Windhoek - A cerca de duas semanas atrás foi objecto  de noticia em varias  estações do continente  (incluindo na TPA) a entrega do premio nas concessões científicas da União Africana (UA) que decorreu  a margem de uma  cimeira da Assembléia daquele organismo reunindo  chefes de Estado e de Governo, em Adis Abeba, na Etiópia. 


Fonte: Club-k.net


O vencedor, na categoria de Física e Ciências da Terra, foi Patrick  Eriksson, prestigiado professor na África do Sul  (nascido na Alemanha) e chefe do  Departamento de Geologia da Universidade de Pretória. Recebeu das mãos de Omar Khadafi, então presidente  em exercício da UA, um premio que incluía uma  medalha,  um certificado e USD 100 000.  No seguimento desta conquista Pat Eriksson   e a professora  Nadine Hilderbrandt  da Universidade de Wits (que também  ganhou um prémio do programa  científico da União africana)  foram recebidos pelo Presidente Jacob Zuma.

 

O programa de premiação da UA foi concebido para comemorar as  realizações de cientistas africanos e promover todos os esforços para transformar a investigação científica e empresarial num instrumento de atração de investimentos para a África. Serve,  o programa, para  incentivar a comunidade científica e o público a se envolver  nos compromissos científicos para a resolução de problemas críticos no continente, mas também contribui para melhorar a visibilidade da ciência e tecnologia e o desenvolvimento de uma cultura científica entre os cidadãos africanos.

 

O  Professor  “Pat” Eriksson entrou no programa de concessões  por ser mentor de  uma vasta  conquista científica,  e pelo  seu  impacto no desenvolvimento socio-económico de África.  O premiado  estabeleceu um esforço colaborativo internacional, conhecido como a Sedimentação do Pré-Cambriano Mundial, que interagiu para estudar a evolução do Pré-Cambriano da Terra, com especial ênfase na análise de bacias.

 

Em duas disciplinas  (historia da geologia e sedimentologia)  tivemos o Prof  Eriksson como nosso professor. É atento aos seus alunos ao qual passa a decorar os seus  nomes no primeiro (ou  segundo) dia de aula.  Certo dia,  convocou  me, no  seu gabinete e  convidou-me a repetir uma prova que achava que poderia fazer mais. Preparou  dois script (papel da prova ou enunciado)  e perguntou me qual dos dois desejava  fazer. Deixou - me numa sala a fazer a prova enquanto ele  ia dar aulas. Fazia isso com todos alunos porque acreditava na capacidade dos mesmos.  Quando os estudantes  não comparecessem  colocava, na vitrine do departamento de geologia,  anuncio de comparecimento.

 

Foi também   através do professor Eriksson  que mais tarde  passamos a fazer  parte da sociedade dos geólogos da África do Sul,  como incentivo de nos familiarizarmos com  publicações e acesso a outras descoberta da geociência.

 

Em Abril  de  2004, a Universidade  enviou  os estudantes de geociências (geologia, engenharia geológica e geofísica)   para a vila de  Babertorn na província de  Mpumalanga (a 7h de Pretoria), onde ficamos por duas semanas a fazer um trabalho de campo de  estratigrafia,  análise de paleocorrentes e   conteúdo fossilífero da região.  Baberton é uma vila  com características geológicas próprias no planeta  cujos os estudos foram desenvolvidos por Pat Eriksson. Pelo menos na nossa  Universidade ninguém podia se tornar geocientista sem ter que  trabalhar nesta pequena vila que  era o confronto entre a teoria  e a  pratica.

 

Quando regressamos da viagem, apos vários dias e  para conclusão do nosso trabalho (repartido  em grupo de 4 ou 5)  fomos a biblioteca  consultar,  os livros  sobre a natureza geológica da cidade de Baberton. Todos os livros relacionados a vila  eram de autoria do Prof  Pat Eriksson ou  de outros autores baseados na sua obra.  É ai que passamos a perceber  que estávamos diante de um  professor que era uma   “monstro da geociência” da área de sedimentologia no mundo. Eriksson  foi  a figura  nos últimos  50 anos  mais se aplicou em estudos sobre a descobertas  da terra através de amostras da  cidade de Baberton. 

 

Ele é membro da Sociedade Geológica da África e da África do Sul,  membro da academia de ciências  Nova Iorque  e da Academia de Ciências da África do Sul. O Prof Eriksson é editor-chefe do Jornal Africano de Ciências da Terra, editor associado da pesquisa de “Gondwana” e do jornal marino e  Geologia do Petróleo. Durante sua carreira, foi  autor e co-autor de cerca de  180  trabalhos   geológicos  em revistas e livros.  Dados aos seus feitos ele também recebeu o excepcional “Achievers” três vezes, assim como a medalha de Chancelaria, e da medalha sul africana de  S2A3.