Lobito - Os mais de mil e 600 funcionários do Porto do Lobito, província de Benguela, vão ter um aumento salarial de 20 porcento, com efeitos a partir de Fevereiro deste ano, depois de a administração da empresa ter chegado a um acordo com a comissão sindical dos trabalhadores.

Fonte: Angop
Assinado a 23 de Janeiro, na sequência das negociações do caderno reivindicativo, remetido a 21 de Outubro de 2019 ao Conselho de Administração do Porto do Lobito, o acordo prevê, nomeadamente, um aumento salarial de 25%, revisão do qualificador ocupacional, subsídio de transporte de 13 mil e 200 kwanzas, acréscimo de 40% aos 60% de subsídio de natal e a atribuição de 50 mil kwanzas de cesta básica.

Com este acordo, a administração daquela empresa portuária compromete-se também ao pagamento de todas as horas extraordinárias, para além das 44 horas estipuladas por lei, bem como a restauração dos títulos de vencimentos mediante a entrada em funcionamento do novo aplicativo informativo (Primavera).

Ao apresentar esta sexta os resultados do processo negocial, que aprovou oito dos 14 pontos reivindicados, Ernesto Muhabi, segundo secretário da comissão sindical dos trabalhadores do Porto do Lobito, disse que se trata de “ganhos” e olha para o desfecho como a expressão da boa-fé e da vontade das partes envolvidas, tendo como objectivo o bem-estar dos efectivos.

Ainda assim, esclareceu que os trabalhadores aguardam mais cinco porcento de incremento salarial que, tal como o subsídio de alimentação e de risco, passam para um acordo colectivo de trabalho que poderá ser assinado a 24 de Março deste ano.

“Em Fevereiro teremos um aumento de 20 porcento. Os outros 5% serão transferidos para um acordo colectivo”, reforçou, perspectivando que nesta nova luta a comissão precisará do contributo dos portuários para enriquecer o documento para que seja assinado no dia 24 de Março deste ano e quiçá os benefícios a partir de Abril.

Já o primeiro secretário da comissão sindical dos trabalhadores do Porto do Lobito, Ezequiel Carvalho, considerou estar lançada a âncora do projecto de pacificação do Porto do Lobito, que se resume no acordo colectivo de trabalho, que as partes acordaram assinar em Março.

Administração enaltece diálogo

Para o presidente do Conselho de Administração do Porto do Lobito, Agostinho Estêvão Felizardo, o acordo faz parte de um processo progressivo do qual todos devem participar para que percebam que não existe ou existirá qualquer situação de animosidade que impeçam de dialogar.

“Somos seres com capacidade de diálogo, sobretudo compreensíveis das realidades do que vão mal”, ressaltou o responsável, para quem a administração do Porto do Lobito continuará empenhada em mobilizar as pessoas para resolver problemas.

A cerimónia de assinatura do acordo ao caderno reivindicativo dos trabalhadores do Porto do Lobito foi testemunhada pelo secretário-geral do Sindicato dos Trabalhadores dos Transportes e Telecomunicação de Benguela,Bernardo Henriques, e pelo chefe de Serviços Provinciais da Inspeção Geral do Trabalho, João Muteka, e por um representante da União dos Sindicatos de Benguela (Unta).

Fruto do projecto de reabilitação, ampliação e modernização, executado de 2008 a 2012, o Porto do Lobito aumentou a capacidade operacional para dar vazão a carga em trânsito, apesar de neste momento se registar pouco movimento de carga, devido ao abrandamento da economia, desde 2015 e, consequentemente, às dificuldades do empresariado local.

A história do Porto do Lobito remonta ao ano de 1903, altura da construção do Caminho-de-Ferro de Benguela e, simultaneamente, da cidade do Lobito, mas as operações só tiveram início em Março de 1928 com a atracação do primeiro navio.

Em 1973, antes da independência, atingiu o pico em termos de carga movimentada, com mais de três milhões de toneladas, sobretudo de cereais, minério e pasta celulose, das quais 50 porcento em trânsito.