Luanda - “…Nas cidades como nas casas, devem ser confortáveis, para poderem ser chamadas de confortáveis, às suas formas, os seus parques devem ter acção das habitações, principalmente nos nossos dias em que somos violentamente invadidos por este terrível quotidiano luandense…”


Fonte: Club-k.net



1. A origem dos Musseques Luandenses, teve como ponto de partida o Bairro Operário “ B.O”, não surge como Musseque em si, mais terá sido pelo que consta, o primeiro Bairro urbanizado de Luanda, construído pela câmara. Os Musseques surgiram já no tempo colonial, isto por volta do século XIX, este termo segundo o escritor e Sociólogo Artur Pestana “ Pepetela” no Romance “ Luandando”, quer dizer areia vermelha.



2. Apesar de que do ponto de vista sociológico, ser a prova “dura” da exclusão social, fundamentalmente em relação as populações africanas, mas o Musseque enquanto suporte espacial, que se relacionam por ciclos de acontecimentos que tendem a repetir-se em todo lado da cidade onde se pretende utilizar a politica da avestruz a de enterrar a cabeça na areia ou optando por tapar o sol com a peneira como se diz, no linguajar do quotidiano Luandense.



3. Nos ciclos de relações de composição, é aparentemente progressiva e irreversível, estando de alguma forma subjacente, uma clara transcrição do espacial, sendo clara a forma típica de organização espacial dos Musseques, isolados dos exterior mais obrigatoriamente em relação com ele, o que lhe permiti as possíveis formas de relações propostas por alguns teóricos da Antropologia do Espaço.



4. Quanto a nós, o Musseque pode ser considerado (...) como uma forma de acomodação entre grupos diferentes, através do qual um deles está ou fica subordinado ao outro, o Musseque representa e, é historicamente verificável, numa das diversas maneiras possíveis de se abordar parte dos problemas de uma percentagem expressiva, das minorias diferentes no seio de uma população importante que se pretende urbanamente habitada. Constituindo, ao mesmo tempo, numa forma de tolerância através da qual se deverá, acautelar “os Modus Vivendi”que se estabelecem entre os grupos que estão em conflito sobre as questões fundamentais de adaptabilidade.



5. O Musseque, é uma forma pitoresca ou, o meio pelo qual os grupos culturais exprimem as suas antigas heranças, quando são transplantados para um habitat diferente, a filtragem puramente renovada dos seus membros e as forças pelas quais a comunidade, mantém a sua integridade e a sua continuidade. Os nossos Musseques revelam uma forma subtil da sua comunidade cultural, transformando-se aos poucos mais ou menos, até se fundirem na comunidade envolvente, reaparecendo ao mesmo tempo sobre diversas formas, ligeiramente alterada comparativamente ao seu aspecto primitivo, mais ainda claramente identificáveis.




6. É evidente, que a discussão em volta da urbanização de Luanda já vem de longe, até porque, em nosso entendimento não se pode descurar o factor demográfico, que se impõe a quem pretende reflectir sobre as perspectivas futuras da cidade de Luanda. Mesmo sem dados censitários oficiais os quantitativos populacionais, julgamos que este fenómeno, da urbanização foi se agravando um pouco por causa do estado anormal a que fomos submetidos. As estimativas feitas com base nos modelos das Nações Unidas apontavam para um coeficiente de urbanização de Angola, em 2000 de cerca de 48,4%, dando a Luanda um peso de 19,3% no cômputo geral.



7. A problemática dos Musseques, resulta em nosso entendimento, da mobilidade dos indivíduos, parecendo-nos que a mobilidade se transforma num fenómeno cumulativo, e que ganha uma amplitude a medida em que as pessoas deixam os Musseques deslocando-se para as áreas da chamada “ segunda residência”. Os movimentos migratórios tornam-se mais acentuados, tendendo a cobrir os sectores, mais expressivos da comunidade.



8. Este movimento, permite-nos aferir o estado incessante de agitação que se poderá traduzir, do ponto de vista meramente subjectivo, pela velocidade e pelo seu grau de transformação das atitudes do grupo. Numa definição minimal de cidade deve-se ter em atenção factores como. A densidade, a dimensão e a heterogeneidade.



9. Foi, a partir desta combinação que o L.Wirth, um ilustre da escola de Chicago, instituição que estudo cientificidade, a “ Patologia das Cidades” pois como dizíamos, concebeu um modelo que apesar de discutível e porque não é aplicável a todas as cidades tendo em atenção como é obvio os seus habitantes e os elementos se quisermos permanentes como é o caso da língua, se revelaria quanto a nós, num modelo de referência produtivo para a nossa cidade da Kianda e os seus traços poderiam em nosso entendimento ter como escala de referência a preocupação de se encontrar os critérios para a definição das cidades, levando a que muitos autores, partissem para à definição nominal de algumas cidades tendo como critério, o carácter anónimo, superficial e efémero das relações sociais que tendem a tornar essencialmente segmentares, utilitárias e racionais à multiplicação dos papeis de pertenças em que o individuo não investe, senão numa parte de si próprio, pela substituição dos laços comunitários primitivos pela associação da base racional, pelos mecanismos de delegação, realização e de representação do individuo, cujas singularidades são valorizadas tendo em atenção ao nivelamento e massificação das opiniões dos comportamentos.



A guisa conclusão, diríamos que as dimensões como as do espaço e de tempo não devem ser confundíveis com o que acontece com as outras ciências, consistindo num espaço “ social” e num tempo” Social”. O que quer dizer que eles não têm outras propriedades que não sejam as dos fenómenos sociais que os povoam, segundo as suas estruturas particulares. Julgamos que para uma abordagem global da problemática dos musseques de Luanda, deve-se ter em atenção a dinâmica que por sua vez deverá ser concebida em articulação se for o caso, com as visões fixistas dos nossos decisores públicos.



Cláudio Ramos Fortuna

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Urbanista