Progresso, Moscovo.) O sublinhado é proposto por mim.

Tudo acontece como no MPLA de hoje, onde a questão principal que não pode ser iludida: é saber se construiremos um Partido leninista ou uma versão de partido social- democrata aqui e ali ornamentado com cores do maoísmo. As querelas, os embates menores e insignificantes não podem perturbar a solução adequada a esta questão. Da solução correcta desta questão dependerá a sorte da nossa revolução. Com efeito, a criação dum partido marxista-leninista pressupõe sempre e em toda a parte uma luta.

Na teoria, nos textos oficiais do MPLA, nos discursos dos seus dirigentes aceitamos, lemos e ouvimos que o marxismo-leninismo é o nosso guia para a acção.

O que observamos na prática organizativa do MPLA? Os militantes vêm claramente que, do ponto de vista da prática organizativa, há um aproveitamento de direita em relação aos textos oficiais do MPLA, há um nítido avanço da santa-aliança social-democracia e maoísmo.

Como sempre no mundo da revolução socialista, as divergências que separam a ala direitista dum lado, e a esquerda doutro lado, manifesta-se imediatamente no que respeita aos problemas de organização, visto que é fácil encontrar relativo”acordo”. Mas como? Com que Partido? Organizado em que moldes? Com que base ideológica? Eis o problema Central da polémica.

Na História do partido Comunista da União Soviética nós encontramos Lénine, em aceso debate com a ala oportunista em matéria de organização, momentos antes da criação do Partido. É a história da luta dos bolcheviques contra os mencheviques e os socialista revolucionários.

Os pontos de vista divergiam quando se punha a questão de saber”por onde começar a fundação dum Partido único da classe operária”. Certos membros da organização pensavam que a criação do Partido começaria pela convocação dum Congresso (O II Congresso do POSDR). Sabemos que Lénine era rigorosa e firmemente contra este modo de ver a questão, tendo em vista o passado e o presente do movimento operário. Lénine acentuava que antes de convocação dum Congresso, importava”estabelecer claramente os objectivos e as tarefas do partido; era preciso saber que partido se pretenderia criar; era preciso delimitar-se ideologicamente dos”economistas”, era preciso dizer honestamente ao partido e com toda a franqueza que havia duas opiniões diferentes sobre os objectivos e as tarefas do Partido.”

Com toda a coragem que o caracterizava, Lénine escreveu a esta respeito, cito

“…antes de nos unificarmos, era necessário delimitar os nossos campos.”(29 V.I.LENINE. Obras Escolhidas. Tomo I, pág. 285, Editorial Progresso, Moscovo.) Resolvi sublinhar.

É inegável que não se pode ser dogmatista nesta questão. Importa sempre ter em presença o surgimento e desenvolvimento de novos fenómenos nas condições histórico-concretas. Contudo, como já acentuei, o singular, o concreto não nega o geral, o universal, reflecte-o apenas de modo específico. Ora, o que há de geral na fundação do partido leninista é a clara delimitação dos campos em contradição. Eu digo, antes de formarmos o Partido no próximo Congresso há que denunciarmos o anti-sovietismo, delimitarmos dele.

Se não, vejamos o caso mais próximo na história, onde o singular não negou o geral, onde o concreto não negou o universal – é a fundação do actual Partido Comunista Cubano.

Fidel não teve ilusões. E houve que demarcar -se claramente do eclectismo filosófico na criação do partido, houve que garantir a pureza do marxismo-leninismo, desinfesta-lo corajosa e oportunamente de todas as concepções oportunistas; houve, enfim, que adoptar-se uma atitude coerente e igualmente corajosa contra o anti-sovietismo. Houve que distinguir o que era preciso combater do que era preciso corrigir.

Claro, isto não aparece suavemente, inerte, de forma acabada. É o produto da luta ideológica.

As condições histórico-concretas em que neste o Partido Comunista Cubano, encontraram a necessidade de consulta aos trabalhadores. No livro”teses e Resoluções do Primeiro Congresso do Partido Comunista Cubano, encontramos, logo no último parágrafo da página 15, cito: “Em 1962 começou-se a construção do Partido, segundo o princípio de uma selecção rigorosa e individual e apoiada na consulta aos trabalhadores.” Fim da transcrição. Nenhuma fundação ou criação do partido leninista pode pois silenciar o problema da delimitação dos campos opostos.

