Luanda - Já não me surpreendeu a noticia ventilada hoje pela a Angop, segundo a qual o consórcio de nome  Jeosat Angola Lda, está a construir 600 moradias do tipo T3 inclusive anexo traseiro por 120.000.000,00 (cento e vinte milhões) de Dólares americanos, o que significa dizer mais ou menos 200.000,00 (duzentos mil) Dólares americanos para cada uma. As residências, a principio para os antigos combatentes, deverão ou já estarão sendo implementadas algures em Viana, Luanda.


Fonte: Club-k.net

  

A falta de lógica na exequibilidade do Programa

O que não percebo é, a diferença abismal entre os preços por unidade deste projecto e os preços por unidade do projecto “Bem Morar” do famoso “Rei Pele”, que para sua implementação, o Governo Provincial de Luanda já começou com as habituais confusões, exigindo comprovativos ou títulos de direitos de superfície aos cidadãos que, perante a incompetência do GPL e não só, em gerir a política de terrenos e espaços. Como se o “sururú” em Viana não bastasse, recordar que Viana fora na altura da euforia do CAN-2010, escolhida como cobaia ou tubo de ensaio das incompetências da Sra. Governadora e sua equipa de Administradores e fiscais, muitos deles mais negociadores de terrenos e de Alvarás Comerciais do que gestores públicos, para recolher dinheiro aos pacatos cidadãos alegadamente para depois receberem espaços para auto-construção dirigida, o nunca aconteceu. Mesmo em zonas, onde alegadamente teve a mão do Governo, como é o caso do projecto Nova Vida, é notável a ausência de espaços de lazer: jardins, campos de futebol, basquetebol, etc. Para quê termos um IPIGUL- Instituto Provincial de Gestão Urbana de Luanda, para gerir a incompetência do GPL ou estão a gerir demolições?

 

Retomando a questão de preços, vejamos por exemplo as casas do projecto de Pelê, refiro-me concretamente não as milionárias do rio Bengo, que em sí só são para milionários artificiais, mas as do tipo T3 (idênticas as famosas do Lar do Patriota ou do Provecto Nova Vida). Este projecto de Pele, a ser implementado algures ao longo do troço: Estádio de Futebol 11 de Novembro e Benfica, conforme documenta a foto, o preço mínimo, de certeza sem os juros retroactivos bancários, custam 280 mil USD. Se adirmos os juros que rondam entre até no mínimo 16 % ultrapassaríamos a margem dos 310 mil USD considerando a inflação bem como os 20 ou 25 anos para liquidação do Crédito.

 

Com metade deste dinheiro, centenas de angolanos construíram em zonas onde o GPL 10 anos depois diz agora ser reservas do estado, exímias e representativas vivendas, seguindo um padrão arquitectónico único (rés-do-chão/ primeiro andar), o que demonstra a alta capacidade de visão e gestão, adjectivos estranhos ao Executivo de Francisca do Espírito Santo, que em nada pensa senão em demolições.

 

Á luz do fanático programa de um milhão de casas (moradias) para permitir que o regime se perpetue no poder pelo menos para mais 4 anos, que deus seja surdo e cego, o Executivo decidiu e mal, conceder parcelas de terra a consórcios tais como Jardim do Éden, Bem Morar, Kussanguluka, etc, preterindo o fomento a auto-construção dirigida, que afinal seria a mais produtiva e lógica para se tentar chegar a este ambicioso objectivo. Pergunto-me: porquê o envolvimento massivo de consórcios fictícios, cujos accionistas e proprietários são, no fundo, os mesmos chamados de gestores públicos ou seja Generais, Ministros, Secretários de Estado, altos executivos na Presidência da República (veja a título de exemplo a maior universidade privada de Angola a ser erguida na rua central da Gamek), etc e porque não o fomento á auto-construção dirigida, como muitos já o têm feito e com muito éxito?

 

Vejam o que se está a passar agora na Chicala (Jornal de Angola, 19.08.2010, pág. 40), se aquilo não é um escândalo, a personificação da escória que é o GPL? O tal IPIGUL- Instituto Provincial de Gestão Urbana de Luanda, que só dá a cara quando se trata de empreender processos que prejudicam o cidadão, diz-se não ter capacidade para se fazer representar em todos os municípios, alegadamente por falta de segurança. Isso não é brincar as escondidas? Outrossim, Cidadãos há, que têm estado lá 5 dias úteis consecutivos no tal IPGUL algures na Chicala sem no entanto serem atendidos. Onde estará o respeito pelo cidadão e pela cidadania? Por outra, será que só agora viu, a Excelentíssima Sra. Governadora de Luanda, que os terrenos vendidos pelos seus Administradores deverão ser submetidos a comprovação da titularidade? E sabemos que todos que lá construíram ou são detentores de lotes, estão em posse dos famosos talões, passados ou emitidos pelas próprias Administrações.

 


Quando o GPL fala de “Título de Direito de Superfície”, até dá a impressão que tal documento existe com tal denominação, caso sim então só para os Senhores fulanos, pois para o pacato cidadão, tal documento consiste apenas num papelinho de cartolina cor de rosa, amarelo ou verde, emitidos pelas Administrações através de seus corruptos fiscais, etc. Então porquê complicar a situação das pessoas, já saturadas de excessos extremos na política da Gestão Urbana de Luanda?

 

Ao invés de criarem todo este alvoroço para depois acabarmos mesmo na posse dos terrenos, porque não tentar urbanizar a área, que afinal está relativamente bem ordenada, em termos de construções e arruamentos, do que arranjarmos argumentos vazios e descabidos de qualquer lógica, só porque nos comprometemos com interesses estrangeiros? Onde esteve a Sra. Governadora bem como os membros da tal comissão criada pelo Sr. Presidente da República, quando á luz do dia os Administradores e fiscais do GPL, aproveitando-se da desorganização e impunidade do Executivo faziam e desfaziam os terrenos, comprando com o mesmo dinheiro vilas e condomínios no Brasil e Portugal? Ao invés de exigir ao pacato cidadão tais absurdos, não seria mais fácil e exemplar demitir e mandar para o tribunal e condenar todo o Executivo de Luanda? Será que estamos a exigir demais? Não seria uma lição exemplar e exercício de boa gestão?


Onde está afinal a Tolerância “Zero”? Para uns é “Zero” e para outros, será Tolerância 1000?