Luanda - A África está prestes a ser cortada por uma imponente via férrea que passa por seu interior e termina no Oceano Atlântico, essa via é chamada de “Corredor do Lobito”. Este projeto ambicioso envolve, além de Angola, a República Democrática do Congo e a Zâmbia. Seu objetivo é o transporte de minérios até o porto de Lobito para o seu destinatário final – a Águia do Império, ou melhor, aos seus chacais, às suas grandes corporações.

Fonte: Club-k.net

Os investimentos feitos pelos americanos nos fazem recordar uma resposta dada a pergunta feita por um ambicioso magnata e senador num antigo filme de faroeste italiano estrelado pelo saudoso Lee Van Cleef, “La resa dei conti”, quando um ambicioso senador e magnata procura pelo caçador de recompensas Colbert (Lee Van Cleef) para que este lhe ajude em seu projeto de ferrovia, ao que Colbert responde com uma pergunta: “está realmente interessado no progresso desse país?”. Essa pergunta deve ser o ponto de partida para entender as reais intenções por trás da ferrovia.


Os EUA têm um histórico de travar guerras pelo controle de “diamantes de sangue” fundamentais para o desenvolvimento e lucro de grandes corporações privadas nos Estados Unidos, receita de bolo que pode envolver governos corruptos, superexploração dos trabalhadores africanos, sabotagem e assassinato de reputação. Quando falamos de membros da União Europeia, também interessados na ferrovia, a realidade não é muito diferente, em especial tomando em conta a situação de países como o Mali e o Níger, dos quais foram expulsas as forças francesas.


A energia verde tão almejada por grandes corporações dos EUA e da EU às custas de Angola, tem eficácia duvidosa no meio científico, em especial devido à questão das altamente poluentes baterias. Seria o destino delas o mesmo destino que o Reino Unido (outrora membro da EU) quer dar aos seus imigrantes ilegais, realocando-os para países africanos? Os investimentos americanos em Angola estariam destinados a seguir o mesmo destino daqueles feitos na África do Sul? Essas e outras questões podem levar a sociedade a questionar aos responsáveis pelo Corredor do Lobito com a mesma pergunta do personagem de Lee Van Cleef: “está mesmo interessado no progresso deste país?”.


A sociedade civil de Angola está alerta. Seria vantajoso para Angola um projeto tão dispendioso e que ao mesmo tempo não traria vantagens significativas para o desenvolvimento e o futuro de Angola? Mas não é só a sociedade civil de Angola que está atenta... O recente puxão de orelha que Xi Jing Ping deu em João Lourenço mostra que Pequim também não está satisfeita com os rumos tomados pela direção do país, e esta direção, que se orgulha de Angola ter atingido a paz, não pode se tornar um palco para uma guerra geopolítica entre os chacais do Império que em outros tempos tanto sofrimento e dor trouxeram ao povo de Angola instigando uma duradoura Guerra Civil, e a China. Seria o objetivo do Corredor enviar minérios tão preciosos do Lobito ao Império com amor?