De acordo com o conselheiro de Imprensa da embaixada de Angola na África do Sul, António Nascimento, em declarações à Rádio Nacional de Angola (RNA), Nelson Kalunga Figueira e mais dois amigos foram abordados por 4 cidadãos sul-africanos quando se dirigiam a uma cabina telefónica.

Depois de abordá-los, explicou, os atacantes exigiram que os angolanos fizessem a entrega dos telefones e do dinheiro que traziam consigo. Perante a situação, o malogrado e os amigos não mostraram resistência e satisfizeram as exigências dos assaltantes.

Quando se aperceberam que as vítimas eram de nacionalidade angolana, os meliantes ordenaram que estes lhes fizessem a entrega de outros bens que traziam consigo. Mas, tanto Nelson como os amigos nada mais tinham para dar.

A partir daquele momento, os angolanos tinham selado o seu destino, pois os assassinos não satisfeitos começaram a fazer disparos à queima roupa, vindo a atingir mortalmente Nelson Figueira.

Margarida Figueira, irmã mais velha do falecido, em declarações ao Jornal de Angola, pediu aos Governos de Angola e da África do Sul a ajudarem com urgência na transladação dos restos mortais do seu ente querido.

“Estamos de mãos atadas e não sabemos o que fazer, porque as pessoas que contactamos na África do Sul exigem 6 mil dólares para que o corpo possa vir para Luanda”, disse, acrescentando que as referidas pessoas lhe informaram que se o corpo se mantiver muito tempo e não aparecerem os familiares, será queimado.

António Nascimento garantiu que, neste momento na cidade do Cabo está a envidar todos os esforços para transladar os restos mortais de Nelson Figueira para Luanda, onde a família aguarda com ansiedade para o poder enterrar condignamente. Nelson Kalunga Figueira, que residia há 13 anos na África do Sul, tornou-se no primeiro angolano a ser morto em consequência da violência xenófoba que assola aquele país desde o dia 11 de Maio.

Na sexta-feira Nelson Figueira falou com o seu pai por duas vezes. Primeiro no período da ma-nhã e depois à tarde, por volta das 15 horas.Depois do segundo contacto mantido com o pai, o malogrado prometeu voltar a ligar novamente no sábado. Mas quando eram 18 horas, a família foi informada da sua morte, vítima da violência xenófoba, que, de acordo com dados oficiais, já fez mais de 60 mortos e 30 mil deslocados.

Nelson, que se encontrava a residir na África do Sul desde 1995, deixa uma mulher de nacionalidade sul-africana e 3 filhos. A maioria das vítimas mortais da violência xenófaba na África do Sul, que atinge mais os africanos, são de nacionalidade moçambicana e zimbabweana.

*Domingos dos Santos
Fonte: JA