Luanda - Os comandos afectos a vigésima terceira companhia em suposta missão militar nas lundas, foram usados, ousados e abusados  por generais. De tropa á segurança privada da tele-sevice dos nossos generais, jovens reclamam seus direitos militares, o reenquadramento nas suas unidades militares, a promoção e o pagamento de salários desviados de 15 anos ou seja trezentos e sessenta meses.


* Alexandre Cortez
Fonte: Folha8/ Alexandre Cortez


Gaudencio Januário Finete, de 33 anos de idade, natural do namibe é filho de Paixão do Coito Finete, tropa especial "comando" da 23ª Companhia, formado em katala-gombe Minguez (cabo Ledo) em 1993. Participou na libertação da cidade do Huambo enquanto ocupada militarmente pela UNITA em 1992/1993, numa missão de socorro as tropas do general Sukissa, naquela época sufocadas na cidade de vida.

 

Esta companhia (23ª) depois de restituir o poder do estado no Huambo, os comandados de Paixão de Coito Finete Faia (coronel suicidado por descontentamento do mesmo caso, em 23 de Fevereiro de 2008) em progressão seguiram para a localidade de Maria Teresa, em Malanje que  reposto o poder civil, da ocupação ilegal do galo negro, Ambriz e Ndalatando, até então ocupadas igualmente pela UNITA, não fugiram a regra, nesta batalha, recorda-se ter ficado o companheiro Tenente Pinto Preto, chefe de pelotão. Esta companhia de choque, pelos sucessos de missão, foi ordenada a cumprir a missão de neutralizar acções da FLEC em Cabinda em 1994, tendo cumprido com zelo."Enquanto estávamos lá, a FLEC tinha se rendido as evidencias. Silencio profundo e não se fazia sentir porque sabia, o que era a 23ª companhia, tida como reserva do estado maior"frisou.


 Em Agosto de 1995 foram retirados de Cabinda, segundo o Sargento Gaudencio, por ordem do General Antonio Emilio Faceira, na altura, chefe de divisão de tropas especiais, coadjuvado naquela altura pelo coronel António Filomeno Costa Pereira, Comandante  do regimento de Comandos, actualmente tenente General e Chefe de Divisão de tropas especias de Angola. Na sequência deste chamamento superior, a 23ª regressou a Luanda em katalangombe, onde depois de alguns dias de preparação, foram embarcados na pista do aeroporto de Cabo-ledo,por um Ante-nove com o destino a Lunda Norte (Lucapa), no mês de Agosto 1995. A operação principal nesta altura estava virada no combate aos garimpeiros. Luo, Cathiatchia, foram as localidades que mais trabalho deram a companhia 23ª.


A misturada  população garimpeira de várias origens, com as tropas da UNITA e de alguns desertores das FAA procuravam a sobrevivência naquelas localidades, constituiu grande preocupação,para se desactivar os acampamentos. Por ordem superior militar, os componentes da 23ª companhia permaneceu ali, até a data com missão de não permitir os garimpeiros penetrar na área. Em Novembro de 1995, por ordem superior militar, lhes foi retirada a farda normal dos comandos e obrigados a vergar uniforme estranho as forças armadas. Este fardamentode cor preta que tambem diga-se, já deu problemas com a policia de emergência,por se assemelhar, é proveniente da África do sul, aquisitado pela empresa de segurança mineira Tele-service.

 

O nosso entrevistado sublinha no entanto que o General França Ndalu é conhecido, como o accionista principal desta empresa de segurança mineira que veio alienar as forças fisicas e psicológicas dos comandos das forças armadas angolanas no caso, em presunção de desvio da missão militar em actividade particular. Nesta Empresa de segurança mineira tele-service, também  fazem parte da sociedade, os irmãos-generais: António Emílio Faceira e António Luís Faceira, bem como o General António Francisco Pereira Furtado (o actual Chefe do estado maior general das forças armadas angolanas).


Questionado sobre a reacção do efectivo da companhia, na mudança de farda nacional de tropas especiais para uma estranha, Gaudencio Januário Finete disse:" O meu pai paixão do Coito Finete, na qualidade de comandante das forças, disse-nos segundo a orientação recebida superiormente, que o alulido fardamento, visava camuflar o inimigo, para não se aperceber  de que a área estava guarnecida por comandos das FAA.

 

 Porém segundo o reclamante, não havendo qualquer documento que legalizasse a desvinculação dos mesmos, do  efectivo militar para actividade empresarial dos generais, os componentes afectos a esta 23ª companhia começaram a viver suspeições, mas sempre obrigados a exercer o papel de serviço de segurança privada em nome da tele-service. Desde Outubro de 1995 os componentes desta 23ª companhia deixaram de auferir os seus direitos militares, como sendo: Salários, promoção e férias, ao abrigo do regulamento militar conhecido. Gaudencio Januário Finete, vão mais longe e diz que a disciplina militar naquela localidade já não se fazia sentir.


