Luanda - Meio Século depois da descolonização, a história da escravatura começa a ganhar novos contornos. Em boa hora! Demorou, mas chegou! Urge pensar-se no pagamento de reparações e emissão de um pedido de desculpas formais.

Fonte: Club-k.net

Tudo indica que a Conferência de Reparações, atrelada ao lema: Construindo uma Frente Unida para Promover a Causa da Justiça e o Pagamento de Reparações aos africanos – realizada em Accra, capital do Ghana, entre os dias dias 13 e 17 de Novembro de 2023 – em que o Ministro de Estado e Chefe da Casa Civil do Presidente da República de Angola, Adão de Almeida, considerou que as reparações aos países africanos vítimas do colonialismo era uma questão de justiça para com a história do continente berço e de respeito pelos seus antepassados: rainha Njinga, Viye, Kimpa Vita, Ndunduma, Katyavala, Mutuyakevela, Ekwikwi, Mwandume, Mwatchiava, Mwene Vunongue, Ngola Kiluanji, Wambu Kalunga, Kapalandanda entre vários – começa a surtir os efeitos desejados. O Presidente Marcelo Rebelo de Sousa, pela primeira vez na história, rendeu-se à realidade e assumiu as responsabilidades da necessidade de fazer uma compensação aos danos causas pelo tráfico transatlântico de escravos africanos e não só. (O meu maior respeito ao presidente Marcelo, também conhecido entre os angolanos como o Ti Celinho) .

 

Mas, como era de esperar, as reacções negativas foram imediatas. A extrema direita chamou a isto de traição, propondo levar o assunto à Assembleia da República para imputar responsabilidades à fala do Presidente de todos os portugueses. Adivinha-se que os tugas não irão facilitar as coisas. Infelizmente foi sempre assim. Portugal dificilmente toma iniciativa de boa-fé. Tudo tem de ser à força, à pancadaria!

 

Não nos esquecemos que António Costa, então Primeiro Ministro, não aceitou que os capitais roubados pelos "marimbondos" fossem repatriados. Há aqui claramente apetência pelo alheio…

 

Portanto, apertem um pouco mais os tugas. Pelo nervosismos que demonstraram, vê-se um certo desespero. Digam-lhes que isto não será o fim do mundo. Mas também é bom que se lhes diga que isto já não tem retorno. Haja serenidade. Ninguém vai exigir o repatriamento das barras de ouro depositadas no Banco Central de Portugal. Existem variadíssimas formas de se operacionalizar a compensação sem ir ao bolso de ninguém.

 

Apertem um pouco mais os descendentes do rei D. Afonso Henriques e de D. João I, e do Infante D. Henrique e, por que não, de Diogo Cão. Eles querem demarcar-se do passivo colonial e não estão dispostos a assumir as suas reais responsabilidades quanto à história vergonhosa do tráfico humano.

Voltarei...

Huambo, 01 de Maio de 2024.
Gerson Prata