Que partido teremos nós em Angola? Marxista-leninista respondemos todos em uníssono.

Porém, não será  partido leninista aquele em que reine o ecletismo, a ambiguidade ideológica, o maoísmo. Esta hibridez ideológica que cristaliza doutrinas políticas heterocíclicas não pode ser mantida nas fileiras do partido.

A consulta aos trabalhadores, desde já, a partir do princípio das”assembleias de eleição de trabalhadores exemplares como forma de consulta às massas, e integrando o processo selectivo para o ingresso no partido”, esta forma de acção revolucionária deve ser aplicada. Há que definir os critérios de selecção dos trabalhadores exemplares. Enfim, na prática, a classe operária, minimamente organizada, tem de se pronunciar activamente.

Coloco concretamente o problema da delimitação, o problema de nos delimitarmos antes de nos unirmos num partido único:

A santa aliança da social-democracia com o maoísmo, constitui, no plano da contradição fundamental (diferente da contradição principal) constitui, dizia, o verdadeiro obstáculo ao desenvolvimento e consolidação do processo organizativo. Ficou demonstrado que o anti-sovietismo, instrumento da reacção, está em contradição antagónica com o marxismo-leninismo.        

Tese: é preciso, com coragem e serenidade, energicamente, condenar oficialmente a linha do anti-sovietismo no seio do MPLA e depurar energicamente os seus elementos, Condição sine qua non

Esta decisão é  de fundo porque o partido é um dos elos fundamentais, se não elo decisivo de cadeia que temos em presença.

Na obra de KONSTANTINE ZARÓDOV, director do Conselho de Redacção de Revista Internacional, cujo título é:”O Leninismo e a Passagem do Capitalismo ao Socialismo”, o autor, analisando os problemas modernos da fase de transição e apontando ao partido leninista com clarividência científicas determinadas tarefas urgentes e inadiáveis, imediatas, tão determinantes como decisivas, afirma, cito:

“Estes fenómenos confirmam uma vez mais quanto é actual a indicação de Lénine, já no II Congresso da Internacional Comunista, de que a tarefa principal dos partidos Comunistas consiste em lutar contra o oportunismo de direita, de que em comparação com esta tarefa, a tarefa, da correcção dos erros da tendência”esquerdista” no comunismo será uma tarefa fácil.” (30) Obra citada. Pág. 56) O sublinhado é da minha iniciativa.

Está aqui uma lição duma objectividade incontestável e de plena actualidade para a compreensão das tarefas concretas nesta fase da criação do partido.

Combater o oportunismo de direita é tarefa fundamental. Na verdade a experiência nos diz que o esquerdismo de tipo clássico que existe em Angola é  de fácil correcção. Só não desapareceu no seu todo devido aos métodos errados empregues no seu combate e a relativa incapacidade de resposta ideológica que o MPLA lhe dá. Mas este infantilismo que se caracteriza por um certo dogmatismo de esquerda não pode ser comparado ao maoísmo, porque este é uma componente orgânica do oportunismo de direita no mundo contemporâneo, do revisionismo de esquerda na nossa época.

“Não confundir o esquerdismo com o maoísmo é uma necessidade que se impõe ao pensamento marxista-leninista, necessidade não só teórica mas que decorre da luta ideológica, da prática revolucionária, há que aguçar o gume da inteligência e ver o fundo, há que aumentar a capacidade de análise.

Entre o esquerdismo e o maoísmo não há um fosso insurmontável. Entretanto, embora em permanente interligação dialéctica, trata-se de duas categorias não exactamente iguais.

Se o Comité Central menospreza a necessidade do combate ao oportunismo de direita, ao anti-sovietismo, dentro de anos, a caminhar neste ritmo e estilo artesanal de trabalho, teremos um verdadeiro partido social-democrata-maoísta .