Os chefes hierárquicos não eram respeitados, as vozes de mando eram outras, de igual modo não se respeitava a patente,os soldados por vezes, mandavam os superiores hierárquicos.Oficiais e sargentos passaram a receber um subsídio de 298.00 USD, estipulado pela tele-service aos patrulheiros,o que veio criar descontentamento do efectivo que preferiu voltar para a unidade regular de origem. enquanto isso,o finca-pé dos generais, fazia lei.  Havia uma ditadura, ninguém poderia voltar para a Unidade militar dos comandos em Luanda sem autorização da direcção da Tele-service, mediante uma declaração devidamente assinada e autenticada com o carimbo em uso naquele sector. era um autentico inferno onde o ser tropa, converteu-se numa cebolada.


Foi assim que muitos, não dispostos a este tipo de tratamento em nome das forças armadas "preferiram não engolir sapos", acabaram por a abandonar e fazendo o recurso os meios financeiros, conseguiram chegar até Luanda, com o espírito de defender a pátria. Mesmo assim, sublinha o jovem Gaudencio, não foi facil, alguns destes integrar as unidades de origem. Foi preciso o recurso ao esquema "dolarizado", só assim, conseguiram enquadrar-se novamente na unidade militar de proveniência. Aqueles, como eu, que exijo a minha restituição ao quartel onde me tiraram, para esta empreitada abusiva de servir os generais, num desrespeito ao juramento prestado a pátria e aqueles que por falta de dinheiro, não conseguem entrar no esquema da gasosa, aliciar os chefes da repartição de pessoal e quadro para o reenquadramento, todos nós, sublinha Gaudencio, continuamos  hoje entregues a marginalidade.

 

Os que até lá ficaram, também permanecem na  humilhação e exploração do homem pelo homem, sem dignidade e reduzidos a moral de um comando. As tropas traduzidas em força de trabalho barata ao serviços dos generais, não se traduz em apenas naqueles que se encontram nas Lundas ou se encontravam nas Lundas. Tambem na Provincia do Soyo existem aqueles chamados Comandos Lacraus que, depois de terem libertado a área, foram orientados a permanecer, até novas ordens. Portanto são igualmente hoje serventes dos Generais na Empresa de segurança privada Tele-service. Portanto, do Soyo, também vêem  os chamados comandos lacrau , vivendo os mesmos nossos problemas e reclamando os meus direitos, utilizados naquela empresa de  segurança privada Tele-service, ao serviço da segurança dos objectivos petrolíferos.

 

Os Generais desta empresa tele-service ganham fabulosos dinheiros, explorando a força de trabalho barata da tropa, no caso os comandos, como se de escravos se tratasse. O caso está a provocar espírito de revolta séria disse Gaudencio." enquanto jovens e cônscios da missão de defender a pátria, partiram para a tropa com objectivos claros. Não fui a tropa para ser escravo dos generais, apenas o de  defender a minha patria" replicou Gaudencio Januario.

 

Quarenta e sete é o numero de companheiros falecidos, desertados e dados por desaparecidos desde 1995  nesta caminhada tortuosa que hoje conta com 153 jovens que reclamam o seu reenquadramento nas forças armadas angolanas e a reparação dos danos causados quer pelo atraso salarial, quer ainda no concernente a promoção e reconversão de patentes. O primeiro sargento da 23ª companhia dos então Comandos Tigres disse que no regulamento militar, ele  é quadro permanente das forças armadas. Portanto não por que razão foram levados a compulsivamente ao licenciamento sem ter sido avisados, numa autentica manobra que visa os generais Faceira e pares, libertarem-se desta confusão que criaram. Somos homens, somos seres humanos, estamos cientes das nossas responsabilidades e por via disso segundo gaudencio, não vamos admitir este tipo de brincadeira de mau gosto. referiu.

 

O apelo do Presidente da republica Engenheiro José Eduardo dos Santos que é igualmente comandante em chefe, foi ouviu, sobre a tolerância zero e zero e outras perspectivas que visam disciplinar o pais para que a lei seja cumprida por todos nós. "é nesta dinâmica e coragem, que tanto eu cá no namibe, assim como os meus confrades em Luanda que neste momento preparam-se para a manifestação pública sobre o caso nesta sexta-feira de fronte ao tribunal supremo, estamos todos solidários, mesmo aqueles que se encontram nos quartéis e ainda na segurança privada Tele-service.Queremos uma solução inclusiva , responsável e clara sobre o caso" sublinha.

