Lisboa –  Abel Chivukuvuku mostra-se decidido em amadurecer a idéia de partir para um projecto de alternância  “mais alargado”  distante da  UNITA, caso a direção do seu partido infrinja na meta por ele próprio estabelecida. Nos contactos que tem feito  destinados a abordagem da  sua “nova idéia” são lhe identificadas  pretensões  de avançar  caso a  actual direcção venha a criar-lhe  bloqueios na aspiração de  liderança da UNITA   acrescidos com a  acentuação da letargia que a sua corrente  identifica na  gestão de Isaias Samakuva.

 

Fonte: Club-k.net

Adeptos de Abel começaram já a suspender militância a UNITA

Na corrente conotada ao mesmo, é defendida a idéia  de empurrar a direcção do partido para  um “congresso antecipado” vulgo extraordinário antes de 2011 ao contrario da data prevista estatutariamente. O desejo dos mesmos serve como prevenção de rumores postos a circular dentro do partido insinuando que a ala de Isaias Samakuva descarta a renovação de mandato por via do  congresso.


Chivukuvuku encara como “mau exemplo” a pretensão de Isaias Samakuva em avançar para um terceiro mandato. Na segunda semana de Março, foi abortado em sua casa por jovens militantes ao qual descreveu  como  “coisas de África”, quanto a reacção do anuncio de Samakuva em pretender renovar o seu mandato  partidário.


Na forma de pensar que é identificada em Chivukuvuku  recai a noção de que o mesmo pretende avançar para uma candidatura ao próximo congresso caso haja abertura/apoio  da direcção  “cessante”. A sua forma de pensar é associada a medidas de prevenção de possíveis obstáculos que poderia alegadamente enfrentar do seu adversário que ainda tem  apoio das bases tradicionais (no interior do país) e das correntes conservadoras do partido tidas como “muito decisivas”.


 A decisão de Abel Chivukuvuku em seguir para o seu “próprio rumo” esta a ser sustentada pelas seguintes constatações internas que o deixam seguro:

- Conta com um crescente numero de adeptos favoráveis ao seu discurso. Dois influentes membros do Comité Permanente (nomes propositadamente ocultados) que apoiaram no congresso passado, o Presidente Isaias Samakuva manifestaram-lhe apoio e promovem a idéia  de que 95% dos membros do CP estão do seu lado.


- Passou a ter do seu lado o  antigo Ministro da Saúde, Anastásio Rubem Sikato que  goza da  reputação de quadro integro. Sikato encurtou as participações nos órgãos de cúpula do partido. Reuniu recentemente com Abel Chivukuvuku e este sentiu no seu interlocutor sinais de incentivo de avançar como alternância na liderança do partido.


- Tem desde a primeira hora e do  seu lado, Carlos Morgado figura que goza de  respeito nas bases por ter cuidado da saúde de muita gente na Jamba e de ter sido responsável da inserção laboral dos antigos enfermeiros da UNITA nas estruturas do governo, ao tempo que foi Secretario da saúde.


- A aderência que o  seu Grupo de Reflexão - GR esta a ter,  servi-lhe de tubo de ensaio na sua forma de inserção. O GR é na pratica o  “draft” que daria corpo a um novo ou eventual projecto político de alternância. Militantes do partido que estão a se juntar ao  GR, estão a fazer na condição “espontânea” de congelarem a sua militância a UNITA.


-  Passou a ter apoio dos antigos 16 deputados que tiveram problemas com a direcção do partido na legislação passada. No Inicio do ano os mesmos tiveram uma reunião no bairro Nova-Vida que visou reflectir o partido. Desde então passaram a ter um discurso em favor de Abel  Chivukuvuku.

 

- O seu grosso de apoio  no interior do país estará no Huambo, facto verificado pelo mesmo no ano passado, a margem de um trabalho de mobilização que resultou na deslocação dos mesmos a Benguela para acompanharem-lhe (Chivukuvuku)  numa palestra da  OMUNGA. Tem apoios  na  província no Namibe, entre os quais o do actual    Secretário Provincial da JURA, Jó Hotel Mbonga e da ex- Secretária  provincial da LIMA,  Odília Kandambo.


- Tem em mente de que o MPLA tem medo de si. Elementos próximos ao núcleo do general “Kopelipa” deram-lhe a entender que é a ele que JES mais teme num combate eleitoral  democrático. Uma das figuras citadas como tendo sido portadora  da mensagem “desta natureza” é o general  (nome ocultado), que se tornou fiel ao general “Kopelipa”.


- Apoio nas franjas do MPLA  sobretudo das mais urbanas e no seio dos  jovens que se mostram desapontados com a falta de oportunidades ou que reclamam  que apenas as famílias nobres estão a beneficiar dos cargos e casas.

 

Há cerca de duas semanas, Abel Chivukuvuku e um  outro dirigente do gabinete de Samakuva, Claudio Silva enveredaram para um “debate de rua” que logo a seguir serviu de argumento a grupos do MPLA para apresentar a  UNITA como um partido “tradicionalista” e “ruaceiro”, conforme definição nas hostes do regime.


Por outro lado, sectores “neutros” mas com tendências oposicionistas ao regime do MPLA, interpretaram a  estratégia ou provocação de  Claudio Silva como artifício  para  empurrar Abel Chivukuvuku para “dentro do partido” e   de demitir-se das pretensões de criar o seu próprio projecto  ao que surtiu efeito. Chivukuvuku acabou por fazer o jogo da ala de Isaias Samakuva ao ponto de invocar a sua condição de histórico na UNITA.