Com efeito, a lei da interacção nos permite ver futuro, a partir do presente, e esta lei está assim enunciada:”…mas não é suficiente descobrir a interacção de diversos factores ou fenómenos entre si. É preciso descobrir aquilo que determina essa interacção. Só então estaremos em condições de compreender com justeza as fontes do desenvolvimento do processo, de avaliar as forças que nele tomam parte e ter uma ideia correcta da linha fundamental da direcção do desenvolvimento.”(31 Manual do Marxismo-Leninismo. OTTO V.KUUSINEM e outros, pág. 64, Novo Curso Editores.)

E como ver esta linha fundamental de direcção do desenvolvimento do nosso processo? Tudo depende da derrota ou não do oportunismo de direita, da linha do anti-sovietismo.

Tenho moral suficiente para citar aqui um extracto que colhi do”Estado e a Revolução”, de Lénine, porque já tive a ocasião de repeti-lo por duas vezes em reuniões do Bureau Político quando, por mais de uma vez, chamei a atenção do Órgão Executivo do Comité Central para os mesmos problemas. Cito:

“Uma tal política não pode com o tempo, deixar de arrastar o Partido para um caminho falso. Colocam-se em primeiro plano problemas políticos gerais, abstractos e escondem-se por essa forma os problemas concretos mais prementes, os quais, ao surgirem os primeiros acontecimentos importantes, a primeira crise política vêm por si próprios inscrever-se na ordem do dia.

Que outra coisa pode resultar daí que não seja, no momento decisivo, o Partido ser apanhado de surpresa e reinar a confusão e a falta dessas questões nunca terem sido discutidas…?

Este esquecimento das grandes considerações essenciais em favor dos interesses passageiros do dia, esta corrida aos sucessos efémeros e a luta que se desenrola em torno sem atenção para com as consequências ulteriores, este abandono do futuro movimento que é sacrificado ao presente, tudo isto tem talvez móbeis honestos. Mas isto é e permanece oportunismo. Ora o oportunismo”honesto” é talvez o mais perigoso de todos”… (32) V.I.LENINE. Obra citada, Tomo 25, pàgs. 480-481, Éditions Sociales Paris, Éditions du Progrés, Moscou, 1975.) Tomei a liberdade de sublinhar.

Quanto tempo levará  ainda o Comité Central a aprender esta lição? Quando é  que, o Comité Central examinará a linha oportunista de direita que o Secretário Administrativo do Bureau Político insiste em continuar impunemente? Estude, só para exemplos, as suas intervenções públicas após o 3º Plenário do Comité Central, impregnadas duma concepção maoísta militante sobre a revolução. Nas vezes em que usei da palavra no Bureau Político nunca me cansei de denunciar o erro em que o MPLA incorre sistematicamente: evitar atacar o ponto quente da ordem do dia – a santa-aliança da social-democracia com o maoísmo. O Bureau Político tem consciência real do perigo que representa para a nossa revolução a referida aliança mas não na coragem suficiente, não na paz de bater com dureza neste inimigo da nossa opção socialista.

Lénine, na passagem que atrás foi transcrita, ensina-nos que o oportunismo”honesto” é talvez o mais perigoso de todos. Esta afirmação é verdadeira e nós vivemo-la hoje em Angola e no MPLA. Todos têm coragem de se pronunciarem sobre a minha infundada suspensão, de lhe inventarem razões, mas há o medo de denunciar e combater a linha revisionista de direita e de”esquerda” no seio do MPLA. Todos falam do fantasma do”divisionário” e ninguém condena o anti-sovietismo.

O Comité  Central não recebeu do Povo Angolano, dos trabalhadores angolanos o mandato de esconder aos olhos desse mesmo Povo os seus inimigos. O Povo, pela sua experiência já descobriu e se interroga – quem sustenta, quem protege os seus direitistas e por que razão o faz? Talvez a História nos responda algum dia.

Não condenarmos a linha revisionista, o anti-sovietismo, é iludir violentamente as massas, é trair os interesses mais essenciais da classe operária, é trair a revolução angolana, é trair o internacionalismo proletário, é trair o movimento revolucionário mundial.O interesse da revolução exige que abandonemos a cobardia, combatamos o oportunismo”honesto”.O Povo exige isto ao Comité Central, a classe operária não pode suportar por mais tempo este jogo escandaloso de mentiras descaradas, de manipulações, da mais gritante hipocrisia e cinismo.