 

O trafico de influencia, a corrupção e o proteccionismo, tem inviabilizado que as exposições remetidas aos vários segmentos do sector Nacional, cheguem ao destinatário e conheçam um tratamento adequado." Já fomos chamado, todos os nomes possíveis, já fomos intimidados, mas se esqueceram que são eles que nos ensinaram sermos agressivos. Não vamos parar enquanto este caso não parar no gabinete do Comandante em chefe, o Presidente da Republica  engenheiro José Eduardo dos Santos. Conhecemos as barreiras, conhecemos os obstáculos, mas um comando não pode lagrimar  antes pelo contrário deve saber remover os obstáculos". O Sargento Gaudencio Januario Finete e o Tenente Trindade, são os eleitos pelos companheiros em liderar o processo para a solução.


 A nossa luta é só termina, quando estes atropelos, também deixarem de existir. Já escrevemos para vários órgãos como: ao Director do gabinete do Presidente da Reublica, ao Procurador Geral das FAA, a Policia Judiciária Militar, ao Chefe do Estado maior das FAA, ao chefe de divisão de tropas especiais, ao Ministro da Defesa, então o General Kundy Paihama e ao deputado Mendes Carvalho da  9ª bancada e com o conhecimento do MPLA. Até a presente data, nada vislumbra em direcção da solução do nosso problema e, cada dia que passa, novos companheiros de outras provincias já citadas, vão aparecendo manifestando o mesmo problema. Em consequência desta reclamação, gaudencio Januario e seu companheiro Trindade, dizem que já sofreram um assalto a mão armada premeditado, na zona da praia do bispo em Luanda. A luz do dia, quando eram 12H00, numa terça feira no mês de Junho, dois indivíduos já devidamente identificados, em viatura vermelha, cuja a matricula preferimos não divulgar, armados, retiraram-nos a pasta, contendo diversos documentos, muitos dos quais respeitantes as exposições de reclamação deste caso."Não somos fracos e apenas não respondemos provocações. queremos uma solução responsável  ,do caso e esperamos que o que aconteceu não volte a acontecer".


Gaudencio Januario Finete.


 Questionado sobre o arrisco a que se propões, tratando-se de enfrentar o poder militar,os senhores Generais? Gaudencio Januário Finete com o sorriso nos lábios disse:" foram eles que nos ensinara ser agressivo. Não estamos contra ninguem, apenas queremos que  os nosso direitos sejam respeitados. aderimos a tropa e juramos bandeira e fidelidade a patria, portanto não foi algo de brincadeira. Em circunstancia alguma um tropa jura a bandeira para ser escravo, explorado fisicamente a favor da empresa privada do general. Queremos os nossos salários desde o mes de Outubro de 1995 á presente data. Queremos a nossa reintegração nas nossas unidades militares de origem e as nossas promoções. Só isso que queremos e, mais nada. acho que estamos a agir dentro do quadro legal e de cidadania no nosso pleno direito".


O Sargento gaudencio rebuscou a seguinte máxima que se presume fazer parte do juramento da tropa especial "O comando ama devotadamente a sua patria, estando sempre pronto a fazer por ela todo o sacrifício e constante exemplo de energia no trabalho. Mas não admite a mentira nem a desobediência, pelo respeito de disciplina e honra. Sempre pronto a comandar e disposto a obedecer. O Comando não foge o perigo, não evita a situação que possa acarretar-lhe incomodo, põe no cumprimento delas, todas as suas forças físicas,intelectuais e morais. Tukubama-tukala. Eu sou do temperamento do meu falecido pai, só espero não conhecer o mesmo destino.

 

jovem gaudencio diz estar constrangido com estes abusos que facilitaram o suicídio de seu  pai, o  coronel Paixão do coito Finete,  então 2º comandante do regimento de Comandos e comandante do destacamento operacional desta companhia, com o NIP 46039993. Depois de ter sido levado nesta curva da mentira,permaneceu nas Lundas cumprindo a missão ordenada pelo General Faceira, viveu o mesmo problema, direitos perdidos de promoção e salários. Agastado com o cenário, no dia 29 de Janeiro de 2008, endereçou uma exposição ao chefe do estado maior general adjunto das FAA, o General Geraldo Sachipengo Nunda, reclamando os seus direitos, com o seguinte teor:

 

" A Sua Excelência Senhor general-Geraldo Sachipengo Nunda-Chefe do estado Maior General Adjunto da FAA
                                                   . L U A N D A.

De: Tenente-Coronel com o Nip 46039993 Paixão do Coito Finete
Ex: 2º Comandante do regimento de Comandos


Assunto: Exposição                                                                                                                                                              29.01.2008


Venho muito respeitosamente junto de sua excelência expor o seguinte:


-Tendo me enquadrado nas F.A.P.L.A em 1976, exercendo sempre as funções de comandante de batalhão de quadrícula, nas FAA exerci funções de comandante de destacamento operacional de Comando, e 2º Comandante de regimento de Comandos na divisão de tropas especiais.


