Lobito - No conceito de Democracia e Parlamentarismo, “O Soberano”, isto é, aquele que está por cima de tudo e todos, não é uma pessoa e muito menos uma instituição singular como supostamente é confundido com a Constituição, mas sim o POVO, o ELEITORADO, o PODER e a FORÇA DOS VOTOS  DEPOSITADOS NAS URNAS. Já na Monarquia, seja ela constitucional ou não, como o é de facto em Angola, o monarca e todos os que o rodeiam, faz o que “na gana lhe der”.


Fonte: Club-k.net

“Atípicas Indirectas”  

Alguém poderá  se levantar e argumentar que na Inglaterra ou na Suécia, encontramos excepções. Verdade! Mas também sabemos que a) no caso do Reino Unido, a soberana é uma mera figura emblemática que nem sequer tem qualquer peso executivo “de facto” e por conseguinte b) Suécia, embora ter maior protagonismo e “intromissão” em termos executivos, continua sendo uma espécie de semi- monarquia á luz da acumulação de alguns poderes executivos, entretanto não vistos em Buckingham Palace de Londres.
 


Em Angola, parece estarmos perante um caso inédito e excepcional, onde o Presidente da Transição, para citar Isaías Samakuva, visivelmente consciente daquilo que lhe espera á luz de tantos males cometidos, tenta fazer o que Robert Mugabe logrou: “reescrever o rumo da história” inventando tentando redefinir conceitos concluídos.

 

No caso do Zimbabwe, o então absurdo e populismo de Mugabe resultou em tremendo fracasso para aqueles que afinal, constituem 97,5% da população zimbabweana carente de tudo e dependente da actividade directa ou indirecta agrícola. O preço do populismo de Mugabe custou nada mais, nada menos em mais de 231.000.000 % (milhões) valor percentual este, jamais registado na história moderna. (The Herald)

 

Em Angola, á luz dos tão publicitados peso dos recursos naturais com destaque ao petróleo, o Kwanza ainda não lá chegou, pois o BNA recorrendo a prerrogativa de possuir elevadas reservas em USD, ainda consegue “subvencionar” a inflação, que na realidade é no mínimo mais de 50% acima daquilo que as autoridades afirmam ser. Mesmo assim, sabemos que os que menos têm, ou seja os mais de 81% que alegadamente votaram pela continuidade em 2008, são, por ironia do destino, aqueles que mais sentem e sofrem os efeitos directos e colaterais de tais excessos.

 

Ao tudo fazer para inviabilizar a realização das eleições em tempo útil, tal como previsto há 4 anos, o cidadão José E. dos Santos, está mostrar ser, o estilo de Monarca á “Maquiaveli”, o que constitui não só uma grande falta de respeito para com os angolanos, mas para com os intelectuais angolanos, com ênfase para aqueles que, mesmo mostrando-se ser conhecedores das ciências Jurídica e Política, secundarizam seu conhecimento cientifico, prostituindo-se em troca de coisas banais e passageiras, tais como benesses, mordomias, fama, protagonismo e tudo o que com tais adjectivos e substantivos relacionados estão.

 

Sejam as eleições atípicas ou anti- típicas, verdade é que tudo gira em árbitra da continuidade do sistema totalitário e totalitarista instalado em Angola, onde a imprensa estatal tem uma quota parte substancial ao venderem para o mundo, uma imagem de um estado tolerante, em franco crescimento e respeitador das diferenças de opiniões e convicções.

 


Ao estilo bem “maquiaveli” dos primórdios da história política medieval, o clã dos Santos, na pessoa de uma “princesa herdeira”, o país vai registando e testemunhando passiva e cumplicemente, pronunciamentos indigestíveis e desrespeitosos e até mesmo insultuosos. Mas afinal somos todos bananas ou vivemos numa República de bananas?

 

“Pedro, (Nzaji) você sabe que eu sou uma mulher muito impulsiva… Eu tenho muito que fazer, eles também que procurem trabalho” (extracto do Talk show da TPA2 Programa Hora Quente). Já não basta o pai e seus achegados, que nos trata como nos trata, agora também é um “pivete” desses que utiliza uma televisão pública para faltar com o respeito a milhões de cidadãos, muito deles que nem sabem onde buscar trabalho e ela diz cinicamente: vão trabalhar? Trabalhar aonde? Será que vamos todos ao Canal 2 para mostrar quão empreendedora é a Sra. em causa? E ainda por cima quando se tenta fazer-se qualquer reparo que seja, o que é normal em qualquer sociedade moderna, a pessoa tem que responder perante o ainda temível Departamento de Crimes Selectivos da DNIC?

 

Afinal onde está  a dita modéstia que se diz terem os “príncipes” angolanos?

 

“Não há mal que dure 100 anos, mas também poucos são os corpos que o resistem”, diz certa máxima. O Império soviético durou 74 anos, para lá chegarmos falta-nos 40. Será que o “CORPO” em causa resistirá? Eis a questão, mas cá estamos e cá veremos!

Angola, quod vadis?

 

*Sociólogo