As “novas idéias”  de Abel Chivukuvuku são também encaradas como “pressões”   ou “ameaças” a direcção de Isaias Samakuva no sentido de força-la a ficar  mais activa. Chivukuvuku, conforme já deu a perceber numa estrevista a Radio Ecclesia,  é de opinião que se deve  fazer  uma oposição sem dar espaço ao adversário. Defende que a oposição deve semanalmente passar a reagir as decisões do regime saídas do Conselho de Ministro.


Chivukuvuku pretende ser Presidente do partido mas descarta participar num congresso concorrendo com Isaias Samakuva ou sem “apoio” da futura direcção cessante.

 Razões ou argumentações que sustentam as suas decisões

 

- São lhe reconhecidos desabafos reconhecendo que o actual presidente do partido passou a ter a maquina partidária sob seu  controle. Caso venha concorrer no próximo congresso teria duas hipóteses. Perder (o que seria humilhante) ou vencer Samakuva  mas com o risco de  enfrentar resistência ou insubordinação das bases de Isaias Samakuva correndo o risco de, mais tarde,  lhe fazerem uma revolta interna caso não satisfaça a aspirações dos militantes.


- Samakuva tem o apoio de mais velhos com prestígio interno da linha de Jaka Jamba, Ernesto Mulato ao qual as bases  prestam obediência cega. Samuel Chiwale que é também muito respeitado denota simpatia na agilidade de Abel Chivukuvku mas receia-lhe na questão da “reforma” ou “refundação”   dos princípios básicos do partido.


- Familiares de Jonas Savimbi (filhos e sobrinhos) que se mantém neutros   quanto ao apoio das duas correntes internas entendem apenas que se deve respeitar o legado de Savimbi. Rafael Massanga Sakaita, o filho de Savimbi que faz parte da direcção do partido, é citado como tendo tido um contacto  com Abel Chivukuvuku  mas entretanto sem o ter manifestado apoio. Não quer compromisso com as pessoas mas com os idéiais do seu falecido  pai.
 

-  Samakuva mantém apoio solido no interior do país com realce ao Bíe, Zaire  e em Benguela, onde esta Marcolino Nhany, tido  como o militante que mais mobiliza as massas a nível dos secretários províncias.  No ano passado, o  Grupo de Reflexão de Abel Chivukuvuku , mobilizou  militantes do Huambo que se dirigiram em  massa ao Lobito para acompanharem-lhe na palestra que deu ao “Quintas de Debate” da OMUNGA. Foi até então  a secção de palestra da OMUNGA que mais  enchente teve. Porém, foi superada, em Março passado com a presença de Isaias Samakuva que juntou pela primeira vez  membros do governo provincial e do MPLA. (Em reacção a aderência, o regime pressionou o dono do salão onde decorria o debate para não mais por a disposição da OMUNGA).


- No seguimento da visita de Samakuva a Benguela, o mesmo deslocou-se  ao Bocoio. O Secretario provincial,  Marcolino Nhany prometeu-lhe  por mais de duas mil pessoas no local do discurso e no decurso da visita as autoridades repreenderam a administradora municipal do Bocoio, Deolinda Valiangula por ter recebido o Presidente da UNITA como se fosse “um Presidente”.


Por outro lado, as analises de figuras fora da UNITA, entendem também que a transformação do Grupo de Reflexão (GR) de Abel Chivukuvku em projecto de alternância política  iria fragilizar a UNITA, em beneficio do MPLA. Seria uma “brecha” para  justificar que os 3% de votos que se pretende atribuir a UNITA nas próximas eleições  deveu-se as divisões internas.


Conseqüências e riscos que Chivukuvuku teria

 

- Um novo projecto político  formado por Chivukuvuku equivaleria demissão e rompimento  dos  idéiais de Jonas Savimbi que hoje constitui “sigla” que muitos militantes fora e dentro da UNITA, estimam. No seio da sociedade civil, a luta de Savimbi esta cada vez mais  a ser  percebida. Nas rádios e em locais publicos as populações chateadas já exteriorizam  dizendo frases como: “Se Savimbi estaria aqui o MPLA não faria isso” ; “Angola, precisa de mais um Savimbi” e etc.


- Não teria apoio da ala de Lukamba “Gato” nem de alguns  conservadores. Perderia apoio e consideração em meios da UNITA. Muitos que o seguem ainda são defensores do legado de Jonas Savimbi, o que contraria com o novo “projecto de alternância” que seria um rompimento com a imagem do ex líder guerrilheiro.


- Perderia prestigio dentro da UNITA e seria visto como alguém que agiu em função das instigações do circulo presidencial do regime angolano. O problema dos militantes da UNITA esta em reunir o partido e não na separação dos mesmos.


- Não teria apoio das hostes Universitárias em Luanda ou da sociedade civil. Logo após a sua resposta a Claudio Silva surgiram vozes nestes sectores dizendo que o mesmo cometeu uma gafe agindo como se fosse um miúdo. Estes sectores são de opinião de que ele como alguém que tenciona ser líder não deveria ter usado o discurso tradicionalista ao qual fez recurso.