O «estado- maior» integra ainda João Lourenço, o número dois da campanha e Manuel Nunes, secretário para as finanças e o agastamento do líder do partido, José Eduardo é extensivo a toda equipa.Com uma estimativa fixada em 22O milhões de dólares, os gastos, segundo apurou o Novo Jornal ultrapassam já os 3OO milhões de dólares. A situação terá desagradado tanto o Presidente do MPLA que este, durante uma reunião restrita, terá manifestado a sua «decepção» pela forma como foram gastos os dinheiros destinados à campanha eleitoral.

«O que a ideologia no passado os uniu, agora no presente o dinheiro volta a dividi-los» - foi assim que um sociólogo, atento a este dossier, caracterizou o estado de desencanto que a sangria financeira registada nos cofres do MPLA provocou nas bases do partido.

Na passada sexta-feira, 23, o Mpla convidou para uma reunião, na sua sede nacional, mais de meia centena de gestores de empresas públicas e privadas aos quais «surpreendeu» com pedido de contribuições.

Dirigida por Dino Matross, secretário-geral e figura número um da campanha, a reunião ficou marcada por um apelo do secretário do Mpla para Política Económica e Social, Manuel Nunes Júnior, consubstanciado na tese de que se tratava de uma aposta na qual valia à pena embarcar. Mais palavra menos palavra, Nunes disse que «o que se pede aqui é um investimento, uma aposta no futuro.»

De acordo com ele, apostar no Mpla é «apostar na estabilidade económica do país, é apostar no processo de reconstrução económica do país». Da audiência faziam parte representantes de bancos, concessionários de carros, transitários, tradings, empresas de serviços e outros. Convencidos de que o Mpla iria abrir os cordões à bolsa para pôr dinheiro nas mãos de alguns, como já o fez em relação a outros, muitos dos convidados deixaram a sede dos camaradas chocados.

A mesa que presidiu o peditório teve a particularidade de ter entre os seus membros Archer Mangueira, que não tendo assento em nenhum órgão de decisão do Mpla, é, contudo, o assessor do Presidente da República para os Assuntos Económicos. Há duas semanas, a cúpula do Mpla foi confrontada com uma realidade amarga. Interessados em saber como andam as despesas da campanha eleitoral, membros da direcção do partido reagiram mal à notícia de que nos cofres restava muito menos dinheiro do que esperavam.

A alegação das personalidades responsáveis pela gestão de fundos para campanha teria ido no sentido de que ficaria mais barato comprar tudo de uma vez do que em tranches, o que acabou por resultar num debate pouco habitual no Mpla. Teriam ou não teriam sido bem gastos os fundos para campanha? A resposta nunca se saberá. Entretanto, do choque a sua direcção não se livrou.

Aparentemente e apesar de todas as facilidades de que gozam, as empresas criadas pelo partido no poder não estariam em condições de avançar com contribuições significativas para a campanha, daí o apelo aos amigos da «grande família». 

Fonte: Novo Jornal