Lisboa – Fez parte do grupo de militares angolanos que no seguimento do “25 de Abril”  de 74  rebelou-se contra  o regime colonial português   depondo as armas nas mediações da antiga casa americana em Luanda. Com o surgimento dos movimentos aderiu ao MPLA. Teria  sido positivamente  avaliado e admitido como oficial junto a  presidência ao tempo de Agostinho Neto.


Fonte: Club-k.net

Tem educação de sacerdote

Na altura, o mesmo tinha a importância de já ter sido  instrutor militar no exercito português  e igualmente  segundo comandante de campanha. Logo após a instauração do  MPLA em Luanda, Agostinho Neto  fez dele comandante na Quibala. Com a morte deste, foi recuperado por José Eduardo dos Santos a quem serve até aos dias de hoje.


O  general  António José Maria  é dois  anos mais novo que JES. Nasceu no  Lubango (etinia Nhaneca), e teve passagem por  Benguela. Enquanto jovem freqüentou  o seminário maior de cristo rei no Huambo. 


Em 1975,  contraiu  matrimonio com Maria  da Silva Izata “Morena”, uma senhora   cujo o ex-esposo foi  morto pela FNLA. Encontrou a  com um filho, Sandro de quem  passou a  criar e mais tarde enviou-lhe para concluir os estudos em Portugal. (Zé Maria vela muito pela educação dos filhos, para além de Sandro tem um outro  filho, Antonio Santos, Lunhoca Maria, ambos nos Estados Unidos e Nyanga, a filha  que tem uma  pos graduação pela universidade de Boston  e que  actualmente esta  colocada na Sonangol).


Na altura em que se casou, a  sua falecida mãe  que vivia no Lubango costumava a deslocar-se  com freqüência  a Luanda para visitá-lo. Era dado como muito ausente de Luanda  visto que estava colocado na Quibala. Quando se dá o   “27 de Maio”, os fraccionistas lamentarem por não o terem do seu lado. Por outro lado citam a sua implicancia menos boa.


Como servidor de JES, já foi a figura mais influente do circulo presidencial. Foi desde 1978, Secretário do Presidente para  Defesa e Segurança. Passado quatro anos passou a acumular com a pasta da  Contra-Inteligência Militar. Foi desterrado para o  Huambo ao qual foi membro da Assembléia Provincial. Em 1985 é graduado a coronel e em 1991 ascende a general tendo sido nomeado Vice-Chefe do Estado Maior para a Doutrina e Ensino Militar, funções que ocupou até ser nomeado em Março de 2001 como  chefe dos Serviços de Segurança Militar, em substituição do General Mário Plácido Cirilo de Sá «Ita». O seu gabinete passou a ser na Presidência da República.

 
Enquanto figura do circulo presidencial foi responsável pela ascensão de jovens como Fernando Miala. Esteve a frente de negociações secretas que serviram de draft para os acordos de entendimento para paz entre o governo e a UNITA. Na abertura do multipartidarismo era  um dos poucos   elementos da confiança de JES que presenciava  as audiências que o PR concedia a  Jonas Savimbi. (O outro é Carlos Feijó).

 

Em Novembro de 1992, foi visto nas ruas de Luanda, acompanhado dos generais,   Alberto Correia  Neto e Roberto Leal “Ngongo” a conduzir as tropas que expulsaram a UNITA da cidade. Teria entrado em fricção com o então Vice Ministro do Fernando da Piedade dias dos Santos “Nandó”, também envolvido nas movimentações militares. Na altura, alguns  dirigentes da UNITA decidiram refugiar-se em casa de antigos amigos do MPLA. A esposa de Almerindo Jaka Jamba foi para casa de Manuel Rui Monteiro de quem, o dirigente da UNITA,  conheceu no governo de transição de 1977 e   Alicerces Mango então SG da UNITA  decide pedir acolhimento em casa do general  “Zé” Maria, que fora seu  colega do seminário do Huambo. Desde então, a UNITA passou a ter reservas sobre si por nunca ter “sequer” sabido do paradeiro do corpo do seu dirigente.

 

O general  “Zé” Maria teve também  o seu período “menos bom”  em que o chefe não   queria saber dele para nada. Fernando Miala a quem o mesmo ajudou a promover a  nível do regime, convenceu JES a recuperar-lhe.  Mais tarde incompatibilizou-se com este e apareceu como  um dos promotores da sua detenção.

