Luanda - A UNITA, maior partido angolano da oposição, considerou hoje em Luanda que no discurso do Presidente (não eleito e há 31 anos no poder) de Angola, José Eduardo dos Santos, esteve ausente uma questão fundamental para o país, “a reconciliação nacional”.


Fonte: NL

O porta-voz da UNITA, Alcides Sakala, reagindo ao discurso de José Eduardo dos Santos na cerimónia de abertura da terceira sessão legislativa da Assembleia Nacional, disse que o Presidente angolano “fez mais promessas do que apresentou perspectivas”.

 

De acordo com Alcides Sakala, a intervenção do Presidente sobre o estado da nação esteve mais virada para as questões económicas e financeiras, estendendo-se um pouco pela política externa de Angola, “mas, no essencial, não teve novidades”.

 

“Relativamente ao que o Presidente considera crescimento económico, entendemos que não beneficiou de forma nenhuma as populações na sua maioria, permitindo apenas o enriquecimento de um pequeno grupo em detrimento da maioria”, considerou Alcides Sakala.
O porta-voz da UNITA lamentou que, a importância do petróleo para Angola, no plano interno e nas relações internacionais, a que José Eduardo dos Santos se referiu, “de forma nenhuma têm permitido melhorar a vida dos angolanos”.

 

Relativamente às prioridades que o Presidente da República apresenta para o país, Alcides Sakala lamentou, igualmente, a ausência do assunto “reconciliação nacional, que poderia resolver muitos dos problemas sociais com que os angolanos se debatem hoje, e que decorrem fundamentalmente da má distribuição da riqueza”.

 

“Naquilo que considerou os grandes desafios dos próximos tempos falou do desenvolvimento, da democracia um pouco à maneira do MPLA, mas não perspectiva o aprofundamento da democracia e, fundamentalmente, não refere a reconciliação nacional, nem a necessidade da reinserção social e integração de todos os ex-militares dos três movimentos de libertação nacional”, frisou.

 

Ainda no que se refere à política externa, Alcides Sakala criticou a não abordagem da presença de tropas angolanas nas Repúblicas Democrática do Congo e do Congo-Brazzaville, “que continua a ser um factor de instabilidade nesta região”.

 

Sobre Cabinda, o porta-voz da UNITA referiu que o seu partido continua a defender uma solução negociada para o problema, incluindo a sua autonomia.

 

José Eduardo dos Santos disse hoje, quando se referia à situação de segurança no país, que a instabilidade prevalecente na petrolífera de Cabinda tem apoio externo, que procura com isso “desestabilizar o clima de paz existente” em Angola.

 

O Presidente angolano admitiu igualmente a existência de risco de contaminação em Angola de conflitos prevalecentes nos países vizinhos, como a RDC ou ainda na região dos grandes lagos.