Lisboa - A subida de José Eduardo dos Santos ao poder em Angola, cujo 30º aniversário se assinala na segunda-feira, teve como cenário a guerra civil angolana, com duas incursões militares sul-africanas a marcarem aquele ano. Em Março de 1979, com as operações Rekstok e Safraan, ao longo da fronteira sul, junto à faixa de Caprivi, no que é hoje a Namíbia, os militares sul-africanos efectuaram múltiplas operações em socorro da UNITA, pressionando as Forças Armadas Populares de Libertação de Angola (FAPLA).


Fonte: Diário Digital / Lusa

 

ImageJosé Eduardo dos Santos tomou posse como presidente angolano a 21 de Setembro de 1979, sucedendo a Agostinho Neto, que morreu em Moscovo onze dias antes, vítima de cancro e, porque o conflito angolano também se jogava no tabuleiro da diplomacia, além do teatro de guerrilha, um dos seus primeiros actos como chefe de Estado foi uma visita a Lusaca.


O objectivo foi encontrar-se com os homólogos da Zâmbia, Kenneth Kaunda, e do Zaire (actual o República Democrática do Congo), Mobutu Sese Seko, com quem assinou, a 14 de Outubro, o Pacto de Não-Agressão da África Austral.


Com este pacto, a FNLA deixou de ser uma preocupação para o Governo de Luanda e a UNITA passou a constituir a principal dor de cabeça, datando deste ano o estabelecimento da sua principal base na Jamba, na província de Cuando Cubango, nas chamadas Terras do Fim do Mundo.

 

Com a morte de Agostinho Neto, coube a José Eduardo dos Santos continuar a luta, armada contra o regime do "apartheid" e a UNITA, e diplomática para consolidar a sua própria liderança, pois havia quem a classificasse como provisória.

 

Com o país exaurido pela guerra, com os primeiros refugiados a procuraram segurança na capital, José Eduardo dos Santos percebeu que tinha em primeiro lugar de arrumar a casa e avaliar os compromissos regionais anteriormente estabelecidos.

 

Foi assim que uma semana depois de subir ao poder, José Eduardo dos Santos recebeu Mobutu Sese Seko em Luanda, numa visita que os jornais da época apresentaram como visando "consolidar os laços de cooperação bilateral", bordão diplomático que servia para quase tudo.

 

Três meses depois, em Dezembro, foi a vez de José Eduardo dos Santos sair do país naquela que foi a primeira deslocação ao estrangeiro, na qualidade de chefe de Estado: Moscovo.

 

A assinatura de vários acordos de cooperação garantiu a continuidade do apoio soviético a Angola, numa época marcada pela corrida entre Washington e Moscovo pelo alargamento das respectivas zonas de influência à escala global.

 

O ano de 1979 terminou com o início do Girabola, o campeonato nacional de futebol, que teve como primeiro vencedor o 1º de Agosto, o clube ligado às FAPLA.

 

Afinal, também no desporto a importância dos militares era comprovadamente indesmentível, ocupando um lugar central que se prolongou até 2002, com o fim da guerra civil.


As eleições de 1992, resultantes dos Acordos de Bicesse (Estoril, 1991) foram uma breve interrupção no conflito.