Se a linha oportunista de direita não for derrotada e os seus defensores expulsos é inútil e demagógico continuar a falar em partido marxista-leninista e dificilmente educaremos os esquerdistas. Mas esta derrota do revisionismo passa necessariamente pela corajosa depuração dos seus elementos mais representativos dos seus ideólogos e doutrinadores. Esta é uma condição”sine qua non“à luz da analisa concreta da nossa situação histórico-concreta, viva, real, iniludível, ostensivamente visível aos olhos dos nossos militantes e do nosso Povo, ostensivamente visível diante dos olhos do movimento revolucionário mundial.  /- Categoria 13 Teses /

Agora caros militantes e Delegados ao V1 Congresso do MPLA. - Reflectimos no que abaixo se segue. -  E façamos o nosso juízo próprio .Pois ajudará a qualquer militante a questionar junto da direcção quando for da apresentação do relatório de actividade ao longo do ultimo mandato

Continuando o GUIA IMORTAL DIZIA, dias antes do seu desaparecimento físico em Setembro de 1979


 «… Nós já criamos alguns serviços, alguns organismo dentro do nosso país que não serviram a classe operaria ou a classe camponesa, não serviram… e por não terem servido, eles foram afastados e o que acontece nestas situações é o seguinte: Cada um que se sente afastado, pensa sempre na sua vingançazinha, pensa que é o homem ou a mulher mais importante do país e portanto pensa na sua vingança que não atinge o povo, vingança que não pode destruir a ideia popular. Vingança que é completamente impotente diante das aspirações revolucionaria do nosso povo e quando nós assistimos a certos actos no nosso pais, derivados de situações criadas pelo não cumprimento dos princípios revolucionários, evidentemente nós pensamos imediatamente que haverá qualquer reacção. MAS É UMA PURA REACÇAO SEM CONSEQUENCIA!

            A REVOLUÇAO VAI CONTINUANDO, A REVOLUÇAO VAI TRIUNFAR. ALGUNS DE NÓS PODEM SESAPARECER. ALGUNS DE NÓS PODEM SER LIQUIDADOS NA PRIMEIRA ESQUINA, MAS A REVOLUÇAO VAI CONTINUAR. Por isso é que o espírito do partido deve ser a consciência sempre de que o seu apoio fundamental está sobre o povo, e não sobre uma determinada classe, é o povo operário e o camponês que estão a garantir esta revolução, como garantiram durante a luta de libertação para a independência, a nossa luta contra o colonialismo Português…»


1979- Presidente JES «…A Vitória da Revolução Democrática Popular e a realização das transformações sociais necessárias, são impossíveis sem mudança radical do poder, sem a liquidação completa do aparelho herdado do feudalismo e do colonialismo. O poder dos operários e camponeses só pode ser real com a formação de órgãos do poder popular…».

No dia 1/1/1980 o Presidente J.E.S no seu discurso de mensagem de ano novo. –

1-«…Ser membro do partido em qualquer escalão é ter consciência dessa responsabilidade e não só. É também ter consciência do dever de exercer de facto o papel de vanguarda no cumprimento do Programa e das normas estatutárias do partido, no respeito pela disciplina e na materialização do plano de produção …»

(Como podemos considerar a atitude que alguns dirigentes estão a ter ao longo das conferencias de renovação de mandados. As irregularidades que mais se fizeram ouvir  foram as realizadas nos Municípios das Imgombotas , Samba, Rangel e Viana , sem querer descurar as demais.

