Uma possível candidatura, refere o sacerdote, estaria a colocar em risco a sua posição dentro da Igreja e a fragilizar o movimento independentista.

Congo afirmou que não ter sido contactado por nenhum partido político angolano, mas é a favor da participação dos Cabindas nas eleições de Setembro.

«Eu defendo isso por dois motivos fundamentais: primeiro é a experiência histórica; todos os povos que lutaram para a sua auto-determinação jamais se desligaram da luta política interna, isso é indiscutível e ninguém me pode defender uma tese diferente. Assim acontece com os bascos, com a OLP... assim aconteceu com todos os povos. Em 1992 não votamos e não ganhamos nada e desta vez temos que votar para mostrar às pessoas o que é que vamos ganhar. É importante, como eu digo, que se ponha alguém dentro da estrutura para defender este povo, não podemos estar sempre de fora. É importante que os verdadeiros cabindas estejam no parlamento para que se levante o problema de Cabinda a toda a hora e momento. Fora não se faz nada. É inútil estarmos a pensar que se não votarmos e votarmos mal, como bem disse, nós vamos continuar a ter representantes que não são nossos.»

O segundo motivo, na sua opinião, decorre da constatação de se não poder permanentemente entregar as iniciativas ao lado oposto.

«Eu acho que não podemos entregar, digamos, sempre o ouro ao bandido. É importante que tenhamos os pés na terra que é importante estarmos também como actores políticos dentro dessa cena angolana sem perdermos a nossa essência de cabindas.»

A posição de Casimiro Congo tem sido alvo de censura pelos círculos radicais da resistência cabindense que defende a não participação nas eleições angolanas como forma de protesto contra o estatuto político de Cabinda em relação a Luanda.

Os críticos de Jorge Congo defendem igualmente que a posição assumida pelo sacerdote fragiliza as tendências independentistas de cabinda que advogam a auto-determinação como via para se alcançar as aspirações da população.

Este handicap tem levado a Igreja, sociedade civil, a oposição e organizações internacionais a apelarem a resolução da questão de Cabinda, que dura há mais de 30 anos, até antes das eleições de Setembro.

Para prevenir uma eventual abstenção em massa da população a comissão eleitoral e o governo têm apelado a participação dos cabindenses nas eleições como forma de manifestação de cidadania e identidade angolanas.

Fonte: VOA