ImageLuanda - Marcelo José Pedro, militar afecto ao Regimento 54 das Forças Armadas Angolanas (FAA), cujo comando está localizado no município do Negage, província do Uige, revelou no dia 6 do mês em curso em Luanda, que fugiu da República Democrática do Congo por causa da fome.

O militar, diz terem sido enviados para a RDC no dia 10 de Dezembro do ano transacto com o objectivo de apoiar a tropa congolesa no combate contra a rebelião armada liderada pelo general dissidente Laurent Kunda.

A sua unidade, chefiada pelo Coronel Ngongo, segundo o militar, está, actualmente posicionada na elevação de Kahemba, onde esperam «pacientemente» pelo seu regresso a casa.

«Nós pensávamos que com o fim da guerra na RDC a 17 de Janeiro último, seriamos enviados imediatamente de volta, mas isso não aconteceu. Por isso é que eu, e mais 30 companheiros decidimos desertar, no dia sete (7) de Abril, depois de tantos outros terem enveredado a mesma via», frisou, acrescentando que a falta de dinheiro tanto para eles como para as suas famílias deixadas no interior de Angola esteve na origem da decisão.

O que mais apoquenta o militar, é o facto de as famílias de militares angolanos tombados «ingloriamente» naquele país vizinho, não terem sido informadas da ocorrência e não haver pretensão de indemniza-las e nem se quer existiu um plano de apoia-las na ausência dos seus maridos. «É triste», lamentou.

Ele recorda alguns dos piores momentos que viveu durante os confrontos com as tropas rebeldes congolesas, revelando que muitos dos militares angolanos que morreram não foram atingidos por munições, mas por abelhas. «Um dos meus companheiros morreu vítima de uma picadela de abelha; foi muito estranho para nós», referiu.

Estas e outras «tristes» recordações levaram o jovem militar a renunciar a vida militar, porque ele diz que foi enganado pelas autoridades angolanas.

«Disseram-nos que iríamos para uma formação em Luanda, mas chegados aqui, fomos desviados para o Congo na companhia de outras unidades, para, mais uma vez, servirmos de carne de canhão. Com esses riscos todos o que me leva novamente à minha unidade?» indagou-se.
 

Fonte: Unitaeuro