Luanda - Pontualmente acompanhado pela imprensa, sobretudo a privada, o segredo à volta do sumiço do processo de liberdade condicional de Fernando Garcia Miala tem por detrás um nome: António José Maria, general das Forças Armadas Angolanas e chefe dos Serviços de Inteligência Militar (SIM), segundo soube o Semanário Angolense deboas fontes.

 

 “Fui ameaçado pelo General Zé Maria
para que não enviasse o processo”


Fonte: Semanario Angolense


ImageDissiparam-se, assim, as dúvidas que ainda existiam em torno da identidade da figura que estaria por detrás da «vendetta», na sequência das movimentações havidas neste sentido desde o início desta semana, depois do general Hélder Vieira Dias «Kopelipa», chefe da Casa Militar do Presidente da República, ter chamado ao seu gabinete o ministro do Interior, Roberto Leal Monteiro «Ngongo», para que este se explicasse sobre o desaparecimento do processo de liberdade condicional do antigo patrão da secreta.


Fontes que estiveram no «inside» dessas movimentações disseram que «Ngongo» terá descartado qualquer responsabilidade, alegando que nada tinha a ver com o caso. «Este é um assunto que eu já encontrei e é de rivalidade entre os generais Zé Maria, Kopelipa e Miala. Este problema é vosso! É de responsabilidade directa do director dos Serviços Prisionais», terá dito o ministro do Interior ao chefe da Casa Militar, quando indagado sobre o assunto.


«Kopelipa» não descansou e, segundo contam as mesmas fontes, terá pedido explicações ao Director Nacional dos Serviços Prisionais, Jorge Mendonça, considerado como mais poderoso que o próprio ministro do Interior, à pala da protecção que lhe será concedida pelo actual presidente da Assembleia Nacional, que já passou por aquele ministério, Fernando da Piedade Dias dos Santos.


Jorge Mendonça, em sua defesa, terá dito que o processo não «andou» porque ele teria sido «pressionado» pelo general Zé Maria a entravá-lo. «Fui ameaçado pelo general José Maria para que não enviasse o processo ao Supremo Tribunal Militar, sob pena de ser exonerado.


Foi assim que ele foi parar às mãos do SINFO, nomeadamente do senhor Sebastião Martins, o seu director», terá declarado a «Kopelipa» o chefe dos serviços penitenciários.


Entretanto, ao tomar conhecimento das movimentações empreendidas por «Kopelipa», numa altura em que José Maria já se encontrava em parte incerta, Sebastião Martins, não querendo ficar com a «batata quente» nas mãos, devolveu o processo para uma eventual liberdade condicional de Miala à Direcção Nacional dos Serviços Prisionais, na pessoa do seu titular.


O Semanário Angolense soube que Jorge Mendonça terá solicitado a colaboração de Eduardo Quintas, o director da cadeia de Viana, para que fizesse chegar o «escaldante» processo ao Supremo Tribunal Militar, mas este terá respondido que preferia ser exonerado do que fazer tal diligência.


É um verdadeiro jogo de empurra este o que se está a verificar com um processo que devia ser absolutamente normal.