-Por necessidade ordem superior em assegurar as companhias de exploração  diamantíferas na região Leste, em comissão de serviço na empresa de segurança Tele-service, com(2) duas sub

-unidades de Comandos, até a data, tendo perdido os direitos de oficial superior, com o salário e promoção. Neste contexto, venho junto de sua Excelência, pedir apoio em ajudar-me neste sentido, na solução da minha reforma,ou o regresso junto das forças armadas.
Sem mais outro assunto aguardo deferimento.


                                                           O expositor
                                                       Paixão do Coito Finete


                                                            Tenete-Coronel.  
A entrada deste documento, teve o punho da senhora Esperança,com o numero 30, do mesmo dia 29 de Janeiro de 2008, no Gabinete do Chefe do estado maior General Adjunto. Finalmente o general Geraldo Sachipengo Nunda, jovem de carreira militar  brilhante, despachou no
mesmo dia o aludido documento, com o seguinte teor:


A


DPPQ (Direcção de principal de pessoal de quadros das FAA- EMG).
"Que se analise e se dê solução com esclarecimento adequado ao Cda".
Ass. Rubrica General  Geraldo Nunda.


Volvidos trinta dias sem a solução do problema de regresso as forças armadas e nem o general Faceira cumpriu com apromessa de patente de brigadeiro, o TC Paixão do Coito Finete as madrugadas do dia 23 de Fevereiro de 2008, preferiu suicidar-se,com um tiro de revolver na cabeça, tendo a bala entrado na parte pariental direta e saido no lado esquerdo.


Assim terminava a vida de um homem, conhecido no Namibe, sua terra Natal de Kota FAIA que deixou 10 (Dez) filhos, um dos quais Gaudencio Januário Finete, primeiro sargento desta 23ª companhia que era dirigida pelo falecido pai. " Foi o general Faceira, enquanto chefe do comando de zona militar Namibe que convidou Paixão Faia, em 1990 quando este exercia as funções de comandante de batalhão de tropas quadriculas, conhecendo suas capacidades, convidou-o para Luanda afim de dar o seu melhor, naquilo que eram os propósitos das forças armadas angolanas, naquele momento conturbado que o país viveu." O meu pai tal como todos nós, fomos utilizados, fomos abusados. O meu pai foi aproveitado a capacidade de liderança que detinha, ao ponto de ser enganado. O meu pai tinha uma capacidade de liderança, se fizer uma entrevista em Luanda ao nível dos comandos, ninguem vai desmentir o que estou hoje a revelar. Por astucias, fiquei hoje muito cedo sem pai. Questionado sobre as condições deixadas pelos filhos menores, Gaudencio disse que fomos nós com a ajuda de pessoas amigas, tratamos a documentação da caixa social, para a sobrevivência de irmãos menores.


A patente de brigadeiro que prometeram ao meu pai até hoje, nada se vê. No òbito o General Faceira mentiu-me que o seu pai não tinha razões de se matar porque ainda ontem (naquele dia) o promovemos a brigadeiro, o que não deixa de mentira". Gaudencio exausto, disse que o General que tirou vivo o meu pai do Namibe não conseguiu providenciar uma aeronave para trazer os restos mortais de volta ao namibe para a sepultura no túmulo de família. Si para ver o quanto são maus os nossos dirigentes".


Questionado acerva da opção do pai em suicidar-se perante  este facto, gaudencia na condição de filho lamentou mas sublinha que  o comando não morre mas sim desaparece e agrupam-se no além. mais vale a morte que a vingança." Os religiosos acreditam na ressureição, mas nós os comandos,não morremos mas desaparecemos e nos agrupamos no além". Questionado acerca das presumíveis retaliações dos generais, gaudencio disse: Aqueles que tirarem mal ilações sobre a nossa reclamação, devem ouvir as nossas entrevistas, estuda-las e se possivel procurar as pessoas lesadas. Não tememos de qualquer represália,porque o comando não foge o perigo".disse.


O salário dos visados é de 17 mil Kwanzas para soldados, 2º sargento 54 mil, 1º sargento 120 mil, aspirantes 125 mil, tenente 165 mil  Kzs (quadro permanente) e têm  um atraso salarial de 15 anos ou seja 360 meses por receber de salários da direcção principal de finanças. No momento em que  expedíamos este trabalho,os componentes desta 23ª companhia preparavam-se para uma manifestação publica de fronte ao tribunal supremo, depois de uma paradinha a frente do ministério da Defesa.