Para ser mais preciso, parece que os crimes cometidos pelos guerrilheiros da extrema direita, fascistas e neonazistas do galo negro fossem poucos ou mesmo nada, há quem mesmo vê isso como coisa a ser esquecida. É basta lermos a opinião de alguns jornalistas e articulista da chamada imprensa privada. Que se caracterizou em ser doentia nas suas acusações contra o partido no poder, para esses (jornalistas) tudo se deve começar do dia em que – a não assumida rendição - supostamente começou, o dia da derrota do guerrilheiro malvado.

Pelo que Isaías Samakuva disse - rodeado de jornalistas na cidade do Porto - faltou pouco, para Isaias N’gola Samakuva, pedir a sua candidatura ao partido dos camaradas. Ou então possivelmente alguém diria: esse deve ser um discurso do Lito, do Bento Bento, ou até mesmo do Nelo de Carvalho já afinado com a nova era da propaganda empelistas em véspera das eleições. Desta vez quem vem para acertar na mosca é o próprio presidente desse mesmo partido. Isaias Samakuva batendo ou não com a língua nos dentes conseguiu fazer o que qualquer militante do MPLA faria, sem a intenção de diabolizar ninguém, declarar aquilo que todos já soubemos: “A UNITA de Jonas Savimbi nunca esteve ao lado dos Movimentos de Libertação Nacional”.

Acaso isso constitui algum segredo? Existe algum parvo por aí que não utilizaria isso numa campanha eleitoral? Ou ainda, isso não é acaso coisa do diabo? Tem algum deus, em alguma cultura, em alguma civilização, grupo étnico que agiria desta forma? Lutando contra os seus próprios irmãos e patriotas nos momentos mais difíceis?

Presidente Isaías N’gola Samakuva, diga-se, presidente da UNITA e candidato a presidente da República de um país como Angola, talvez como bom democrata em busca sempre da verdade poderia ser menos evasivo em todos os seus atos de campanha eleitoral e explicar ao eleitorado angolano o porquê da obstrução ou oposição, pela UNITA, aos movimentos de libertação nacional quer no passado e até mesmo no presente.

Só faltou ainda dizer, o mesmo presidente, que quem fundou a UNITA usando como fantoche Jonas Savimbi foi a própria PIDE-DGES e a CIA, que previram sabiamente que a vitória das lutas de libertação nacional, quer em Angola, como no resto da África era um processo inevitável e que a independência de Angola( assim como em outras regiões do continente) tarde ou cedo seria um fato a ser engolido por aqueles que se opunham.

Nossos jornalistas da atualidade, nossa imprensa livre e democrática, que hoje desfrutam de uma liberdade que no passado a própria UNITA combateu e foi contra, deveriam estar bem informados com relação a isso. E ainda, deveriam perguntar-se se durante os anos de independência, em que esse partido alistou-se ao regime racista da África do Sul, se era mesmo pela liberdade que esse movimento lutava?

E não só, se Savimbi e a UNITA estivessem no poder: essas vozes que tanto fazem coro contra aqueles que, felizmente, estão hoje no poder, teriam vidas para gritar da mesma maneira. Com certeza essas vozes, muitas delas, estariam entre vozes de defuntos. Tenho certeza que Savimbi, e talvez o próprio SamaKuva ao lado do mesmo, SamaKuva como um bom general cumprindo as ordens do chefe, jamais permitiriam tal excesso de gritaria, e muito menos de liberdade.


Resumindo, a imprensa privada angolana que vive criticando o MPLA pela diabolização dos seus adversários, é um produto da nova ordem social imperante no país. Essa ordem chama-se oportunismo, cego e cambaleante; destinados a morrerem e a caírem todos na mesma fossa comum, e é o lugar propício dos traidores e dos vende-pátrias.

* Nelo de Carvalho
Fonte: blog.comunidades.net/nelo/