Luanda - A raça é muito mais importante para os norte americanos da atualidade, mas era relativamente insignificante para os muçulmanos medievais, neste mesmo período na India a casta era uma questão de vida ou morte, já na China nos anos 1200 a.C., uma mulher gravida era considerada com ou sem sorte dependendo do género do(a) recém-nascido(a), sendo assim o nascimento de um rapaz simbolizava sorte ao passo que uma menina recém-nascida era considerada azar e os pais abandonavam ou assassinavam para tentarem novamente fecundar até conseguir um rapaz.

Fonte: Club-k.net

Com a implementação do comunismo 3000 anos depois onde foi aplicada a política do filho único, muitas famílias Chinesas continuavam a encarar o nascimento de uma rapariga do mesmo jeito. Nos nossos tempos uma hierarquia tem sido de suprema importância nas nossas sociedades humanas a qual denominamos hierarquia do género. Todavia, por todos lados as pessoas dividem-se por homens e mulheres e quase sempre é notório a posição de supremacia por parte dos homens pelo menos desde a Revolução agrícola.


Em muitas sociedades, as mulheres eram simplesmente vistas como propriedade dos pais, marido ou irmãos. Em muitos sistemas jurídicos o estupro era considerado como (violação de propriedade), de modo a aclarar melhor o que legislador pretendia dizer aquele preceito legal é que a vitima não é a mulher violada mas sim o homem a quem a pertence, sendo assim o infrator (o violador) tinha que pagar uma multa ao pai ou irmão e se fosse casada o pagamento era para o esposo. Tal interpretação também tinha respaldo bíblico já que a bíblia (Deuteronómio 22:28- 29) “se um homem conhecer uma virgem que não esteja prometida, a tomar e deita-se com ela, e forem descobertos, então o homem que se deitou com ela dará ao pai da jovem mulher 50 shekels de prata e ela tornar-se-á sua esposa “ Não vou me debruçar sobre estes versículos bíblicos vistos que o mesmo tem sido suscetível de várias interpretações por parte de vários pensadores sendo assim me abstenho de qualquer interpretação dando ao leitor deste artigo a liberdade de poder faze-la; mas diga-se em abono da verdade que pelo menos do ponto de vista jurídico, violar uma mulher não era crime tal como apanhar um objeto na rua não é considerado roubo, por outro lado, o marido que violasse a sua esposa não era considerado crime, sendo que na qualidade de marido ele tinha controlo absoluto da sexualidade da sua esposa, o que significa que acusar que o marido violou a esposa era tão incoerente quanto dizer que um homem roubou seu próprio carro pra dar umas voltas e depois vende-lo.


Num passado recente questões desta natureza ainda não eram acautelados em alguns ordenamentos tal como em 2006 ainda existia no mundo 53 países onde marido não podia ser acusado de violação porque tinham ainda uma interpretação medieval olhando pra mulher como uma propriedade. Alguns países considerados do primeiro mundo como por exemplo Alemanha acautelaram matérias relativas às violações em 1997 criando deste modo uma categoria legal para violação marital.

 

O Escritor YUVAL NOAH HARARI numa das suas obras levanta as seguintes questões, será que a divisão entre os homens e as mulheres é fruto da nossa imaginação? Ou é de facto uma divisão natural com profundas raízes biológicas?


Se há uma explicação de divisão natural estou certo de que existe também uma biológica.


No séc. a.C. um individuo que possuísse útero na Atenas democrática não tinha estatuto legal independente e estava vedado de alguns direitos como votar em assembleias populares ou ser juiz, não podia envolver-se em negócios nem discursos filosóficos, nesta mesma altura não havia líderes políticos, filósofos, oradores ou mercadores com útero, este posicionamento traduzia a ideia de supremacia dos indivíduos sem útero (Homens) em detrimento dos indivíduos com útero (Mulheres) que eram vista como incapaz de desempenhar determinadas funções. Hoje em Atenas as mulheres votam, são eleitas para cargos públicos, desenham desde joias a edifícios e software e vão para universidade. É verdade que ainda se encontram sub-representadas no mundo da política e dos negócios visto que só 12% no parlamento grego são mulheres, mas daí percebe-se claramente que o facto de um indivíduo ter útero não as impede de fazer qualquer destas coisas com o mesmo êxito que indivíduos sem úteros. Neste sentido houve evolução do ponto de vista social e legal visto que já não existem barreiras.

 

Os fatores culturais têm tido muita influência na forma de ser e estar dos indivíduos a medida que muitas culturas obrigam as pessoas a tornarem reais determinadas possibilidades ao mesmo tempo que proíbem outras, por exemplo do ponto de vista biológico as mulheres podem ter filhos e algumas culturas obrigam as mulheres a efetivarem essa possibilidade violando deste modo a liberdade de escolha das mesmas.


Por Dr. Amilton Macosso