Luanda - Observadores acreditam que esse será o desenlace caso a organização do Galo Negro não ultrapasse rapidamente a crise de liderança por que está a passar.


Fonte: Semanário Angolense


Em boa verdade, não é a primeira vez que o assunto vem à baila. Mas, nestes dias em que o debate em torno de uma liderança mais eficaz para a UNITA corre em surdina, está novamente a ventilar-se um outro aspecto do mesmo problema. Trata-se da «refundação» da UNITA, uma idéia que consistiria basicamente numa mudança radical do nome do partido e, subsequentemente, na escolha de novos símbolos.


Alguns observadores acreditam que esse será fatalmente o desenlace, caso a organização do Galo Negro não consiga encontrar solução satisfatória para a crise de liderança em que mergulhou, e que acabou por fraccioná-la em duas alas. Ela tem até ao próximo congresso, que tem sido adiado pela ala do actual presidente, Isaías Samakuva, para dar uma solução ao problema.


Seja como for, ao que apurou o Semanário Angolense, a refundação é uma ideia que algumas chancelarias internacionais estão a encarar como uma «saída airosa» para devolver o vigor político que a UNITA já teve e, na mesma esteira, revitalizar a oposição ao poder do MPLA, que governando praticamente a seu bel-prazer não tem tido a eficácia que teria se contasse com um oponente mais forte.


Segundo a proposta que vem de fora, para a sobrevivência da UNITA, a sua refundação implicaria uma profunda reestruturação da organização. Algo que passaria mesmo por uma mudança de sigla e símbolos.

 

Destrocando a tese que emerge, os actuais dirigentes da UNITA deveriam ter a coragem de criar uma nova organização política, por ser entendimento de que os seus actuais símbolos e sigla transportam consigo uma enorme carga negativa, que está também na base do seu actual descarrilamento. Esta imagem negativa perdurou no tempo e foi responsável para que mesmo depois de terminado o confito militar, o partido tenha continuado associado ao que de pior se havia passado durante a guerra.

 

Para os defensores desta tese, já não importa que muita dessa imagem negativa assacada à UNITA decorra igualmente – para não dizer em grande medida – de uma porfada campanha de diabolização que lhe foi movida pelo seu arqui-rival no poder, o MPLA. Os resultados é que contam: grande parte do eleitorado abomina a sigla UNITA e tem dificuldade de aceitar os seus símbolos.


Trata-se de um raciocínio que terá menos a ver com a sociologia política, inspirando-se mais em conceitos de marketing político. Nesta ordem de ideias, a UNITA seria vista como um produto em falência, que para sobreviver teria de mudar quase tudo: rótulo, marca e, até, o conteúdo, se necessário for.


Vários dirigentes de topo da UNITA têm sido, informalmente, abordados e confrontados com a ideia, seja no interior como fora do país. Está verificado, por exemplo, que um dos primeiros a serem abordados num tal sentido foi Domingos Jardo Muekalia, que reside na capital dos Estados Unidos da América, em Washington.


Mas o caso mais fresco foi o de Adelino António, um antigo deputado do Galo Negro que há coisa de dias foi chamado para um «meeting» na embaixada de um país ocidental em Luanda, cuja identidade as fontes deste jornal escusaram-se a mencionar. Mal saiu do referido contacto, Adelino António, que está praticamente incompatibilizado com Isaías Samakuva,tratou de dar conta do facto a vários outros dirigentes da UNITA.