Lisboa - O relatório anual da Amnistia Internacional (AI) - organização fundada em 1961 graças ao advogado inglês Peter Benenson, que reflectiu acerca de uma notícia publicada pelo jornal “The Observer”, que mencionava o caso de dois jovens estudantes portugueses que haviam sido presos, após gritarem, em plena via pública, “viva a liberdade” durante o regime de Salazar - aponta Angola como um dos países que mais violou os Direitos Humanos durante o ano de 2008.


Onde está a novidade, meus senhores? É que quando se trata de violar Direitos Humanos, o Governo angolano não brinca em serviço. Não deixa os seus créditos por mãos alheias. E viola-os com a doçura e o requinte de uma bestialidade nazista sem igual de que há memória à face da terra desde que o mundo é mundo.


Publicado pela AI, o documento considera que as autoridades angolanas cometeram alguns abusos (continuam e tudo indica que hão-de continuar) no desalojamento das populações na cidade de Luanda. Esta informação, quanto a mim, nada tem de original. A originalidade seria se a AI tivesse dito que abusos contra o Povo angolano são cometidos desde mil novecentos e troca-passo.


Segundo o porta-voz da secção portuguesa da AI, Pedro Kapusisk, a situação em Angola é particularmente preocupante. Pois é preocupante. Ou (como disse o ano passado, durante um seminário em Joanesburgo, África do Sul, o professor universitário Fernando Macedo) não tivesse o Governo angolano métodos sofisticados para violar os Direitos Humanos.


“Há alguns desalojamentos forçados que ocorreram para o próprio desenvolvimento urbano de Luanda”, diz Pedro Kapusisk. Pois há. Mas isso vem de há muito. O Governo tem como política, primeiro, demolir as casas e depois criar condições para alojar ( e quando aloja!) os cidadãos.

 

“Cerca 200 famílias foram desalojadas para as periferias de Luanda, sem qualquer compensação ou foram dadas alternativas insuficientes”, conta Pedro Kapusisk.


Bem, manda a verdade dizer que há pessoas que foram desalojadas com a promessa de terem novas casas, e até hoje…nada!


O relatório da AI acusa ainda as autoridades angolanas de limitarem a Liberdade de Expressão e ao trabalho de alguns defensores dos Direitos Humanos.


Isto é uma verdade verdadeira. A Liberdade de Expressão em Angola começa em Luanda e, quando muito, termina em Benguela. Nas demais províncias do País, os jornalistas tremem que nem varas verdes quando cruzam com o contínuo do palácio do governador.


Nas restantes regiões do País, os jornalistas (ainda) são convocados pelo director de gabinete do governador para serem reprimidos.

 

Os activistas de Direitos Humanos, no interior do País, são confundidos com os políticos da oposição, logo sujeitos a chocarem com uma bala ou a perderem o emprego na Função Pública.