Johanesburgo – A semana passada os jornais sul africanos destacaram que um juiz havia solicitado ao Tribunal Constitucional a apreciação de um pedido para detenção do antigo Presidente Jacob Zuma, por este ter-se recusado a comparecer junto de uma comissão de inquérito que investiga casos de corrupção ocorridos no decurso do seu mandato presidencial.

Fonte: Club-k.net

Desde algumas semanas que Jacob Zuma tem alertado que não irá comparecer diante ao Juiz desta comissão de inquérito, o que levou o líder do EFF, Julius Malema ir a sua casa convence-lo a obedecer a constituição que ele jurou cumprir quando tomou posse como Chefe de Estado. No penúltimo sábado (14), Zuma esteve no funeral de um antigo governante do Kwazulu Natal e ao prestar tributo cantou numa língua local, dizendo que era vitima por ser negro.

 

Os veteranos de guerra que tem apoiado Jacob Zuma concentraram-se, no inicio desta semana, no exterior de sua casa para defende-lo e impedir que seja detido. Eles alegam que Zuma foi seu comandante militar ao tempo da luta contra o regime do Apartheid, e se o mesmo não quer comparecer para depor então eles  conforme a disciplina militar irão apoia-lo, em não ir responder diante a comissão de inquérito. Desde alguns dias que estes antigos combatentes sitiaram a residência de Zuma fardados de uniforme militar da antiga guerrilha do ANC, o que levou o comandante da Policia Nacional, ir até ao local para falar com o antigo Presidente.

 

Jacob Zuma tem invocado que não irá comparecer junto da comissão de inquérito para responder, diante de um juiz que foi ele quem nomeou como Vice-Presidente do Tribunal Constitucional quando esteve no poder. O antigo Chefe de Estado alega conflito de interesses, embora vários analistas sugerem que Zuma receia responder nesta comissão, uma vez que já foi advertido que uma palavra sua, pode ser usada para o incriminar.

 

Diante das individualidades que vão a sua casa convence-lo, a respeitar a constituição, o ex-Presidente alega que não vai responder porque da última vez que o fez, em Julho de 2019, foi tratado com parcialidade, e trataram-lhe como se fosse já um arguido, o que o levou a abandonar a sala em forma de protesto. Ele invoca conflito com o Juiz. Os seus partidários, tem explicado que o problema que tem com o Juiz é de fórum pessoal ou familiar. O juiz que conduz a comissão tem filho com uma das irmãs da esposa de Jacob Zuma.

 

Na sua luta contra a corrupção, o ANC decidiu que os casos de grande dimensão deveriam ter tratamento distinto e julgados a nível de uma comissão de alto nível. Quando Zuma ainda era Chefe de Estado, um padre Católico Stanslaus Muyebe produziu um relatório na qual remeteu a PGR queixando-se que o Estado Sul africano estava a ser sequestrado com redes de corrupção na qual se destacavam uma família de indianos, os Guptas, próximos a Zuma e que estes por sua vez ganhavam todos os contratos com o Estado. A PGR foi obrigada a criar uma comissão de inquérito, para apurar as denuncias de corrupção e sobre a “captura do Estado” que decorrem desde 2018. Na altura Jacob Zuma ainda como Presidente travou as investigações.

 

Cyril Ramaphosa, ao ser tornar chefe de estado, em 2018, aprovou a comissão de inquérito que tem a frente o Juiz Raimondo Zondo. Dai que esta comissão é frequentemente tratada por “Comissão Zondo”. Por exemplo, o Juiz sul africano que no passado investigou a morte de Samora Machel era Cecil Margo, e a Comissão de Inquérito comissão passou a chamar-se “Comissão Margo”, em homenagem ao seu coordenador que era igualmente um investigador especializado em acidentes de avião.