Luanda - O presidente da UNITA, Isaías Samakuva defendeu nesta quinta-feira, 9 de Setembro de 2010, em Luanda, a necessidade de o governo angolano ter a “responsabilidade de medir as suas acções, corrigir as políticas erradas que tem vindo a implementar e dar ao país um outro rumo”.  

Fonte: UNITA

Falando em conferência de imprensa, no seu gabinete na Maianga, o líder da UNITA minimizou as acusações feitas contra si pelo secretário para a informação do MPLA, Rui Falcão, segundo as quais estaria a incitar actos de desobediência civil, através da Rádio Despertar.

 

“O que temos feito, dentro das nossas responsabilidades, enquanto maior partido da oposição é alertar o governo, é chamar atenção do governo, para que tome medidas”, esclareceu, justificando que “nós escutamos mais do que eles, andamos mais do que eles”.

 


De acordo com Isaías Samakuva, as acusações feitas contra a sua pessoa são “descabidas e fortuitas e resultam de uma crise que o país vive resultante das políticas erradas que o executivo do MPLA está a praticar”.

 

“Há uma tendência de procurar bodes expiatórios de uma situação criada pelo próprio executivo”, acrescentou o líder dos maninhos, precisando que “a UNITA assumiu postura de partido político na oposição que tem procurado conter-se com muita responsabilidade perante ataques humilhações”.“Nós não estamos intimidados, não temos nada a ver com isso, vamos continuar com o nosso trabalho com a nossa postura pela democracia e estabilidade”, afirmou Isaías Samakuva.

 

Para o mais alto dirigente do Galo Negro, as recentes acusações são apenas o indicador da profunda crise de valores que grassa nas hostes do MPLA com reflexos visíveis também na condução do país.

 

O presidente Samakuva aconselhou o diálogo entre o governo e os sectores da sociedade civil, ao invés de transferir as culpas de seus actos aos outros, para que as suas dificuldades sejam melhor encaradas.

 

Para Isaías Samakuva, é revelador da existência de profunda crise no seio do MPLA, quando o presidente da Assembleia Nacional, Paulo Kassoma suspende, sem consulta prévia ao plenário do órgão legislativo, a responsabilidade que a Constituição confere aos deputados, de controlar e fiscalizar as actividades do executivo.

 

Na conversa que manteve com os profissionais de imprensa, o líder da UNITA afirmou que a Comissão Nacional Eleitoral foi conduzida de forma anti-constitucional, sendo por vias disso todos os seus actos também inconstitucionais. Isaías Samakuva referia-se à exoneração de Caetano de Sousa do cargo de presidente da CNE, que exerceu por acumulação com o de magistrado, algo que a lei proíbe.

 

Recorde-se que a UNITA fez muitos protestos e petições dirigidos ao então Tribunal Supremo nas vestes do Tribunal Constitucional, mas aquele órgão fez ouvidos de mercador, incorrendo numa inconstitucionalidade.

 

“Se agora o presidente da república aceita o pedido de demissão do Dr Caetano de Sousa na base de que sendo magistrado a sua função é incompatível com a de presidente da CNE, é porque algo de errado se está a passar”, sugeriu.

 

Pronunciando-se sobre a rádio despertar, o presidente Samakuva descartou qualquer ligação com aquela estação radiofónica que emite na frequência 91.0 Mhz, sublinhando que a mesma tem “uma direcção e um dono”. Entretanto, em jeito de opinião, o líder da maior força política na oposição, entende que a rádio Despertar “vem colmatar uma lacuna, está a dar voz àqueles que não conseguem pronunciar-se de outra forma nem na Rádio Nacional, nem noutra estação emissora”.

 

Questionado sobre se receava pelo encerramento da rádio Despertar, à luz do discurso musculado do MPLA e do Ministério da Comunicação Social, Isaías Samakuvas que acusa o partido no poder de no passado ter já tentado fazer investidas contra a emissora, disse não ter dúvidas e que no caso de uma acção judicial a Justiça angolana fará o que poder político ditar.

 

“A liberdade de expressão está a ser ferida todos os dias, mas como o povo angolano está ficar maduro e actos dessa natureza não poderão ser observados de forma impávida”, vaticinou .

 

Sem apontar o dedo a quem quer que seja, sobre a morte do jornalista da Radio Despertar, na madrugada de 5 de Setembro de 2010, em Luanda, o presidente da UNITA revelou que vários profissionais desse órgão têm sido alvos de assaltos selectivos.

 

Questionado sobre a morte da presidente da Liga da Mulher Angolana, no Ukuma, Isaías Samakuva afirmou ser sintomático que tal acto bárbaro tenha ocorrido na sequência de declarações do Governador do Huambo, incitando sobas para a prática de actos de intolerância contra tudo o que se identifique com a UNITA na região.