Ou que andam permanentemente a descortinar intenções e sombras onde não existem. A melhor forma de estar com Angola é dizer que o país tem, agora mais do que nunca, um futuro à sua frente que se espera não seja desperdiçado. A conjuntura internacional favorece-a. Quem não fica condoído quando ouve, mais do que é razoável, que os angolanos têm o rei na barriga, que se acham o centro do mundo, que são arrogantes, intolerantes perante a mínima crítica, cheios de soberba, etc., etc.? Angola tem sido palco de interesses económicos, estratégicos e políticos que desassossegaram as mentes. Muitas vezes acossada, esperneou rispidamente.

Mas, infelizmente, a ideia de que Angola é o epicentro mundial e que ninguém - países, empresas, instituições internacionais e pessoas - pode passar sem ela, foi ganhando raízes e alterando comportamentos. A imagem de Angola não sai dignificada, antes pelo contrário. Como dizia no início, Angola tem todas as condições para ser um país em prosperidade. Há anos de trabalho pela frente. A melhor forma de contar com o apoio internacional de que tanto necessita é perceber que é um entre centenas de países no mundo.

Dizer isto é também afirmar que há uma atitude de humildade, realismo e pragmatismo que tem de ser cultivada. Há poucos dias o 'Semanário Angolense' trazia uma entrevista com o embaixador francês em Luanda. A determinada altura, o jornalista perguntava o que é que ele pensava da "teoria de uma grande conspiração francesa contra Angola" a propósito da suspensão dos voos da Taag. Resposta do representante de França: "Conspiração? Angola não existe nas mentes europeias o bastante para ser objecto de uma conspiração". Haja bom senso! E que se caia na real!
 

*Professor do ISEG e "think tank" Grupo África-IPRI
 Fonte: Expresso