 

Com a alteração, da designação de Serviços de Segurança Militar para Serviço de Inteligência Militar (SIM), em 2006, o Presidente da República, voltou a conservá-lo no cargo de  chefe do SIM.   Em meados do ano passado foi  registrado um ambiente impróprio de trabalho nas chefias do SIM. Os seus colaboradores mais próximos viram as suas competências serem usurpadas pelo mesmo ou transferidas para um   tenente-general Nelito, que responde pelo  planeamento. O mau estar resultou no afastamento do seu adjunto, José Luís de Sousa  “Zé grande” e   João Pereira Massano, chefe da inspeção militar.

 

É actualmente o general a quem os “generais”  mais tem medo. Deu cartão vermelho ao general Francisco Furtado que esta condenado ao afastamento. Numa reunião ao qual ambos  participaram, JES teria perguntado ao general Furtado a  cerca da “saúde” do exercito e quando o CEMGFA tentou se justificar viu-se  interrompido pelo general Zé Maria que apresentou ao PR, um  diagnóstico “muito” negativo quanto a  gestão do exercito.
 


O general “Zé” Maria é também citado como figura central que ditou ao afastamento do general  Jack Raúl do comando da segunda zona militar  em Cabinda. A ala de Jack Raul, acusa os homens do general Zé Maria de terem interferido nas  operações militares no enclave facilitando o ataque da FLEC contra a selecção do Togo em Janeiro passado. Por sua vez,  os homens de  “Zé” Maria, como medida  de contra ataque acusam  o general Jack Raúl  de cúmplice da causa separatista. Insinuam  que quando planeavam prender activistas em Cabinda, o general Jack Raúl  alertou a um  empresário local, identificado por Polaco, para que este se  ausentasse  do país para não ser detido.


O Chefe do SIM, incompatibilizou-se também com o chefe do SINFO, Sebastião Martins chegando a  enviar-lhe uma carta cujo tone soava a  ameaças.

 

Uma das facetas que contraria a imagem que se tem do mesmo ou que é passada pela imprensa, é a de que o general “Zé”  Maria é referenciado como uma pessoal cuja educação  faz parecer um sacerdote (hábitos adoptados ao tempo do seminário dos padres em que andou). É praticante da modalidade karaté. Quando lhe tiram do sério, o mesmo  perde o controlo de si, e é capaz de usar as suas habilidades.

 

Tem também o “bom coração”   de ajudar os amigos que lhe procuram. Há uns anos atrás,  um  coronel, hoje Tenente-general,  José Filomeno Peres Afonso “Filó” teve  uma fractura na perna cuja assistência medica era requisitada. Apercebendo do  problema do oficial, o general Zé Maria teria influenciado a ida do mesmo a Pretória para se tratar e nesta condição ficou nas vestes de  auxiliar da chancelaria militar angolana na África do Sul. No regresso da missão, o  general Zé Maria propôs a JES, a nomeação do coronel “Filó” para o  cargo de chefe da Direcção Principal de Contra-Inteligência Militar.


No seguimento dos desentendimentos que levaram a prisão de Fernando Miala, o general “Zé”  Maria passou a ser citado, em meios  militares, como figura que estava a usar o coronel “Filó”, para fins fora da sua aréa de trabalho. O coronel ficou com a fama de ter  colocado, na cela de Fernando Miala,   um químico que após a sua aplicação matava as baratas mesmo depois de dois  meses. O coronel “Filó” acabou por herdar o barulho do “caso Miala”. Era nos últimos dias o seu nome que aparecia como a pessoa que estava a provocar dificuldades  para a libertação de Fernando Miala.


No ano passado o  general “Zé” Maria começou a manifestar-se agastado com citações, contra si, em jornais (Folha8) que o associavam em  actos anti- sóciais. Numa das vezes, ao aperceber que o Tenente-general Filó havia mandado colocar ilegalmente,  em carcer,  um capitão  funcionário da inteligência militar,   o chefe do SIM ralhou-lhe  fazendo  saber que estava farto de excessos que poderiam ser aproveitados pela imprensa.


É uma figura que exige respeito e disciplina. Os  oficias do  seu gabinete tratam-lhe por “sua excelência”. Quando chegam cartas no gabinete para o general, os mesmos aconselham que se deve tratar o chefe  pela forma já referenciada. Não atende o  telefone celular. Delega ao seu homem de campo, identificado por João Pequeno, a missão de  transmitir aos  números indesejados de  que o chefe se encontra  numa   reunião.