Luanda - Adeus à luz que brilhará mais do que o sol. Adeus, nosso mano Justino Handanga! Fazer cultura sem trair a identidade de um povo não é fácil. Manter uma essência própria, autêntica e conquistar os ouvidos de todas as franjas da sociedade não é para todos. Ó Mano Justino, tocar as emoções de todos, dentro e além fronteiras, cantando na nossa sagrada língua Umbundu é coisa de gênios. Obrigado, Mano Justino Handanga, pela prosa poética que celebra a alma de todo um povo. Uma alma que sangrou, passou fome, lutou de sol a sol e acredita num amanhã melhor! Tuapandula tchalua tchimue!

Fonte: Club-k.net

O Justino Handanga, este artista nascido em primeiro de janeiro do ano de 1956, na aldeia de Ndoluka, no município do Bailundo, província do Huambo, mostrou-nos na simplicidade de sua genialidade que um artista nasce sendo artista. E apesar das dificuldades, da guerra e do pós-guerra, se somos fiéis ao que queremos, perseveramos e encontramos os apoios necessários, alcançamos nossos objetivos. Obrigado, Bailundo, obrigado, Huambo, e sobretudo obrigado à família Handanga, pela vida e feitos de Justino Handanga!


A província do Huambo, a nação Ovimbundu e Angola profunda até certo ponto, não teve melhor embaixador de sua cultura, de sua idiossincrasia, de sua língua, como foi, por mérito próprio e diria, sem medo de errar, por unanimidade, o Justino Handanga. Aqueles que tivemos o privilégio de o conhecer, sabemos que foi um grande irmão mais velho, um grande homem e filho da sua terra. Pisou vários lugares, mas nunca deixou o nosso/seu Huambo fora do seu coração e das suas preces.


Num país como o nosso, onde os artistas têm que fazer "candonga" com sua arte, corromper a uns e a outros para que reconheçam o esforço, o talento e a valia de Justino Handanga impôs-se. É digno de infinitos louvores reconhecer que manter-se no auge da música angolana e com sucesso durante vários anos, sem comprometer a qualidade do trabalho, nem trair a linha editorial e filosófica, como Handanga o fez, é coisa para dizer, sim senhor!


A música une os povos, a música amansa a alma e alegra os corações. A música de Handanga faz dançar todo o mundo, dos angolanos do Norte ao Sul e do mar ao Leste. Através da cultura, não vemos grupos étnicos, nem diferenças quaisquer, vemos pura arte, talento, expressão cultural e união.


Esperamos que o nosso governo, na pessoa de quem corresponda, saiba honrar o legado cultural deste grande artista angolano. Filho das terras do Huambo e que com sua música, com sua arte, chegou a todos os lares desta nossa imensa Angola e fora dela.


O povo do Huambo hoje chora a perda de um grande filho, Angola hoje chora a perda de um grande filho, África perde um grande artista. Nossa cultura hoje ficou mais pobre. Resta-nos saber conservar o legado deste grande artista. Um artista irrepetível.


Que os nossos ancestrais te recebam e acolham, mano Justino Handanga! Descanse em Paz! Muito obrigado pelo grande legado cultural e artístico que deixas à nossa terra.


Tuapandula a mandjange. Tuapandula, Justino Handanga!