Por acaso este Comportamentos nao entram em contradição com este principio,  democráticos que vem reflectidfos nos documentos programáticos do partido ?. ( Nno Constitui  infidelidade para com o partido. ? A infidelidade partidária não constitui crime no nosso ordenamento ? A infidelidade partidária não deve ser objecto de motivo se instauração de um processo disciplinar ? Então onde está a CDA ?-)

Depois da independência num dos seus discursos o Presidente Neto dizia nas vésperas do seu desaparecimento físico 


<… E é necessário que o partido seja estruturado. Que tenha uma ideologia bem definida. Que constitua o eixo a base, o elemento principal da vida da nação. Que seja independente. Onde não existe um partido, onde os militantes não estão submetidos a uma disciplina rígida onde os dirigentes não se guiam por princípios revolucionários – penetra a anarquia. Ai o inimigo infiltra-se mais facilmente, e em vez da independência teremos o neocolonialismo e ou – um equilíbrio instável


Caros militantes! Que juízo podemos nós fazer da atitude destes dirigentes , ao ter em consideração ao aqui exposto pelo então saudoso Presidente Neto . Reflicta caros militantes

Vamos agora meditar nas palavras do actual Presidente JES No discurso 4/2/1980 na Lunda Norte disse

<… Alguns elementos oportunistas mostraram-se bastante dinâmicos durante o Movimento de Rectificação, apenas para obter o cartão de membro do Partido e conseguir funções de responsabilidade que lhe conferem maiores vantagens e privilégios no aparelho do Estado. Outros há que, depois da obtenção do cartão de membro do Partido, tornaram-se passivos e deixaram de frequentar assiduamente as reuniões da célula. Outros ainda, sendo elementos da classe operária, deixaram de frequentar as aulas de alfabetização por considerarem já parte integrante da classe dirigente.

Qualquer uma destas situações revela um comportamento errado de membros do Partido, que tem de ser corrigido através da critica e da autocrítica, aplicando rigorosamente as normas disciplinares estabelecidas para combater a mentalidade pequeno - burguesa ( não revolucionaria) e as ideias erradas no seio do Partido e garantir a sua pureza ideológica…>

«…Nós temos que estar vigilantes porque neste momento em que no nosso país agudiza-se a luta de classes entre a pequena burguesia de um lado e doutro a classe operaria e camponesa, temos verificado uma tendência por parte de alguns elementos da função publica, por parte de alguns de alguns elementos ligados aos sectores burocráticos das empresas, para desviarem o apoio ás empresas estatais e ás cooperativas, fortalecendo assim, através de esquemas obscuros, o sector privado, a quem fornecem as matérias-primas, a quem fornecem os meios técnicos para o sector privado se desenvolva, se consolide e constitua um perigo iminente para a nossa revolução.

O nosso Concelho da Revolução, na última reunião, preocupou-se bastante com esta situação e recomendou ao Governo da Republica Popular de Angola para tomar medidas drásticas contra aqueles que pretendem desviar o verdadeiro rumo da nossa Revolução.

Por isso, o nosso Povo tem de estar atento, Tem de estar atento para denunciar todos aqueles que desviam as matérias-primas dos sectores estatais para os sectores privados. Tem de estar atentos para denunciar todos aqueles que desviam para as lojas do sector privado. Tem de estar atento para denunciar todos aqueles que, ao transportarem as mercadorias das empresas do sector estatal, para as lojas do Comercio Interno , desviam em beneficio próprio, por forma a que aumente o numero dos especuladores , de elementos que se dedicam ao comercio , ao mercado negro, para enriquecerem rapidamente e se transformarem em novos exploradores do povo Angolano .- Disciplina, disciplina, disciplina - Vigilância, vigilância, vigilância -Produção, produção, produção. Por isso é que temos insistido na necessidade de trabalharmos rapidamente para constituirmos a Assembleia do Povo. Só a Assembleia do Povo. Poderá de facto controlar a actividade de todos os órgãos executivos do Estado…» 4 /2/ 1980. Caros militantes e delegados ao VI congresso, analise e reflicta…! Pois a responsabilidade é de cada um de vós, nesta hora que só um Democratização Interna do MPLA poderá salvar Angola do Subdesenvolvimento…É esta a nossa modéstia contribuição na Jornada do Herói Nacional que começa a 10 de Setembro a 17 de Setembro de 1978. Onde estão os estão patentes os seus ensinamentos que muitos juram defender… O mais importante é….?

Fonte: UT-MPLA